Topo

Esse conteúdo é antigo

'Problemas de Cuba serão resolvidos pelos cubanos', diz Lula sobre protesto

O ex-presidente Lula comentou os protestos em Cuba  - Ricardo Stuckert/Twitter
O ex-presidente Lula comentou os protestos em Cuba Imagem: Ricardo Stuckert/Twitter

Do UOL, em São Paulo

13/07/2021 11h38Atualizada em 13/07/2021 13h01

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) questionou hoje o "que está acontecendo em Cuba de tão especial para falarem tanto", após o país registrar protestos no último domingo (11) contra o regime do presidente Miguel Díaz-Canel, algo inédito na ilha comandada pelo Partido Comunista há décadas, e disse que os problemas do país serão resolvidos internamente.

"Já cansei de ver faixa contra Lula, contra Dilma (Rousseff), contra o (Donald) Trump... As pessoas se manifestam. Mas você não viu nenhum soldado em Cuba com o joelho em cima do pescoço de um negro, matando ele", disse o petista, em sua conta oficial no Twitter, numa possível referência ao caso de George Floyd.

"Os problemas de Cuba serão resolvidos pelos cubanos", acrescentou.

A ONG (Organização Não Governamental) Cubalex, que se dedica à defesa dos direitos humanos em Cuba, organizou uma lista com todas as pessoas detidas nos últimos dois dias no país. Até a última atualização desta reportagem, o balanço trazia 169 nomes.

As manifestações acontecem em um momento de forte crise em Cuba, que sofre com a escassez de medicamentos e produtos básicos, além de passar pela terceira — e pior — onda da pandemia do novo coronavírus até então.

Lula afirmou que o país "já sofre 60 anos de bloqueio econômico dos EUA". As sanções dos Estados Unidos sobre a ilha foram endurecidas no governo do ex-presidente Donald Trump, o que intensificou ainda mais a escassez de alimentos e remédios, assim como os apagões.

Em 2021, ao assumir a presidência dos EUA, Joe Biden chegou a ordenar uma revisão da política sobre Cuba, mas a Casa Branca reforçou não ter pressa e que a questão "não está atualmente entre as principais prioridades do presidente". Ontem, Biden divulgou um comunicado expressando sua solidariedade ao povo cubano.

"Os americanos precisam parar com esse rancor. O bloqueio é uma forma de matar seres humanos que não estão em guerra. Do que os EUA têm medo? Eu sei o que é um país tentando interferir no outro. O Biden deveria aproveitar esse momento pra ir à televisão e anunciar que vai adotar a recomendação dos países na ONU de encerrar esse bloqueio", acrescentou o ex-presidente.

Entenda os protestos

Aos gritos de "liberdade" e "abaixo a ditadura", manifestantes em todo o país foram às ruas para protestar contra o regime do presidente Miguel Díaz-Canel. A crise se tornou tão insustentável que nem a proibição da realização de atos foi capaz de conter a população.

Uma multidão ocupou as ruas da capital Havana, e muitos participavam de um protesto pela primeira vez na vida. À RFI, uma manifestante disse que a população está "farta" da crise econômica, da fome e da pandemia de covid-19 — o que, aliado ao "desejo de liberdade" e de renúncia de Díaz-Canel, motivou as pessoas a irem às ruas, apesar do medo da repressão.

De acordo com estimativas do Inventario, um projeto independente que busca facilitar o acesso a dados públicos sobre Cuba, cerca de 40 manifestações foram realizadas em todo o país no domingo, e a maioria delas foi transmitida ao vivo nas redes sociais.

A internet móvel só chegou a Cuba no final de 2018, e hoje viabiliza um espaço importante para as reivindicações da sociedade civil. Por isso, o acesso à rede foi interrompido em grande parte do território já na tarde de domingo, como forma de evitar a mobilização da população para novos protestos.

Ontem, o presidente Miguel Díaz-Canel classificou os protestos da véspera como uma tentativa de desacreditar o regime e a Revolução Comunista. Acompanhado de membros da gestão e da cúpula do Partido Comunista, ele garantiu, durante pronunciamento em rede nacional de rádio e televisão, que as manifestações buscavam "quebrar a unidade de nossa população".

Carlos Bolsonaro rebate Lula no Twitter

O vereador do Rio de Janeiro, Carlos Bolsonaro (Republicanos) rebateu as declarações de Lula nas redes sociais. O filho do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) disse que o povo cubano "pede liberdade como sempre".

Na visão de Carlos Bolsonaro, Cuba vive em "miséria" e "atraso". Tanto o parlamentar quanto os irmãos e o pai são declaradamente contra as políticas do país.

Não há nada de especial mesmo, senhor ex-presidiário e ex-condenado por corrupção. O povo pede liberdade como sempre, por conta da miséria e do atraso de sempre, está sendo massacrado como sempre, e o PT acobertando e apoiando a ditadura comunista como sempre! Carlos Bolsonaro