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Filho que matou pai em brincadeira de tapas não será autuado por homicídio

Brincadeira de tapas na cara era corriqueira entre o ex-veterano militar e o filho de 19 anos - Reprodução
Brincadeira de tapas na cara era corriqueira entre o ex-veterano militar e o filho de 19 anos Imagem: Reprodução

Colaboração para o UOL, em São Paulo

08/12/2020 18h16

Um jovem que matou o pai durante uma brincadeira de tapas na cara em 2019 não será processado, após inquérito policial concluir que a ação não se tratou de um homicídio culposo (sem a intenção de matar).

Ewan Callender e o pai, Malcolm, estavam saindo de um bar na Inglaterra quando o acidente aconteceu. Ao sofrer o golpe do filho de 19 anos, o ex-veterano do exército caiu no chão e bateu a cabeça fatalmente.

As brincadeiras violentas eram comuns no relacionamento entre pai e filho. Após assistir a um jogo de futebol no bar, Malcom deu um tapa no rosto de Ewan, e pediu para que o filho revidasse a atitude.

Testemunhas do acidente relataram a polícia que o menino hesitou um pouco antes de golpear o pai, que, com as mão para trás, disse: "Vai, você pode fazer a sua tentativa". Ewan, então, fechou e abriu as mãos para preparar o golpe.

O jogo entre pai e filho, no entanto, acabou de maneira trágica. Após ser atingido pelo filho, Malcolm caiu e bateu a parte de trás do crânio na rua. Com pai desacordado no chão, Ewan começou a berrar: "Por favor, papai, acorde! Eu te amo!"

Uma ambulância foi acionada, mas os esforços médicos não foram suficientes para que o ex-veterano, de 48 anos, chegasse vivo ao hospital.

Policiais chegaram na cena do crime e imediatamente conduziram Ewan para a cadeia. Uma série de depoimentos foi reunida pelos investigadores do caso, para determinar se o garoto deveria ser autuado como assassino ou não.

Chorando, Ewan explicou às autoridades que tudo realmente se tratava de uma brincadeira que ele fazia regularmente com o pai. "Não havia nada de agressivo nisso", afirmou o possível réu para os investigadores.

Catherine Callender, esposa de Malcolm e mãe de Ewan, também é uma veterana do exército e contou em depoimento que o pai era muito competitivo, e usava a brincadeira "como um lembrete de que Ewan não era grande o suficiente".

A principal testemunha do acidente é Luke Key, um amigo de Ewan que estava ao lado dele no momento da brincadeira. Ele contou ao inquérito que Ewan sempre teve um bom relacionamento com Malcolm, e corroborou que o tapa foi parte de uma brincadeira iniciada pelo ex-militar.

Luke ainda confessou sempre ter tido a impressão de que Ewan estava sempre tentando "provar algo".

Após manter Ewan preso durante os 18 meses de investigação, o inquérito policial afirmou hoje que o tapa deve ser visto como uma brincadeira legal — no sentido de não criminosa — e anunciou junto à promotoria que o garoto não será processado.

"É permitido consentir com a aplicação da força no esporte, afinal, se não fosse assim, todo esporte de contato e toda arte marcial seriam contra a lei. Parece-me que o que aconteceu aqui cumpre a definição de brincadeira", explicou Ian Wade, legista e advogado criminalista que conduziu as investigações, ao jornal The Sun