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Homem acusado de blasfêmia é morto em tribunal no Paquistão, diz jornal

Pelo menos 17 pessoas que foram condenadas através das leis de blasfêmia estão no corredor da morte no Paquistão - Eric Verhoogen/Acervo pessoal
Pelo menos 17 pessoas que foram condenadas através das leis de blasfêmia estão no corredor da morte no Paquistão Imagem: Eric Verhoogen/Acervo pessoal

Do UOL, em São Paulo

29/07/2020 15h11Atualizada em 29/07/2020 16h24

Tahir Ahmed Naseem foi morto a tiros por um homem dentro do tribunal em um complexo de segurança máxima, no Paquistão, segundo informações do Guardian. Nassem era da seita Ahmedi que, além de ser perseguida no país, é reconhecida oficialmente como não-muçulmana. Ele estava preso desde 2018 acusado de blasfêmia — ato de ofender a religião ou algo sagrado — após supostamente afirmar que era um profeta.

"Eu estava sentado no escritório por volta das 11h30 quando ouvi o disparo", disse o advogado Saeed Zaher, que se deslocou até o local do ataque e disse que a vítima parecia ter levado um tiro na cabeça. "O assassino foi pego pela polícia."

No Paquistão é permitido que cidadãos comuns assistam aos julgamentos, mas Zaher questiona o fato de como o homem conseguiu entrar com uma arma dentro de um local que possui segurança máxima. "[A imagem de] uma pessoa que entra com uma pistola e mata alguém dentro de um tribunal é muito perturbador", disse o advogado ao Guardian.

Segundo o jornal, circularam imagens nas redes sociais que mostravam um homem — que seria o suposto assassino — descalço em um banco, afirmando que foi ordenado em um sonho para matar Naseem, além de atacar juízes que julgam casos que abordam o tema.

A blasfêmia é um tema sensível no país e pode resultar em pena de morte, mas que, em alguns casos, é usado como motivação para briga e conflitos entre os cidadãos, o que dificulta os julgamentos.

De acordo com o Guardian, ao menos 17 pessoas que foram condenadas pelas leis de blasfêmia estão no corredor da morte, e outras estão cumprindo sentenças de prisão perpétua por crimes relacionados.

"O fanatismo religioso está se tornando insuportável no Paquistão. Pessoas estão sendo mortas em nome da religião. Não há verificação e equilíbrio. O governo está claramente silencioso sobre esse assunto. Esse silêncio faz do governo o culpado", disse Rehman, porta-voz honorário da Comissão de Direitos Humanos do Paquistão.