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Macron não cita Bolsonaro nem Brasil, mas defende boicotar país que desmata

10.set.2019 - O presidente da França, Emmanuel Macron Imagem: Ludovic Marin - 10.set.2019/AFP

Ana Carla Bermúdez

Do UOL, em São Paulo

24/09/2019 17h10Atualizada em 24/09/2019 18h04

Resumo da notícia

  • Em discurso na ONU, Bolsonaro adotou tom agressivo e fez críticas à França e a Macron
  • Ele disse que "é uma falácia dizer que a Amazônia é patrimônio da humanidade"
  • A fala foi um resposta a Macron
  • Em seu discurso, Macron citou uma série de países, mas não falou no Brasil
  • Ele criticou a importação de "produtos que levam ao desmatamento"
  • Mas muito de sua fala foi dedicada ao conflito entre EUA e Irã

Durante seu discurso na Assembleia Geral da ONU, que aconteceu hoje em Nova York, o presidente da França, Emmanuel Macron, não citou o Brasil, nem o presidente Jair Bolsonaro (PSL), mas defendeu, de maneira sutil, boicote a países que desmatam.

"Não podemos forçar alguns países a fazerem esforços [ambientais] e continuar negociando com aqueles que não o fazem. Não podemos continuar fazendo declarações neste palco e seguir importando produtos que vão contra isso", disse Macron.

Em tom de autocrítica, Macron afirmou que a "própria França importa produtos que levam ao desmatamento".

Apesar de não haver menção explícita a nenhum país, a mensagem deve ser interpretada no contexto das campanhas de boicote na Europa contra produtos brasileiros, que se iniciaram com as notícias sobre queimadas na Amazônia.

Menos o Brasil

Em um discurso que durou cerca de 40 minutos, Macron citou países como Índia, Alemanha, Ucrânia, Irã, China, Chile e Noruega, mas não falou no Brasil sequer uma vez.

Macron também mencionou os líderes Sebastián Piñera, do Chile, Donald Trump, dos EUA, e Angela Merkel, da Alemanha. Mas não falou em Bolsonaro.

Mais cedo, no discurso que abriu o evento, Bolsonaro criticou nominalmente a França e também lançou indiretas a Macron. O presidente francês se tornou uma das vozes mais críticas à política ambiental do governo Bolsonaro --desde então, os dois vêm protagonizando duros embates.

Pouco antes de subir à tribuna, questionado por uma repórter do jornal O Estado de S. Paulo, Macron afirmou que "estava em uma correria" e, por isso, não viu o discurso de Bolsonaro. Mesmo assim, o presidente francês disse não ter interesses econômicos na floresta, como acusou o brasileiro em seu discurso.

"Não é questão de lobby ou interesse, os lobbies são para destruir a floresta para seus próprios interesses. O que nós queremos fazer é ajudar pessoas para elas mesmas e para o futuro da Amazônia, porque é um bem comum", afirmou Macron.

Os ataques de Bolsonaro a Macron foram notícia no França. O jornal Le Monde classificou as acusações feitas ao longo do discurso do presidente brasileiro como "ilegítimas".

Foco no Irã

Boa parte do discurso de Macron foi dedicada a lançar um apelo para que Estados Unidos e Irã retomem as negociações para evitar "riscos" de conflitos na região do Golfo.

Um ataque contra uma petroleira saudita, no dia 14 de setembro, aumentou a tensão entre os dois países. Os Estados Unidos atribuem o ataque ao Irã.

"Quais devem ser os termos e objetivos dessas negociações? Antes de tudo, a plena certeza de que o Irã nunca adote uma arma nuclear; depois, uma saída da crise no Iêmen; em terceiro, um plano de segurança regional que integre as demais crises da região e a segurança dos fluxos marítimos", disse Macron.

França, socialismo, Amazônia: as polêmicas de Bolsonaro na ONU

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