Jornalista é baleado pouco antes de ir ao ar e morre em hospital no México
Colaboração para o UOL, em São Paulo
10/11/2020 13h00
Um jornalista mexicano de 31 anos foi baleado, ontem, enquanto se preparava para entrar ao vivo. Ele morreu no hospital, no mesmo dia. Israel Vázquez, que trabalhava para o webjornal El Salmantino, cobria a descoberta de "restos mortais" na cidade de Salamanca, a noroeste da Cidade do México, quando foi atacado.
A informação foi dada pela promotoria estadual de Guanajuato e repercutida pela CNN internacional. Um time de investigadores trabalha para esclarecer as circunstâncias acerca do assassinato do jornalista. Até o momento, ninguém foi preso.
Em nota publicada no Facebook, El Salmantino pede por uma investigação ágil. "Hoje, nosso colega Israel Vázquez, enquanto trabalhava como repórter, foi alvo de um vil e covarde ataque que tirou a vida dele", lê a mensagem. "Todos que trabalhamos no El Salmantino condenamos não apenas esse ataque, mas todos que ocorrem diariamente na cidade de Salamanca".
O governador de Guanajuato, Diego Sinhue Rodríguez Vallejo, condenou a morte de Vázquez no Twitter, assim como fez a prefeitura de Salamanca, pedindo um "chamado urgente à ação" à promotoria e ao governo estadual.
Violência contra jornalistas no México
Vázquez é o terceiro jornalista morto no México em menos de um mês, segundo o Comitê de Proteção a Jornalistas (CPJ), que classifica o país como o mais perigoso no mundo para exercício da profissão.
No ano passado, 11 jornalistas foram mortos no México, número mais alto no mundo todo (superando até as mortes de sete jornalistas trabalhando na Síria, em meio à guerra), segundo a CPJ. "O ciclo de violência e impunidade continua a incentivar qualquer um que queira atacar a imprensa a fazê-lo sem medo de ser preso, processado e sentenciado", afirma o comitê.
Crimes violentos e impunidade têm subido lado a lado no México, nos anos recentes. Em 2018, 93% de todos os crimes permaneceram em aberto, segundo números do governo. Em 2019, mais de 35 mil homicídios foram registrados no país, a maioria deles ligados à violência do tráfico de drogas e os carteis ligados à atividade criminosa.
O estado de Guanajuato é o que mais sofreu com violência ligada Às drogas, nos últimos anos. Centro de conflito por expansão entre gangues diferentes, a área abrigava 59 corpos descobertos só em outubro, segundo a Reuters. Entre janeiro e agosto, mais de dois mil homicídios foram contabilizados, no estado.