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França anuncia suspeita de 1º caso de coronavírus; Escócia investiga quatro

22.jan.2020 - Em Los Angeles, passageiros usam máscaras protetoras para evitar a contaminação por coronavírus - Mark Ralston/AFP
22.jan.2020 - Em Los Angeles, passageiros usam máscaras protetoras para evitar a contaminação por coronavírus Imagem: Mark Ralston/AFP

Do UOL, em São Paulo*

23/01/2020 12h18

Autoridades da França anunciaram hoje a suspeita do primeiro caso de coronavírus em solo francês. A Europa não tem episódios confirmados do vírus.

A informação foi divulgada pela embaixada da China no país. Segundo comunicado oficial, a suspeita é de uma mulher, identificada como "senhora Yan", que desembarcou oriunda da cidade chinesa de Wuhan, considerado um epicentro da doença em solo chinês.

A informação chegou às autoridades sanitárias do país europeu depois que a própria mulher publicou informações no aplicativo Wechat afirmando ter embarcado com sintomas de febre e tosse. Ciente, a embaixada chinesa entrou em contato com a mulher e pediu para que ela telefonasse para o número 15 (dedicado a emergências médicas entre os franceses) para orientações.

"Recentemente, a Embaixada da China recebeu ligações e e-mails de vários cidadãos chineses relatando que uma mulher da cidade de Wuhan postou informações na área de Moments de sua conta no Wechat, nos quais alegava apresentar sintomas de febre e tosse, tomando antipiréticos e conseguindo passar o controle no aeroporto para entrar no território francês", diz o comunicado publicado hoje.

"Tendo conhecimento dessa informação, a Embaixada da China na França atribuiu a ela grande importância. Na noite de 22 de janeiro, a Embaixada entrou em contato com a pessoa em questão, a senhora Yan, e pediu que ligasse rapidamente para o 15, para que pudesse ser atendida na sala de emergência", acrescentou.

Quatro suspeitas na Europa

A Escócia também tem quatro casos suspeitos de coronavírus, todos oriundos de viagens que partiram de Wuhan. A informação, segundo o jornal The Guardian, é do departamento de medicina da Universidade de Edinburgo. Por enquanto, o quarteto passa por exames.

Segundo a CNN, há casos confirmados de coronavírus em Taiwan (um), Coreia do Sul (um), Tailândia (três), Macau (um), Singapura (um), Arábia Saudita (um) e Estados Unidos (um). O caso em Singapura foi confirmado hoje: trata-se de um homem chinês de 66 anos, natural de Wuhan, e que desembarcou no país com a família no dia 20 de janeiro.

Hoje, o governo chinês anunciou o isolamento de uma segunda cidade e divulgou uma lista mais detalhada dos mortos pelo coronavírus. Até agora são 571 casos confirmados de pneumonia por nova infecção em 25 províncias, incluindo 95 casos graves e 17 mortes, todos da província de Hubei. Outros 393 casos estão sendo investigados.

No Brasil, o Ministério da Saúde descartou quatro casos suspeitos do vírus. Ontem, um quinto caso em Minas Gerais também foi desconsiderado pela pasta. Também na quarta-feira, a Colômbia anunciou uma suspeita de caso.

Primeiro caso do coronavírus é registrado nos EUA

Band Notí­cias

OMS alerta para propagação rápida do vírus

David Heymann, presidente de um comitê da OMS que está coletando dados sobre o vírus, afirmou hoje que o coronavírus se propaga mais facilmente de pessoa para pessoa do que se imaginava. "Estamos vendo a disseminação da segunda e terceira geração", declarou ele.

Terceira geração significa que alguém que foi infectado após manipular animais no mercado de Wuhan, na China, espalhou o vírus para outra pessoa, que depois o espalhou para uma terceira pessoa.

Heymann disse que, inicialmente, o vírus parecia se espalhar apenas por um contato muito próximo que normalmente ocorreria em uma família, como abraçar, beijar ou compartilhar utensílios de cozinha. Agora, ele diz que há evidências de que contatos mais distantes podem espalhar o vírus, como se uma pessoa doente espirrar ou tossir perto do rosto de outra.

Por ora, ele disse que não há evidências de que o vírus esteja no ar e possa se espalhar por um ambiente, como acontece com a gripe ou o sarampo.

Quem são as vítimas

China registra 17 mortes provocadas pelo coronavírus

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A primeira morte confirmada foi de um homem de 61 anos que deu entrada em um hospital em Wuhan, em 27 de dezembro, sentindo fraqueza, febre e com tosse. Seu estado piorou e ele morreu em 9 de janeiro.

Dos 17 mortos, 13 eram homens e quatro eram mulheres, informaram as autoridades. A vítima mais jovem era mulher e tinha 48 anos, identificada apenas por seu sobrenome, Yin, que morreu na segunda-feira, dia 20. As vítimas mais velhas eram homens, ambos com 89 anos cujas mortes ocorreram no final de semana.

A comissão de saúde informou que a maioria dos pacientes que morreram tinha problemas de saúde como cirrose, diabetes, pressão alta e doenças cardíacas nas coronárias. De acordo com o relatório, em todos os casos, o estado de saúde as vítimas evolui para infecção pulmonar e quadro respiratório debilitado.

Ainda de acordo com o relatório, 5897 contatos próximos foram rastreados, desses 4.928 estão sob observação médica e outros 969 foram dispensados.

Ano novo sem festividades

Para evitar qualquer concentração de pessoas, as autoridades anularam as comemorações previstas para o feriado, no qual é comemorado o Ano Novo chinês, marcado para o próximo 25 de janeiro.

O famoso templo budista Guiyuan, que no último ano reuniu um público de 700 mil pessoas para a ocasião, teve que cancelar o evento. Cerca de 30 mil pessoas já tinham reservado os seus ingressos e outros 200 mil foram distribuídos de forma gratuita.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) se reúne hoje para decidir se declara uma emergência global devido ao surto do novo vírus na China. Se isso acontecer, será a sexta emergência internacional a ser declarada na última década.

Possível restrição a turistas na China

O Museu do Palácio de Pequim, também conhecido como Cidade Proibida, será fechado para turistas a partir de sábado, enquanto a China combate um surto de coronavírus, informou o jornal Diário do Povo nesta quinta-feira.

A reabertura da atração turística mais famosa da capital está pendente de aviso, acrescentou o jornal.

O que é o coronavírus?

Amostras do 2019-nCoV, como é chamado o novo vírus, foram coletadas de pacientes e analisadas em laboratório. Autoridades da China e da OMS concluíram que a infecção é um coronavírus. Os coronavírus são uma ampla família de vírus, mas sabe-se que apenas seis deles (com o novo descoberto são sete) infectam humanos.

A Síndrome Respiratória Aguda Grave (conhecida pela sigla em inglês Sars), por exemplo, foi causada por um coronavírus. Ela matou 774 das 8.098 infectadas em uma epidemia que começou na China em 2002.

A Sars passou para os humanos a partir de um animal selvagem conhecido como civeta (ou gato-de-algália, parente do guaxinim) — que era considerado uma iguaria na região de Guangdong, na China.

* Com informações da Reuters