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Apuração de votos nos EUA se alonga e apoiadores de Trump gritam 'fraude'

Carolina Marins

Do UOL, em São Paulo

06/11/2020 01h00

A quinta-feira (5) terminou ainda sem a definição de quem será o presidente dos Estados Unidos a partir de 2021. Já são dois dias de apuração e, por mais que Joe Biden tenha despontado na frente, uma virada de Donald Trump, que disputa a reeleição, não é impossível. O atual presidente também tem incentivado a desconfiança de seus apoiadores contra o processo eleitoral.

Os números do dia continuaram praticamente os mesmos de quarta-feira a noite: Biden, por enquanto, tem 253 delegados contra 214 de Trump, segundo apuração do jornal The New York Times. São necessários 270 para declarar o vencedor.

Paciência

O candidato democrata voltou a se pronunciar e pediu paciência aos seus apoiadores. "A senadora Harris [Kamala Harris, vice de Biden] e eu continuamos confiantes com o desenrolar da apuração. Não temos dúvidas de que no final da contagem, Harris e eu seremos declarados os vencedores."

Hoje, Biden bateu o recorde de votos populares, mesmo sem a apuração ter terminado. Até esta noite, o candidato tinha mais de 73 milhões de votos contabilizados. O último recorde era de Barack Obama que obteve 69,4 milhões de votos em 2008. Trump soma, até o momento, mais de 69 milhões de votos.

Inflamando

Donald Trump, por outro lado, tem inflamado seus eleitores para que peçam o fim das contagens e acusou, sem provas, os votos enviados por correio de serem fraudados.

"Se você contar os votos legais, eu ganho facilmente", disse Trump, que defende uma recontagem dos votos em diferentes estados americanos. "Se você contar os votos ilegais, eles podem tentar nos roubar a eleição."

Derrotas

A campanha de Trump chegou a entrar com mais um pedido para suspender a contagem de votos na Filadélfia, cidade da Pensilvânia, em uma tentativa de judicializar a eleição. Mas já sofreu duas derrotas judiciais: uma em Michigan e outra na Geórgia.

Em Michigan, onde o democrata Joe Biden já foi apontado como vencedor pela imprensa, a Justiça negou um pedido para interromper a apuração que definirá o resultado das eleições americanas.

Já na Geórgia, onde a disputa é acirrada e a diferença entre os candidatos está diminuindo cada vez mais em favor de Biden, a Justiça também rejeitou o processo para interromper a contagem de votos. O estado enfrenta problemas com as cédulas de votos.

Onde falta definir?

Ainda restam seis estados para terem votos apurados: Pensilvânia, Carolina do Norte, Geórgia, Nevada, Alasca e Arizona.

Em pelo menos quatro deles, mais de 87% dos votos foram apurados e a disputa continua acirrada entre Trump e Biden. Embora haja favoritos em cada um deles, a contabilização dos votos por correio pode mudar o cenário completamente. É por isso que a campanha de Trump não quer que eles sejam contabilizados, pois tende a favorecer Biden.

Os estados em disputa e os votos de cada um deles:

  • Pensilvânia: 20 delegados
  • Carolina do Norte: 15 delegados
  • Geórgia: 16 delegados
  • Arizona: 11 delegados
  • Nevada: 6 delegados
  • Alasca: 3 delegados

Ainda não há consenso entre os órgãos de imprensa sobre uma definição no Arizona —a Associated Press, por exemplo, considera que o estado está garantido para Biden, o que o colocaria a apenas mais um estado com mais de 5 delegados de distância da vitória.

Os Estados Unidos não têm um órgão oficial que divulga, em tempo real, os resultados das urnas, como o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) no Brasil. Por isso, as projeções da imprensa são relevantes na divulgação da conquista dos delegados.

Os Estados Unidos não têm um órgão oficial que divulga, em tempo real, os resultados das urnas, como o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) no Brasil. Por isso, as agências de notícias e veículos de comunicação como AFP, AP e Fox fazem extrapolações estatísticas e apontam os vencedores por estado. A AFP chegou a considerar definida a apuração do Arizona — e Joe Biden somava mais 11 votos até a manhã desta quinta-feira (5). A contagem de votos continua no estado.