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Justiça britânica nega extradição de Julian Assange para os EUA

Fundador do WikiLeaks, Julian Assange, deixa tribunal em Londres - HENRY NICHOLLS
Fundador do WikiLeaks, Julian Assange, deixa tribunal em Londres Imagem: HENRY NICHOLLS

Do UOL, em São Paulo

04/01/2021 08h51

A justiça britânica negou o pedido de extradição de Julian Assange, fundador do WikiLeaks, para os Estados Unidos. A decisão foi da juíza Vanessa Baraitse. Segundo ela, havia o risco de que Assange tirasse a própria vida no processo.

A justiça americana queria julgar o australiano de 49 anos por acusações de espionagem, o que poderia resultar em uma pena de até 175 anos de prisão. Washington tem agora um prazo de 14 dias para recorrer contra a decisão, e o representante legal do governo americano já confirmou que apresentará um recurso.

Ao mesmo tempo, a defesa de Assange solicitiará a liberdade sob fiança. Ele está preso em uma penitenciária de segurança máxima de Londres desde sua detenção em abril de 2019 na embaixada do Equador, onde permaneceu refugiado por sete anos.

Assange vive uma saga judicial desde 2010, quando o site WikiLeaks publicou centenas de milhares de documentos militares e diplomáticos confidenciais que deixaram Washington em situação difícil.

Entre os documentos estava um vídeo que mostrava helicópteros de combate americanos atirando contra civis no Iraque em 2007. O ataque matou várias pessoas em Bagdá, incluindo dois jornalistas da agência de notícias Reuters.

Alegando o temor de que Assange cometa suicídio, sua companheira, Stella Moris, entregou em setembro ao gabinete do primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, uma petição com 800 mil assinaturas contra a extradição.

Washington alega que Assange colocou em perigo as vidas de seus informantes com a publicação dos documentos secretos sobre as ações militares americanas no Iraque e Afeganistão, que revelaram atos de tortura, mortes de civis e outros abusos.

A acusação afirma ainda que ele conspirou com o analista de inteligência do Exército, Chelsea Manning, para quebrar uma senha codificada de um computador classificado do Departamento de Defesa dos EUA. Assange nega as acusações.

Mas para o comitê de apoio ao australiano, estas são "acusações com motivação política que representam um ataque sem precedentes à liberdade de imprensa".

A defesa do australiano denunciou que o presidente americano Donald Trump queria transformá-lo em um castigo "exemplar" em sua "guerra contra os jornalistas investigativos" e que Assange não teria um julgamento justo nos Estados Unidos.

Após a decisão a Fundação Liberdade de Imprensa dos EUA, sem fins lucrativos, tuitou: "O caso contra Julian Assange é a ameaça mais perigosa à liberdade de imprensa dos EUA em décadas. É um grande alívio para qualquer pessoa que se preocupa com os direitos dos jornalistas".

*Com informações da AFP