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Trump ameaça suspender envio de dinheiro à OMS após medidas 'pró-China'

Donald Trump, presidente dos EUA - Alex Wong/Getty Images
Donald Trump, presidente dos EUA Imagem: Alex Wong/Getty Images

Do UOL, em São Paulo

07/04/2020 19h27Atualizada em 08/04/2020 08h31

Resumo da notícia

  • Segundo presidente dos EUA, Organização Mundial da Saúde está errada "em muitas coisas" em relação ao coronavírus
  • Trump afirma que repasses de seu governo chegam a ultrapassar US$ 58 milhões
  • Os EUA lideram o número de casos no mundo (374.329), segundo dados oficiais americanos
  • Total de mortos por covid-19 no país passou de 3.154 para 12.064

O presidente norte-americano Donald Trump afirmou hoje, durante coletiva de imprensa na Casa Branca, que pode suspender temporariamente o envio de dinheiro para a OMS (Organização Mundial de Saúde) em meio à pandemia do novo coronavírus.

Segundo ele, a organização vem cometendo uma série de erros e está centrada muito em medidas "pró-China". Uma das críticas do presidente americano é o pedido da entidade que os países mantivessem as fronteiras abertas para a China.

"A OMS recebe uma grande quantidade de dinheiro dos EUA, somos responsáveis pela maior parte do dinheiro. Eles [os integrantes da OMS] criticaram e discordaram da minha proibição viagens na época. Eles estavam errados, sobre muitas coisas. Eles tinham muitas informações com antecedência e não quiseram agir. Eles parecem ser muito centrados na China", disse o presidente.

Trump diz que se trata de repasses que ultrapassam US$ 58 milhões. "Às vezes, é mais que isso. Às vezes, é para programas em desenvolvimento. Se os programas são bons, ótimo. Mas vamos analisar isso, porque eles cometeram erros. Colocaremos uma suspensão muito poderosa e veremos", completou.

Hoje pela manhã, Trump criticou no Twitter a OMS e reiterou que a autoridade máxima de saúde no mundo está errada em muitos aspectos.

"A OMS realmente estragou tudo", disse Trump em publicação no Twitter. "Por alguma razão, financiada em grande parte pelos Estados Unidos, mas muito centrada na China. Daremos uma boa olhada nisso. Felizmente, rejeitei o conselho deles de manter nossas fronteiras abertas à China desde o início. Por que eles nos deram uma recomendação tão falha?".

Em 31 de janeiro, a agência de saúde da Organização das Nações Unidas (ONU) aconselhou os países a manter as fronteiras abertas, apesar do surto, embora tenha observado que os países tinham o direito de tomar medidas para tentar proteger seus cidadãos. Nesse mesmo dia, o governo Trump anunciou restrições às viagens vindas da China.

Os conservadores norte-americanos vêm criticando cada vez mais a OMS durante a pandemia, dizendo que a organização se baseia em dados falhos da China sobre o surto de coronavírus.

O Centro para Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos informou hoje que o país tem 374.329 casos de coronavírus, um aumento de 43.438 casos em relação à contagem anterior, e disse que o número de mortes aumentou em 3.154 para 12.064.

Trump minimizou coronavírus

O presidente dos Estados Unidos foi avisado no final de janeiro sobre a gravidade do coronavírus através de documentos que foram revelados hoje pelo jornal The New York Times.

Os memorandos foram escritos pelo consultor econômico de Trump, Peter Navarro, e tinham como pior previsão um cenário de 500 mil pessoas mortas nos EUA. Segundo o jornal, outras autoridades da Casa Branca também receberam o documento, mas o presidente continuou minimizando a gravidade da doença.

Navarro levou em consideração a falta de imunidade das pessoas e de vacinas em seu relatório. "A falta de proteção imunológica ou uma cura ou vacina existente deixaria os americanos indefesos no caso de um surto de coronavírus em solo americano. Essa falta de proteção eleva o risco de o coronavírus evoluir para uma pandemia total, colocando em risco a vida de milhões de americanos", diz o documento segundo o Times.

Depois, em 23 de fevereiro, Navarro aumentou a escala do desastre em um segundo memorando, alertando que o coronavírus poderia infectar mais de 100 milhões de norte-americanos, custando "1,2 milhão de almas". Este documento não foi assinado, mas fontes da Casa Branca atribuem a Navarro.

Ainda nesse período, Trump minimizava os efeitos da epidemia.