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Itamaraty "deplora" perdão a assassino de brasileira na Nicarágua

Raynéia Gabrielle Lima - Reprodução/Facebook
Raynéia Gabrielle Lima Imagem: Reprodução/Facebook

Talita Marchao*

Do UOL, em São Paulo

25/07/2019 16h12

O Itamaraty afirmou hoje que "condena e deplora, com a maior veemência" a anistia e libertação do condenado pelo assassinato da brasileira Raynéia, Gabrielle Lima, morta há 1 ano em Manágua, Nicarágua. O ex-militar Pierson Gutiérrez Solís cumpria 15 anos de prisão por metralhar o carro que a jovem dirigia.

"Para o governo brasileiro, essa medida demonstra a deterioração das instituições na Nicarágua e comprova padrão de sistemática violação das garantias individuais e de direitos fundamentais naquele país, como têm denunciado o Brasil, a Comissão Interamericana de Direitos Humanos da OEA e o Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas", diz a nota emitida pelo Ministério de Relações Exteriores.

Raynéia, de 30 anos, cursava Medicina na Universidade Americana (UAM) e foi ferida enquanto dirigia perto da casa do tesoureiro da FSLN (Frente Sandinista de Libertação Nacional), Francisco López, do mesmo partido do presidente da Nicarágua, Daniel Ortega. O ex-militar, que trabalhava como vigilante, teria dito em um julgamento a portas fechadas que abriu fogo contra o carro da jovem porque ela supostamente dirigia de forma errática.

Para libertar o condenado, os juízes da primeira turma do Tribunal de Apelações de Manágua usaram a Lei de Anistia aprovada em junho deste ano para todos os envolvidos nos protestos contra o governo de Ortega, classificados pelo presidente como uma tentativa de golpe de estado. A medida é duramente criticada pela oposição, já que não asseguraria justiça às vítimas dos protestos contra o governo.

Ao menos 326 foram mortas na repressão aos protestos na Nicarágua, segundo a Comissão Interamericana de Direitos Humanos.

(*Com agências internacionais)