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Crise EUA-Irã chega a 5º dia com troca de ameaças e hostilidade dos 2 lados

Mulher mostra cartaz que pede vingança contra o assassinato de Suleimani durante o funeral do general iraniano - AHMAD AL-RUBAYE/AFP
Mulher mostra cartaz que pede vingança contra o assassinato de Suleimani durante o funeral do general iraniano Imagem: AHMAD AL-RUBAYE/AFP

Ana Carla Bermúdez

Do UOL, em São Paulo

07/01/2020 11h20Atualizada em 07/01/2020 11h22

O ataque aéreo americano que matou o general iraniano Qassem Suleimani elevou a tensão entre os dois países e desencadeou uma série de troca de ameaças que chegou hoje ao quinto dia consecutivo. A terça-feira foi marcada também pela morte de mais de 30 pessoas que participavam do funeral do general.

Semana passada, autoridades iranianas prometeram vingança logo após o assassinato. Já o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ameaçou uma "grande retaliação" se o Irã, de fato, revidar. E, em meio a incertezas envolvendo as tropas americanas que se encontram no Iraque, país vizinho ao Irã, o chanceler iraniano defendeu, em discurso hoje, a expulsão dos Estados Unidos do sudoeste asiático.

"Vingança implacável"

O guia supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, falou em vingança ao comentar a morte de Suleimani.

"Se Deus quiser, sua obra e seu caminho não vão parar aqui e uma vingança implacável espera os criminosos que encheram as mãos com seu sangue e a de outros mártires", afirmou Khamenei em sua conta no Twitter, em persa, idioma do Irã.

O Conselho Supremo de Segurança Nacional, principal órgão de segurança do Irã, afirmou que os Estados Unidos serão responsabilizados pelas consequências do assassinato de Suleimani. O órgão classificou a ação como uma "aventura criminosa" e declarou que ela foi o "pior erro" do governo norte-americano na região.

Trump fala em "grande retaliação"

Após as afirmações de vingança, Trump prometeu uma "grande retaliação" se o Irã revidar o assassinato de Suleimani. No Twitter, Trump disse que, em caso de agressão, "eles [o Irã] serão atacados como nunca foram antes".

"Os Estados Unidos gastaram apenas 2 trilhões de dólares em equipamento militar. Somos os maiores e de longe os MELHORES do mundo! Se o Irã atacar uma base americana, ou qualquer americano, enviaremos alguns desses novos equipamentos a eles ... e sem hesitação!", escreveu Trump.

Tropas americanas no Iraque

As tropas americanas que se encontram no Iraque, país vizinho ao Irã, também são centro de polêmica e incertezas.

O Parlamento iraquiano aprovou uma resolução pedindo ao governo que expulse as tropas americanas que estão no país desde 2014, no combate ao grupo extremista Estado Islâmico. Cerca de 5.000 militares dos Estados Unidos se encontram hoje em território iraquiano.

A moção aprovada não obriga o governo a cumprir a decisão, mas é o que deve acontecer uma vez que o pedido foi feito pelo primeiro-ministro iraquiano, Adel Abdul Mahdi.

Em resposta, Trump disse que irá impor ao Iraque "sanções como eles nunca viram" caso o país decida, de fato, expulsar as tropas norte-americanas.

Forças Armadas dos EUA são 'terroristas', declara Parlamento do Irã

Ainda em resposta ao assassinato de Suleimani, parlamentares iranianos aprovaram uma lei declarando as Forças Armadas dos Estados Unidos como "terroristas".

Na mesma sessão, o Parlamento aprovou um aporte de aproximadamente R$ 910 milhões para as Forças Quds, que Suleimani chefiou antes de sua morte.

Chanceler do Irã fala em expulsar EUA da Ásia ocidental

Em meio à escalada de tensão, o chanceler iraniano, Mohammad Javad Zarif, defendeu em um discurso a expulsão dos Estados Unidos da Ásia ocidental, segundo a agência ISNA.

"A expulsão final dos EUA da Ásia Ocidental é o destino condenado da exploração desenfreada de Washington das ferramentas de guerra, sanções e assassinato. Os EUA receberão a resposta definitiva e resoluta ao seu ultrajante ato criminoso em um local e no momento em que mais dói", declarou o chanceler.

A Ásia ocidental inclui países como Arábia Saudita, Armênia, Irã, Iraque, Israel, Emirados Árabes Unidos e Síria.