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'Estripador de Yorkshire', que se recusou a tratar covid, morre dias depois

Retrato do assassino em série britânico Peter Sutcliffe, também conhecido como "Estripador de Yorkshire", em agosto de 1974 - Express Newspapers
Retrato do assassino em série britânico Peter Sutcliffe, também conhecido como 'Estripador de Yorkshire', em agosto de 1974 Imagem: Express Newspapers

Do UOL, em São Paulo*

13/11/2020 09h45

O assassino em série Peter Sutcliffe, conhecido como o "Estripador de Yorkshire", morreu hoje aos 74 anos, informou um porta-voz do Ministério da Justiça do Reino Unido. Não foi divulgado a causa da morte, mas recentemente o homem foi diagnosticado com coronavírus e se recusou a receber o tratamento para a doença. O assassino ficou quase 40 anos preso e foi condenado à prisão perpétua por matar 13 mulheres e tentar matar outras sete entre 1975 e 1980, no condado de Yorkshire, no norte da Inglaterra.

Uma fonte relatou ao site The Sun que os últimos momentos de vida do serial killer aconteceram sem que ele aparentasse nenhum remorso. "Nenhuma lágrima foi derramada. Sua morte foi tão lamentável quanto a vida vil que ele viveu", disse.

Ainda segundo o site, o assassino recebeu o resultado positivo para a covid-19 no dia 5 de novembro e logo foi colocado em isolamento para ser monitorado. Na semana anterior, Sutcliffe já havia sido internado no Hospital Universitário de North Durham por sentir falta de ar e fortes dores no peito, mas o resultado para a doença tinha dado negativo.

Segundo a BBC, o homem morreu no hospital, onde teria recusado o tratamento para a covid-19. Ele também já possuía outras doenças preexistentes e desde quarta-feira (11), fontes informaram que o estado de saúde do assassino estava piorando. De acordo com a AFP, o Ministério da Justiça não quis comentar e dar detalhes sobre qual a motivação da morte.

O homem teria dito a colegas da prisão que estava convencido que morreria em razão do coronavírus por ter idade avançada, diabetes, problemas cardíacos e obesidade, doenças que o colocaram na grupo de risco para a doença.

Sutcliffe também foi considerado culpado pela tentativa de homicídio contra sete mulheres e foi condenado a 20 sentenças de prisão perpétua em 1981. Já em 2010, um decisão do Tribunal Superior determinou que o assassino nunca deveria ser libertado da prisão. Ele foi apelidado de "Estripador de Yorkshire" porque mutilava os corpos das vítimas utilizando martelo, uma chave de fenda e uma faca, além de praticar os crimes no condado de Yorkshire, no norte da Inglaterra.

Segundo a imprensa britânica, o homem dizia acreditar que estava em uma "missão de Deus" para matar garotas de programas, embora nem todas as vítimas fossem trabalhadoras do sexo.

Na época, grandes operações policiais foram realizadas para tentar prender o criminoso, com mais de 150 policiais trabalhando no caso e fazendo mais de 11 mil entrevistas para encontrar o estripador. Durante as investigações, Sutcliffe foi entrevistado pela polícia por nove vezes, mas não foi preso e continuou a praticar os assassinatos. O homem só foi preso em 1981 porque seu carro tinha uma placa falsa e acabou confessando os crimes.

Um relatório encomendado pelo governo, em 1981, referente à investigação dos assassinatos foi divulgado em 2006 e revelou que Sutcliffe cometeu mais crimes do que os 13 assassinatos e as sete tentativas de homicídio dos quais foi condenado.

O assassino ficou preso por 30 anos no Hospital Psiquiátrico de Broadmoor, antes de ser transferido à prisão masculina de Frankland, no condado de County Durham, em 2016. Ambos localizados na Inglaterra.

Vítimas do 'Estripador de Yorkshire'

A primeira vítima de Sutcliffe foi a mãe de quatro filhos Wilma McCann, de 28 anos, que foi atingida com um martelo e esfaqueada 15 vezes, em outubro de 1975.

Confira a lista das vítimas mortas pelo 'Estripador de Yorkshire':

  • Wilma McCann, 28 anos, na cidade de Leeds, morta em outubro de 1975
  • Emily Jackson, 42 anos, na cidade de Leeds, morta em janeiro de 1976
  • Irene Richardson, 28 anos, na cidade de Leeds, morta em fevereiro de 1977
  • Patricia Atkinson, 32 anos, na cidade de Bradford, morta em abril de 1977
  • Jayne McDonald, 16 anos, na cidade de Leeds, morta em junho de 1977
  • Jean Jordan, 21 anos, na cidade de Manchester, morta em outubro de 1977
  • Yvonne Pearson, 22 anos, na cidade de Bradford, morta em janeiro de 1978
  • Helen Rytka, 18 anos, na cidade de Huddersfield, morta em janeiro de 1978
  • Vera Millward, 41 anos, na cidade de Manchester, morta em maio de 1978
  • Josephine Whittaker, 19 anos, na cidade de Halifax, morta em maio de 1979
  • Barbara Leach, 20 anos, na cidade de Bradford, morta em setembro de 1979
  • Marguerite Walls, 47 anos, na cidade de Leeds, morta em agosto de 1980
  • Jacqueline Hill, 20 anos, na cidade de Leeds, morta em novembro de 1980


Richard, filho de Wilma McCann, disse à Radio 4 da BBC Internacional que a morte do assassino pode trazer um certo conforto às famílias das vítimas.

"Cada vez que víamos [a família da vítima] uma reportagem sobre ele [Sutcliffe], onde fotos da minha mãe costumavam ser mostradas, era mais um lembrete do que ele havia feito. O bom é que agora vamos ouvir menos sobre ele. Tenho certeza de que muitas famílias, filhos sobreviventes das vítimas, podem ficar felizes por ele ter partido e têm [os filhos das vítimas] o direito de se sentir assim", disse Richard que hoje tem 50 anos.

Richard ainda comentou que, em meados de 2010, deixou sua raiva de lado e decidiu "perdoar" o assassino. "Lamento saber que ele faleceu. Não é algo que eu poderia ter dito no passado, quando estava consumido pela raiva."

*Com informações da AFP