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Brasileira e bebê são encontrados mortos na Holanda; noivo está preso

Arquivo pessoal
Imagem: Arquivo pessoal

Aliny Gama

Colaboração para o UOL, em Maceió

08/11/2019 16h10Atualizada em 11/11/2019 08h30

A cearense Patrícia de Oliveira Santos, 32, foi encontrada morta junto com um bebê em um apartamento localizado na cidade de Diemen, na Holanda. Ainda não se sabe a causa da morte dela e se o bebê encontrado era o filho que ela estava gestante. O noivo dela, o holandês Dennis Van E., 48, está preso, segundo a imprensa local, e a polícia investiga se ele tem participação nas mortes.

A família da brasileira foi informada, oficialmente, sobre a morte dela no dia 22 de outubro pelo consulado do Brasil na Holanda e, desde lá, não se tem mais detalhes sobre o ocorrido. O site Hart van Nederland relata que quatro policiais invadiram o apartamento de Van E., no dia 18 de outubro, e que a ação ocorreu por meio da varanda.

A brasileira viajou de Fortaleza para Amsterdã, na Holanda, no dia 28 de setembro, a convite do noivo. Ela estava com sete meses de gestação e, segundo a família, o noivo custeou a viagem para ela conhecer o país dele. A passagem de volta de Patrícia estava marcada para o dia 2 de dezembro e ela disse à família que o noivo viria junto para ela ter o bebê no Brasil.

De acordo com o site AD News, o Ministério Público e a polícia não repassaram detalhes sobre as investigações. Segundo o site, o holandês negou o crime e afirmou que não conhecia a noiva. No entanto, vizinhos teriam relatado ao site que viram o casal chegando junto ao apartamento algumas vezes e que Patrícia chegou a cumprimentá-los quando estava com Van E.

A irmã de Patrícia, Fabiana Oliveira dos Santos, contou que a família estava preocupada com a situação dela na Holanda, pois a brasileira teria contado que o noivo mudou o comportamento dias depois que ela chegou na Holanda, passou a ser agressivo, e a pressionava para fazer um aborto ilegal. Segundo Fabiana, no dia 15 de outubro, a irmã relatou os problemas e ela enviou mensagens para o cunhado holandês, por meio do WhatsApp, mas ele não teria respondido e teria a bloqueado.

"Minha irmã falou que o noivo mudou, que estava agressivo nas palavras e que queria que ela abortasse o bebê. Ela me pediu para falar com ele para que ele desistisse da ideia do aborto. Ele leu minhas mensagens, não respondeu e me bloqueou. Eu comecei a ficar preocupada, mas minha irmã me mandou mensagens depois dizendo que ele tinha desistido do aborto e que estava tudo bem", conta Fabiana, dizendo que procurou a Polícia Civil em Fortaleza para saber se poderia ter alguma interseção no caso, mas foi informada que deveria procurar a Polícia Federal. "Mas, ai não deu tempo", disse.

Fabiana contou que Van E. a desbloqueou no WhatsApp no dia 18 e enviou mensagens dizendo que a irmã dela estava morta. "De repente, dia 18, ele me mandou uma mensagem que ao acordar, foi chamar minha irmã e ela não acordou. Que ela tinha morrido porque tinha abortado [o bebê] e tinha muito sangue", diz. Fabiana afirma que ao ler as mensagens perguntou o que tinha acontecido, pedindo para ele explicar melhor, e ele só disse que "estava destruído."

Ao saber da notícia, a família de Patrícia ficou apavorada, mas sem saber como agir. Fabiana disse que procurou a Defensoria Pública e já entregou alguns papéis da irmã, pois Patrícia levou todos os documentos. "Achei uma ultrassonografia, que mostra que ela estava grávida, a cópia da passagem aérea e uma carta-convite que ele fez para poder recebê-la na Holanda."

Família pede celeridade nas investigações

A família de Patrícia pede que o governo brasileiro cobre das autoridades policiais da Holanda celeridade nas investigações e que se "houver algum culpado pela morte da minha irmã e do meu sobrinho que seja preso e penalizado". "Não foi só a morte de uma mulher e um bebê, mas a vida de uma família destruída. Os filhos dela estão órfãos agora", diz Fabiana. Os pais de Patrícia não quiseram comentar sobre o ocorrido, pois estão abalados com a morte da filha.

Fabiana tem dois filhos, de oito e nove anos. Ela morava em uma casa humilde em Fortaleza com os pais, uma irmã, sobrinhos e os filhos. A família da brasileira está fazendo uma vaquinha na internet para arrecadar dinheiro para o traslado do corpo, pois não se sabe se o governo da Holanda vai arcar com os custos e se ela tinha seguro-viagem.

Patrícia não trabalhava atualmente, segundo a família, pois recebia ajuda do noivo para se manter. A família dela disse que Patrícia trabalhou como babá, empregada doméstica e vendedora. Ela conheceu o noivo em uma praia de Fortaleza, quando ele veio ao Brasil de férias.

O Ministério das Relações Exteriores disse, em nota enviada ao UOL, na tarde de hoje, que o consulado-geral do Brasil em Amsterdã acompanha o caso e que está em contato com familiares da brasileira.

"Em atendimento ao direito à privacidade dos envolvidos, bem como a Lei de Acesso à Informação e ao decreto 7.724, o Itamaraty não pode fornecer informações adicionais sobre o assunto", informou o Ministério das Relações Exteriores.

A DPU (Defensoria Pública da União) no Ceará informou que está acompanhando o caso e pedirá esclarecimentos sobre as mortes. "A DPU/CE irá oficiar o Ministério das Relações Exteriores sobre a situação e solicitará diligências por parte do consulado brasileiro em Amsterdã no sentido de apurar a ocorrência do óbito", informa.