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Criança se mobiliza para derrubar estátua de rei que massacrou o Congo

Estátua do rei Leopoldo II da Bélgica vandalizada após protestos - Jonas Roosens/Belga/AFP
Estátua do rei Leopoldo II da Bélgica vandalizada após protestos Imagem: Jonas Roosens/Belga/AFP

Do UOL, em São Paulo

25/06/2020 09h31Atualizada em 25/06/2020 12h24

Noah, um menino belga de 14 anos, criou uma petição para pedir a derrubada das estátuas do rei Leopoldo 2º, da Bélgica. O monarca ficou historicamente conhecido pela cruel colonização que promoveu no então Estado Livre do Congo.

Filho de congoleses, Noah se sente menosprezado "porque são pessoas de minha origem e comunidade que foram mortas", disse ele em entrevista à CNN internacional.

"Para mim, quando você coloca uma estátua de Hitler em Berlim, é como colocar uma estátua de Leopoldo em Bruxelas", continuou o menino.

Preocupado com o passado de seus ancestrais e com o modo que a sua geração vai enxergar o futuro, Noah criou uma petição online para destruir as estátuas de Leopoldo 2º espalhadas pela capital Bruxelas.

"Espero que os jovens da minha idade e outros passem a assumir a responsabilidade, conversar e fazer ouvir a voz", disse ele.

Massacre no Congo

Quando assumiu o trono em 1865, Leopoldo queria transformar a Bélgica em uma potência colonial. Sem apoio do parlamento belga para invadir o Congo com forças estatais, o monarca teve que contratar um exército privado para tomar o controle do país africano.

As tropas contratadas por Leopoldo obrigaram os congoleses a coletar marfim e borracha. Os cidadãos que resistiram ou foram incapazes de exercer o trabalho forçado tiveram seus corpos mutilados, sofreram amputações ou foram mortos.

Mesmo tendo deixado essa mancha na história da Bélgica, Leopoldo 2º teve seu rosto eternizado em diversas regiões do país. Essa realidade pode mudar graças a atitudes como a do jovem Noah.

Movimentos antirracistas

Após a morte do segurança George Floyd, em maio, nos Estados Unidos, inúmeras manifestações antirracistas surgiram pelo mundo. Floyd foi asfixiado por um policial branco que não parou mesmo após a vítima dizer que não conseguia respirar.

Nesses protestos, manifestantes derrubaram e/ou depredaram estátuas de personalidades envolvidas com a escravidão de povos africanos e indígenas. O mesmo aconteceu com uma em memória de Leopoldo, na Bélgica.

Ainda hoje se discute nesses países a destruição de monumentos em homenagem a personalidades que colaboraram com a escravidão. No Brasil, manifestantes querem derrubar uma estátua do bandeirante Borba Gato, localizada na cidade de São Paulo.