O que está acontecendo na Bolívia? Os dias e as horas antes da queda de Evo
Resumo da notícia
- Evo Morales renunciou à Presidência da Bolívia no domingo
- Boliviano já enfrentava protestos por acusação de fraude eleitoral
- Oposição acusou Evo de manipular o resultado; ex-presidente denunciou "golpe de Estado em curso"
- No domingo, a OEA pediu novas eleições, e as Forças Armadas, a renúncia de Evo
Evo Morales renunciou à presidência da Bolívia na tarde do último domingo (10). Depois de quase 14 anos no poder, o boliviano, que já enfrentava protestos públicos por acusação de fraude eleitoral, levou um ultimato das Forças Armadas e da oposição. Após deixar o poder, ele foi para o exílio no México.
Os protestos começaram depois das eleições nacionais de 20 de outubro, que declararam Evo eleito para o quarto mandato com vitória em primeiro turno. De um lado, a oposição acusava Evo de manipular o resultado; do outro, o presidente denunciava um "golpe de Estado em curso".
No domingo, a OEA (Organização dos Estados Americanos) e as Forças Armadas entraram na história e Evo renunciou. Veja o que se sabe sobre a disputa pelo poder na Bolívia:
Plebiscito
No poder desde janeiro de 2006, Evo Morales promove em fevereiro de 2016 um plebiscito popular para alterar o Artigo 168 da Constituição boliviana de 2009, que permitia apenas uma reeleição para o chefe do Poder Executivo. Dessa forma, ele poderia concorrer ao quarto mandato consecutivo em 2019. O "Não", que vetava a alteração, ganhou com 51% dos votos.
O recurso
Um grupo de parlamentares do MAS (Movimento Para o Socialismo), de Evo, entram com um recurso no Tribunal Constitucional da Bolívia em setembro de 2017 pedindo a suspensão do Artigo 168 com base no Pacto de San José sobre direitos humanos, que prega que não há limites para uma pessoa se candidatar a um cargo público.
Tribunal decide a favor de Evo
Sob o argumento de que a Constituição boliviana estabelece primazia de acordos internacionais sobre a própria, o Tribunal Constitucional decide em novembro de 2017 que o resultado do plebiscito seria uma restrição aos direitos de Evo e permite que ele participe de mais pleitos. A oposição acusa o tribunal de não respeitar os resultados do referendo.
Perpetuação no poder
Em campanha pelo quarto mandato a partir de setembro de 2019, Evo enfrenta oito candidatos. Dentre eles, o favorito é o ex-presidente Carlos Mesa, da FRI (Frente Revolucionária de Esquerda), político de centro-esquerda que ocupou a presidência entre 2003 e 2005. A oposição segue acusando Evo de tentar se perpetuar no poder.
A eleição
É realizada a eleição em 20 de outubro de 2019. Para não haver segundo turno, o primeiro colocado teria de ter 50% dos votos mais um ou pelo menos 40% e mais de dez pontos percentuais à frente do segundo. Como a votação é manual (com cédulas em papel), existem os resultados estimados, divulgados previamente pelo TSE (Tribunal Supremo Eleitoral), e o resultado final, consolidado.
À noite, com quase 84% das urnas apuradas, a estimativa era a de que haveria segundo turno entre Evo e Mesa. Ao final do domingo, o TSE interrompe a divulgação dos resultados.
A divulgação é retomada na tarde da segunda com pouco mais de 95% das urnas apuradas. Agora, no entanto, Evo teria 46,4% contra 37,07% de Mesa, o que indica que seria preciso ver até o último voto se haveria ou não segundo turno. O candidato da oposição começa a denunciar fraude eleitoral.
Primeiras manifestações
Em 22 de oututubro, manifestantes queimam sedes regionais do TSE em três cidades bolivianas. Em meio aos protestos, organizações civis de oposição convocam "greve geral".
Evo: "golpe"
Evo diz em 23 de outubro que um "golpe de Estado" estava em andamento por parte da direita e do empresariado boliviano. As manifestações continuam.
Resultado e mais protestos
Sai em 25 de outubro o resultado oficial consolidado da eleição: Evo vence no primeiro turno com 47,08% dos votos contra 36,51% de Mesa. Entidades internacionais se opõem ao resultado e se dizem a favor de um segundo turno. No país, os protestos continuam.
Auditoria rejeitada
Evo solicita auditoria da OEA sobre a apuração dos votos. A proposta é rejeitada pela oposição, mas a auditoria é iniciada.
Luis Fernando Camacho começa a despontar entre os manifestantes. Advogado de extrema-direita, ele não é oficialmente ligado a nenhum partido, mas, em meio a citações da Bíblia, ele começa a fazer contagem regressiva para a saída de Evo do poder em seu Twitter no dia 4 de novembro.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.