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Invasão do Congresso e mortes põem em risco fim de mandato de Donald Trump

Carolina Marins

Do UOL, em São Paulo

07/01/2021 02h00

Confronto com a polícia, quebra-quebra, invasão do Congresso e até mortes. Dessa forma, apoiadores de Donald Trump tentaram impedir a proclamação de Joe Biden como novo presidente dos Estados Unidos. Os episódios de violência colocam em xeque as últimas duas semanas de mandato do republicano, que já recebeu pedidos de remoção e impeachment.

Ontem era para ter ocorrido apenas mais um evento protocolar das eleições americanas. Depois do pleito popular em 3 de novembro e a votação do Colégio Eleitoral em 14 de dezembro, o dia 6 de janeiro oficializaria a escolha das urnas: Joe Biden e Kamala Harris como presidente e vice do país.

Mas Trump se recusa a aceitar a derrota. Sem provas, acusa as eleições de serem fraudadas. Clama ter liderado em diversos estados vencidos por Biden, entre eles Pensilvânia, Arizona e Geórgia.

Frustrado, Trump contava com o evento no Congresso para tentar continuar no cargo. Pensou que teria o apoio de seu partido e de seu vice, Mike Pence, porém poucos prometeram tentar impedir a oficialização. Depois dos episódios de violência, vários parlamentares decidiram abandonar o presidente.

A sessão conjunta de oficialização continuou depois que oficiais de segurança garantiram que o Capitólio estava seguro. Prosseguiram os votos, com uma saraivada de críticas aos manifestantes e, principalmente, ao próprio presidente.

Colegas republicanos repudiaram a inflamação dos manifestantes por Trump, chamando o ato de "tentativa de golpe". A deputada democrata Ilhan Omar disse que vai pedir impeachment do presidente.

"Donald J. Trump deveria ser destituído pela Câmara dos Representantes e destituído do cargo pelo Senado dos Estados Unidos. Não podemos permitir que ele permaneça no cargo, é uma questão de preservar nossa República e precisamos cumprir nosso juramento," disse no Twitter.

O procurador-geral de Columbia, Karl Racine, pediu para que vice-presidente organizasse o gabinete para invocar a 25ª emenda. Ela permite remover Trump do cargo. "Quer você goste do vice-presidente Pence ou não, o fato é que ele está mais apto para o cargo. Precisamos de um comandante em chefe que cumpra suas responsabilidades constitucionais", disse à CNN.

De acordo com a emissora americana, ao menos quatro parlamentares republicanos já pediram que a emenda seja invocada, o que seria sem precedente na história dos EUA. Além disso, mesmo no fim do mandato, o Senado pode votar para desqualificar Trump de um cargo federal. Está entre as intenções dele voltar a concorrer ao cargo.

Se permanecer na função, Trump terá duas semanas para sair da Casa Branca. Se não o fizer, Biden poderá ordenar sua retirada pela Força Nacional.

Episódios de violência

Trump já havia pressionado seu vice, Mike Pence, a não aceitar o resultado. Ele já havia avisado que não seguiria as vontades do presidente.

Em reação, Trump disse que Pence "não teve coragem" e incitou trumpistas a agirem. O resultado foi um tumulto que culminou com trumpistas invadindo o prédio do Congresso.

A sessão precisou ser paralisada e os parlamentares foram evacuados do edifício. Apenas 12 dos 358 votos chegaram a ser certificados pelos parlamentares antes da invasão.

Vidraças foram quebradas, gabinetes ocupados e cenas lamentáveis dos manifestantes dentro do prédio envergonharam republicanos. Toque de recolher foi anunciado para tentar conter os ânimos, sem muita efetividade.

Imediatamente a polícia de Washington respondeu, jogando bombas e spray de pimenta. Os oficiais precisaram sacar as suas armas dentro do Congresso, enquanto os parlamentares tentavam se esconder embaixo das cadeiras.

Segundo o jornal "The New York Times", foi preciso que uma equipe da Swat, as forças especiais americanas, se juntasse à polícia do Capitólio para conter a situação.

Uma mulher morreu depois de ser baleada no peito dentro do Capitólio e 13 pessoas foram detidas. Outras três mortes também foram confirmadas pela polícia, que confiscou ao menos cinco armas com os invasores.