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Número de mortos em desabamento em Miami sobe para 16; Biden visitará local

Do UOL, em São Paulo*

30/06/2021 07h10Atualizada em 30/06/2021 13h40

Subiu para 16 o número de mortos no desabamento de um prédio do complexo Champlain Towers South, localizado em Surfside, perto de Miami. Os bombeiros continuam as buscas por cerca de 145 desaparecidos. Amanhã, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, visitará o local.

Inicialmente, as autoridades anunciaram o aumento para 12 mortos confirmados. No fim da manhã, foi confirmado que mais quatro corpos foram encontrados, subindo para 16 óbitos, segundo a AP, além de terem sido achados mais restos humanos.

"Encontramos quatro novas vítimas. O número de mortos é de 16", disse a prefeita Daniella Levine Cava, em coletiva de imprensa.

O coronel Golan Vach, comandante da unidade do exército israelense especializada em operações de busca e resgate, disse que ele e outros integrantes da equipe encontraram o que chamou de túneis entre os escombros. Um dos casos era o espaço entre as varandas de apartamentos que desabaram.

"Entre eles havia um grande espaço de ar", disse. "Nos arrastamos pelos túneis. Chamamos as pessoas e infelizmente não encontramos nada".

Quase uma semana depois da tragédia, Vach afirma que a esperança de encontrar sobreviventes é "muito, muito pequena".

"Devemos ser realistas", acrescentou.

Um venezuelano e uma uruguaia-venezuelana foram identificados entre os mortos. Há pelo menos outros 29 latino-americanos dos quais ainda não há notícias: nove da Argentina, seis da Colômbia, seis do Paraguai, quatro da Venezuela, três do Uruguai e um do Chile.

Visita de Biden

Segundo a Casa Branca, Biden percorrerá o cenário da tragédia acompanhado da primeira-dama, Jill Biden, para garantir que as autoridades estaduais e locais tenham tudo o que precisam para a enfrentar a situação.

O prédio com 55 apartamentos desabou na madrugada do dia 24 de junho. Equipes de resgate continuavam vasculhando as ruínas de um condomínio da área de Miami, e a esperança de encontrar mais sobreviventes diminuiu depois de quase uma semana de sondagens e escavações.

A prefeita do condado de Miami-Dade, Daniella Levine Cava, disse ao jornal "The Miami Heradl" que as equipes estão trabalhando para auditar a lista de desaparecidos em um esforço para remover nomes duplicados e fornecer dados mais precisos. "Estamos examinando todas essas informações. É um processo lento e metódico ", disse ela.

Busca exaustiva

Dois guindastes são usados para remover cuidadosamente os escombros. Os bombeiros trabalham com a ajuda de tecnologia de busca por imagem e som, embora a esperança diminua à medida que os dias passam.

Dois venezuelanos foram identificados entre os mortos e há outros 29 latino-americanos vinculados à propriedade da qual ainda não há notícias: nove da Argentina, seis da Colômbia, seis do Paraguai, quatro da Venezuela, três do Uruguai e um do Chile.

"Sentimos que esta tragédia em Miami é nossa porque é o principal assentamento de venezuelanos nos Estados Unidos", disse Carlos Vecchio, representante diplomático do opositor venezuelano Juan Guaidó, considerado presidente interino da Venezuela pelos Estados Unidos. "Não vamos perder as esperanças!", pediu Vecchio, após visitar o local nesta terça-feira.

Autoridades locais prometeram uma investigação completa sobre as causas do ocorrido. Segundo uma carta divulgada nesta terça-feira pela imprensa americana, o presidente da associação dos coproprietários do complexo Champlain Towers South, Jean Wodnicki, alertou os moradores há dois meses que seu prédio estava sofrendo uma "deterioração" crescente.

Na carta, de 9 de abril, ele estimou que seria necessário investir cerca de 15 milhões de dólares nas avaliações necessárias para resolver problemas estruturais.

Desde 2018, "a deterioração do concreto se acelerou, a condição do telhado piorou consideravelmente", alertou Wodnicki. Naquele ano, um relatório sobre a luxuosa construção já indicava "danos estruturais significativos", bem como "rachaduras" no porão do prédio, de acordo com documentos divulgados pelo governo de Surfside.

"A impermeabilização sob as bordas da piscina e a via de acesso para veículos (...) já ultrapassou sua vida útil e, portanto, deve ser removida e totalmente substituída", escreveu o especialista Frank Morabito neste documento, pedindo reparos "dentro de um prazo razoável", embora sem indicar abertamente um risco de colapso.

"Não vi nada que me dissesse que seria melhor sair daqui se eu estivesse nesse prédio", disse o engenheiro Allyn Kilsheimer, enviado pela cidade de Surfside para esclarecer as causas da tragédia. "Nunca há nada perfeito no projeto" de um edifício, julgou o especialista, que trabalhou após o ataque ao Pentágono no 11 de Setembro e no terremoto na Cidade do México em 1985. "É possível que tenha entrado em cena uma combinação de fatores."

A investigação para apontar a causa exata da tragédia deve levar meses.

Veja o momento da queda:

29 latinos desaparecidos

No total, há 29 latino-americanos dos quais não se tem notícias: nove da Argentina, seis da Colômbia, seis do Paraguai, quatro da Venezuela, três do Uruguai e um do Chile. Funcionários consulares indicaram que quatro canadenses podem ter sido "afetados". Uma brasileira também espera notícias do filho e do marido, que estavam no prédio na hora do colapso.

Entre os latino-americanos desaparecidos estavam Sophia López Moreira, cunhada do presidente do Paraguai, seu marido, Luis Pettengill, e três menores, além de Lady Luna Villalba, que viajou com eles como babá, segundo informações do governo paraguaio.

O advogado chileno Claudio Bonnefoy, parente da ex-presidente chilena Michelle Bachelet, também está entre os procurados. Sua filha, Pascale Bonnefoy, que viajou a Miami para acompanhar de perto os esforços de resgate, destacou o trabalho "implacável" dos socorristas, mas pediu o avanço das investigações.

*Com informações da AFP e Reuters