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Na Venezuela, opositores driblam regime para reeleger Guaidó no Parlamento

5.jan.2020 - O líder opositor Juan Guaidó presta juramento após ser reeleito presidente da Assembleia Nacional da Venezuela - Fausto Torrealba/Reuters
5.jan.2020 - O líder opositor Juan Guaidó presta juramento após ser reeleito presidente da Assembleia Nacional da Venezuela Imagem: Fausto Torrealba/Reuters

Do UOL, em São Paulo*

05/01/2020 21h28Atualizada em 05/01/2020 21h51

Deputados de oposição ao regime de Nicolás Maduro afirmaram na noite deste domingo (5) que reelegeram o presidente da Assembleia Nacional da Venezuela, Juan Guaidó, para mais um mandato no cargo. A eleição foi feita fora da sede do Parlamento, no prédio de um jornal, depois de votação contestada pela oposição que elegeu o deputado Luis Parra, dissidente da oposição a Maduro e rival de Guaidó.

"Voltamos a derrotar a ditadura", afirmou Guaidó após a votação, segundo o jornal El Nacional, onde foi realizada a nova votação.

Segundo informações divulgadas nas redes sociais pela Assembleia Nacional, que tem maioria opositora, Guaidó foi eleito com 100 votos. Com isso, teria sido respeitado o quórum de 84 deputados para a eleição do presidente da Casa. No entanto, participaram da sessão legisladores inabilitados por acusações penais.

Assim, ainda não está claro qual das votações — a que elegeu Parra ou a que reelegeu Guaidó — vai de fato valer.

Mais cedo, o deputado Luis Parra, ex-membro de um partido de oposição ao regime de Nicolás Maduro, foi eleito presidente da Assembleia Nacional em votação reconhecida pelo regime no poder Executivo, mas considerada fraudulenta pela fatia da oposição liderada por Guaidó.

Diversos parlamentares opositores afirmam que foram impedidos pela polícia de entrar na Assembleia para votar, e que a votação não teria respeitado o quórum de 84 deputados.

5.jan.2020 - O deputado Luis Parra (à esquerda) presta juramento como presidente da Assembleia Nacional da Venezuela - Manaure Quintero/Reuters - Manaure Quintero/Reuters
5.jan.2019 - O deputado Luis Parra (à esquerda) presta juramento como presidente da Assembleia Nacional da Venezuela
Imagem: Manaure Quintero/Reuters

Parra, por sua vez, se valeu da TV estatal venezuelana para dizer que Guaidó é "passado" e afirmou que nada impedia o opositor de entrar na Assembleia.

"Não vamos seguir presos no passado. Para nós, Juan Guaidó é passado e temos que abrir as portas para o futuro", afirmou.

No fim da tarde, Maduro declarou que "vinha sonhando" com a retirada de Guaidó do comando do Parlamento "com os votos da própria oposição".

Aliados de Guaidó publicaram em redes sociais vídeos mostrando o líder opositor tentando pular as grades da Assembleia Nacional.

Antes da sessão, esperada há meses por representar uma nova queda de braço entre o governo da Venezuela e a oposição, a Polícia Nacional Bolivariana e a Guarda Nacional Bolivariana cercaram o Palácio Legislativo, impondo uma série de barreiras para impedir a entrada de Guaidó e outros deputados.

Enquanto Guaidó e seus aliados eram barrados, deputados governistas e um pequeno grupo de opositores, tachados de corruptos pelos principais críticos do governo de Nicolás Maduro, puderam entrar no local sem problemas.

A eleição de Parra, ex-integrante do partido Primero Justicia, foi exibida ao vivo na emissora estatal VTV, que nunca transmite as sessões da Assembleia Nacional. Perto do fim da sessão, deputados da oposição conseguiram chegar ao plenário e, aos gritos, tentavam impedir a votação.

Mais cedo, o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, disse que o Brasil "não reconhecerá qualquer resultado dessa violência e afronta à democracia".

*Com AFP e Efe