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Mísseis atingem bases dos EUA no Iraque; Irã assume autoria de ataques

Ataque iraniano seria retaliação pela morte do general Qassim Suleimani - Hossein Mersadi/AFP
Ataque iraniano seria retaliação pela morte do general Qassim Suleimani Imagem: Hossein Mersadi/AFP

Do UOL, em São Paulo

07/01/2020 20h46Atualizada em 08/01/2020 00h55

Resumo da notícia

  • Ao menos duas bases norte-americanas no Iraque foram atacadas na noite desta terça
  • Guarda Revolucionária Islâmica do Irã assumiu a autoria de ao menos um dos ataques
  • Segundo o Irã, "dezenas" de foguetes foram atirados; EUA falam em ao menos 12 mísseis
  • Não há informações sobre eventuais feridos ou mortos nos ataques
  • Ataques seriam uma resposta ao assassinato do general iraniano Suleimani pelos EUA, no dia 2 de janeiro
  • Donald Trump está analisando com seus secretários qual a melhor maneira de responder aos ataques

Duas bases aéreas que abrigam tropas dos Estados Unidos e da coalizão no Iraque foram atingidas por mísseis, na noite de hoje. Ainda não se sabe se houve vítimas. O Pentágono confirmou os disparos, e o Irã assumiu a autoria de ataques, embora não tenha detalhado oficialmente quais pontos atacou.

A Guarda Revolucionária Islâmica do país disse, em comunicado na TV estatal iraniana, que lançou "dezenas" de mísseis, como resposta à morte do general iraniano Qassim Soleimani, na última quinta-feira, após um ataque americano. O nome da operação de hoje, inclusive, foi "Mártir Soleimani", segundo a emissora. De acordo com os Estados Unidos, teriam sido ao menos 12 mísseis.

Uma das bases atingidas foi Ain al-Asad, em Anbar. Estima-se que ao menos dez mísseis tenham efetivamente tocado o solo da base. A outra se localiza em Erbil, na região semiautônoma do Curdistão, que teria sido acertada por dois mísseis. Outro artefato caiu próximo do aeroporto de Erbil, segundo a CNN, mas não explodiu nem causou vítimas.

O primeiro ataque ocorreu às 19h30, no horário de Brasília - 14h30 em Washington, 1h30 de quarta-feira em solo iraquiano.

À agência AP (Associated Press), fontes norueguesas informaram que soldados do país ficam na base de Anbar, mas não disseram se lá estavam no momento do ataque. O governo alemão também confirmou a presença de oficiais do país na base de Erbil, mas igualmente sem informar se algum deles se vitimou. Já fontes da segurança iraquiana disseram à CNN que nenhum soldado local foi atingido.

Há relatos de uma segunda leva de ataques, iniciada por volta das 22h (de Brasília), mas os EUA ainda não confirmam.

O principal negociador do Irã para assuntos nucleares, Saeed Jalili, postou a imagem da bandeira iraniana no Twitter, logo depois dos primeiros relatos de ataques à base aérea de Al-Asad. O fato lembra atitude do presidente norte-americano Donald Trump, que na semana passada postou uma bandeira dos EUA em sua conta na rede social após o ataque que matou Soleimani.

Segundo a CNN, a Guarda Revolucionária já ameaçou fazer uma nova leva de ataques caso os americanos respondam aos golpes de hoje. Os iranianos, agora, ameaçam atacar dentro dos Estados Unidos e nas cidades de Dubai, nos Emirados Árabes, e Haifa, em Israel. Essas duas nações ainda não se manifestaram. As ameaças foram feitas no canal da Guarda no Telegram.

Trump se reúne com secretários para avaliar situação

A porta-voz da Casa Branca, Stephanie Grisham, disse que Trump já foi informado dos ataques de hoje.

"Estamos cientes dos relatos de ataques às instalações dos EUA no Iraque. O presidente foi informado e está monitorando a situação de perto e consultando sua equipe de segurança nacional", disse ela.

O Secretário de Estado, Mike Pompeo, e o Secretário de Defesa, Mark Esper, foram à Casa Branca nesta noite para analisar a situação com Trump. Foi cogitada a possibilidade de o presidente fazer um pronunciamento ao povo americano ainda hoje, o que já foi descartado. Segundo a CNN, a segurança da Casa Branca foi reforçada após os ataques.

"Está claro que esses foguetes foram lançados do Irã e atingiram pelo menos duas bases militares iraquianas que hospedavam militares e coalizões dos EUA em Al-Assad e Irbil", afirmou Jonathan Hoffman, assistente do Secretário de Defesa para Assuntos Públicos, em comunicado. "Estamos trabalhando nas avaliações iniciais dos danos de batalha", completou.

Segundo o Pentágono, as duas bases americanas atingidas já estavam em alerta máximo "devido a indicações de que o regime iraniano planejava atacar nossas forças e interesses na região".

"Ao avaliarmos a situação e nossa resposta, tomaremos todas as medidas necessárias para proteger e defender o pessoal, parceiros e aliados dos EUA na região", afirmou o Pentágono.

Em dezembro de 2018, Trump fez uma visita surpresa à base de Al-Asad, atingida hoje, para declarar que "os Estados Unidos não podem continuar a ser a polícia do mundo".

Morte de general

A ação ocorre poucos dias depois do ataque coordenado pelos americanos contra um aeroporto em Bagdá, no Iraque, e que matou Qassim Suleimani, o chefe da Força Revolucionária da Guarda Quds do Irã, considerado um dos homens mais importantes do país. Além dele, ao menos outras sete pessoas também morreram.

A ação foi o resultado de um longo e complexo processo de apuração de dados de inteligência coletados por agentes de campo, informantes secretos, interceptação eletrônica de mensagens, rastreamento por meio de aeronaves de reconhecimento e "outros meios de caráter reservado", de acordo com o Pentágono.

Os Estados Unidos utilizaram o drone MQ-9 Reaper, tido como o principal e mais letal veículo aéreo não tripulado de ataque ofensivo da Força Aérea americana.

O general Suleimani, de 62 anos, era visto como um herói no Irã e exercia um papel-chave nas negociações políticas para formar um governo no Iraque. Foi um dos principais personagens do combate às forças jihadistas na região, tinha uma atuação fundamental no reforço da influência diplomática de Teerã no Oriente Médio, especialmente no Iraque e na Síria.

Após se manter discreto durante décadas, Suleimani começou a aparecer nas manchetes dos jornais depois do início da guerra na Síria, em 2011, onde o Irã apoia o regime do presidente Bashar al Assad.