Índia começa vacinação contra covid, em uma das maiores campanhas do mundo

Com uma população de quase 1,4 bilhão de pessoas, a Índia começou hoje uma das maiores campanhas de vacinação do mundo contra o novo coronavírus. O trabalhador da área sanitária Manish Kumar se tornou a primeira pessoa no país a ser vacinada.

O país planeja imunizar 300 milhões de pessoas até julho, priorizando enfermeiros, médicos e outros trabalhadores da linha de frente. Kumar recebeu a dose do imunizante Covaxin, da Bharat Biotech, no Instituto de Ciências Médicas da Índia, um dos 3.006 centros de vacinação estabelecidos em todo o país.

Relacionadas

Sem acordo, avião que buscaria vacinas na Índia vai levar oxigênio a Manaus

Farmacêutica anuncia pedido à Anvisa para uso emergencial de vacina russa

Comissão do Ministério de Ciência aprova uso de vacina feita pela Fiocruz

Ontem, a Índia frustrou os planos do governo Jair Bolsonaro de buscar 2 milhões de doses de outra vacina, desenvolvida pela AstraZeneca/Oxford, para começar a imunização no Brasil. A expectativa era de que um voo partisse do Recife ontem, com destino a Mumbai. Mas a Índia afirmou que era "muito cedo" para confirmar a data de envio de doses compradas por outros países, visto que os próprios indianos começariam a ser vacinados apenas neste sábado.

No início de janeiro, a Índia anunciou a autorização para uso emergencial de duas vacinas contra a covid-19: uma desenvolvida pelo laboratório AstraZeneca em parceria com a Universidade de Oxford e outra pelo grupo farmacêutico indiano Bharat Biotech, cuja eficácia é desconhecida. As pessoas, no entanto, não poderão escolher qual imunizante tomar.

Emocionado, o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, falou aos profissionais de saúde hoje por meio de videoconferência. "A doença separou as pessoas de suas famílias, manteve as mães longe de seus filhos, e aqueles que morreram da doença não puderam nem mesmo ter um adeus final de suas famílias", disse ele.

Modi, 70, não disse se vai tomar a vacina, mas informou que os políticos não seriam considerados grupo prioritário.

No primeiro dia da campanha, a Índia pretende vacinar cerca de 300 mil pessoas. O país é o segundo mais populoso do mundo, atrás apenas da China, mas o governo diz que não terá a vacinação de todos para obter imunidade coletiva.

Os primeiros na fila para a vacina são cerca de 30 milhões de profissionais de saúde e outros profissionais de linha de frente, como os de saneamento e segurança, seguidos por cerca de 270 milhões de pessoas com mais de 50 anos ou consideradas de alto risco devido a condições médicas preexistentes.

Segundo país com mais casos no mundo

A Índia registra mais de 10,5 milhões de casos, atrás apenas dos Estados Unidos, segundo dados da Universidade Johns Hopkins. Mais de 152 mil pessoas morreram em decorrência da doença.

Os indianos não escapam das campanhas de desinformação e fake news que circulam nas redes sociais e nutrem uma enorme desconfiança em relação às novas vacinas. Uma pesquisa recente revelou que 69% dos entrevistados não tinham pressa em se vacinar.

* Com informações da Reuters