#FueraBolsonaro tem mais força na web do que nas ruas de Buenos Aires
A visita de Jair Bolsonaro (PSL) a Mauricio Macri, presidente argentino, causou reações mais vistosas na web do que nas ruas de Buenos Aires hoje.
Durante toda a tarde, referências ao presidente brasileiro estiveram entre os assuntos mais comentados (trending topics) no Twitter no país vizinho: primeiro com o nome "Jair Bolsonaro", e, no fim da tarde, com a hashtag #FueraBolsonaro, que chegou a segundo lugar entre os termos mais populares na Argentina.
Mas na Praça de Maio, palco tradicional das manifestações portenhas, os protestos se restringiram à comunidade de brasileiros na cidade - estima-se que haja cerca de 80 mil brasileiros morando na Argentina - e simpatizantes.
Organizadas por um grupo chamado "coletivo Passarinho", as manifestações incluíram a projeção de frases contra o presidente brasileiro em edifícios da capital argentina. Desde a noite de ontem, era possível ler frases como "Tu odio no es bienvenido aquí" e "Fuera Bolsonaro" em alguns edifícios.
Em ato em frente à Casa Rosada, onde Bolsonaro foi recebido por Macri, os manifestantes se juntaram à tradicional roda das Mães da Praça de Maio que acontece todas as quintas-feiras.
As militantes do movimento, o mais importante do país em prol da restituição da identidade de desaparecidos durante a ditadura militar argentina, também levantaram cartazes contra o presidente brasileiro.
Uma das fundadoras da associação Mães da Praça de Maio, Hebe de Bonafini, disse ao UOL que, caso encontrasse com Bolsonaro, não lhe diria nada, apenas "cuspiria nele".
Hebe afirmou também que "o ódio que colocou o atual governo brasileiro no poder também existe na Argentina".
É o ódio de classe, aqui na Argentina, na China, onde quer que seja. É um ódio ao pobre, ao trabalhador, é racismo, tem a ver com tudo. Nós nos libertaremos desse ódio com o povo indo às ruas
Hebe de Bonafini, fundadora do movimento Mães de Maio
A presença de pessoas com cartazes contra Bolsonaro surpreendeu a turista mineira Denise Bueno.
Eu não vim à manifestação, eu estou a passeio. Estou intrigada em entender o que está acontecendo", diz ele, que faz mestrado em planejamento urbano. "É nítido que a minha posição política é de direita. Assim como é nítido que eu sou a favor da democracia e ele foi eleito de maneira democrática e eu queria entender", afirmou. "Eu não vou reagir de maneira odiosa."
Para Paula Lousada, membro do Coletivo Passarinho, é comum encontrar com turistas partidários ao presidente Bolsonaro.
"É um público que consegue sair do Brasil, viajar para o exterior, é uma outra classe média que ainda não sofreu", disse.
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