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Tempestade Barry vira furacão ao chegar à Louisiana, mas perde força

Do UOL, em São Paulo*

13/07/2019 15h42

A tempestade Barry tocou a terra hoje perto da cidade de Intercoastal City, nos Estados Unidos, e se transformou no primeiro furacão da temporada do Atlântico deste ano. Em sua chegada, tinha ventos de cerca de 120 km/h, um pouco acima do necessário para ser classificado na categoria mais fraca entre os furacões. A escala Saffir-Simpson vai até cinco, que gera o máximo de destruição.

Logo em seguida, perdeu força e foi rebaixado para tempestade tropical, segundo informou o Centro Nacional de Furacões (NHC, na sigla em inglês).

Ainda assim, a expectativa é que sua chegada à Louisiana cause fortes inundações devido às chuvas torrenciais.

A costa sul da Louisiana já está em alerta pela ressaca ciclônica, que deixou dezenas de milhares de casas e estabelecimentos sem eletricidade.

Nesta manhã, autoridades aumentaram o número de evacuações de moradores, companhias aéreas cancelaram os voos e diques foram instalados contra o aumento no volume das águas.

Um show dos Rolling Stones previsto para domingo em Nova Orleans foi adiado para segunda-feira. "Estamos aqui com vocês, atravessaremos isso juntos", disse o grupo de rock em um comunicado.

Barry é o 50º furacão a chegar à Louisiana desde que os registros começaram a ser feitos, em 1851. A temporada de furacões dos EUA vai de junho a novembro.

Tempestade Barry atinge Louisiana, nos EUA

AFP

Cidades vazias

Ruas vazias e cheias de árvores caídas, varridas por fortes rajadas de vento e banhadas por trombas-d'água, deram a Morgan City o aspecto de uma cidade fantasma.

A prefeita de Nova Orleans, LaToya Cantrell, pediu aos habitantes que fiquem em segurança em suas casas e foi imposto um toque de recolher.

A "extraordinária quantidade de umidade" que o Barry arrasta apresenta um "potencial de fortes chuvas" também na zona norte dos Estados Unidos, advertiu o diretor do NHC, Ken Graham, em um vídeo transmitido pelas redes sociais. Até agora já caíram entre 150 mm e 200 mm de chuva sobre a cidade de Nova Orleans.

Como se desloca "lentamente", as precipitações são "um problema" para os cursos de água e aumentam o risco de inundações repentinas, mesmo nos estados afastados do Golfo do México, como o Missouri.

O nível do mar e do lago Pontchartrain registravam esta manhã um aumento que pode chegar a até 1,8 metro.

O governador de Louisiana, John Bel Edwards, garantiu que Nova Orleans está bem preparada para enfrentar a situação, mas advertiu, no Twitter, que "ninguém deve achar que isso não é sério".

Diante da ameaça de inundações, foi declarado estado de emergência nos estados de Louisiana, Mississipi, Alabama, Arkansas e Tennessee, o que permite a liberação de verbas federais. "Será a primeira vez que teremos um furacão enquanto o rio Mississipi está em cheia", disse o governador.

Trauma do Katrina

Louisiana continua traumatizada pela lembrança do devastador furacão Katrina (categoria 5) em agosto de 2005. Os diques que protegiam Nova Orleans sucumbiram à pressão da água, inundando 80% da cidade e deixando mais de 1.800 mortos durante o desastre.

De acordo com meteorologistas, os diques estão preparados para suportar uma inundação de 6,10 metros e o rio deve atingir um máximo de 5,79 metros.

Para a rede GSCC, que reúne profissionais do clima do mundo todo, porém, "o risco de Barry é diferente do de Katrina: em 2005, cederam os diques da costa e, desta vez, são os diques do rio que estarão à prova".

"A temperatura na superfície da água do Golfo do México está acima da média e provê ao sistema a força para se intensificar", explicou no comunicado da GSCC Jill Trepanier, que estuda os fenômenos climáticos na Universidade de Louisiana.

Segundo a especialista, Barry mostra um novo exemplo de mudança climática: "Uma temperatura quente do oceano e uma temperatura do ar superior à média são a receita para intensas chuvas. Todas as condições 'acima da média' são um sinal de mudança climática".

* Com agências internacionais