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Interrupção de voos em Cabul atrasa a entrega de itens de saúde, diz OMS

16.ago.2021 - Tumulto é registrado ontem no aeroporto de Cabul, no Afeganistão - Reprodução
16.ago.2021 - Tumulto é registrado ontem no aeroporto de Cabul, no Afeganistão Imagem: Reprodução

Do UOL, em São Paulo*

17/08/2021 08h02Atualizada em 17/08/2021 10h08

A interrupção dos voos comerciais no aeroporto de Cabul, no Afeganistão, está atrasando a entrega de "suprimentos essenciais de saúde urgentemente necessários", segundo o porta-voz da OMS (Organização Mundial da Saúde), Tarik Jašarević. A interrupção ocorreu pela tomada da capital afegã pelo Taleban.

Imagens divulgadas ontem massivamente nas redes sociais, mostraram diversos civis tentando embarcar nos aviões que saíam do Afeganistão na tentativa de fugir do país.

Uma gravação também mostrou pessoas caindo de um Boeing C-17, da Força Aérea dos Estados Unidos, ao tentarem fugir de Cabul. Contagens preliminares indicam que ao menos sete pessoas morreram no conflito no aeroporto da capital afegã.

Jašarević também declarou que a interrupção dos voos já impacta o "frágil sistema de saúde" do Afeganistão. O porta-voz explicou que o país já estava enfrentando escassez de suprimentos e equipamentos médicos por causa da pandemia da covid-19, agora também a vacinação contra o vírus é afetada pela violência que toma o território.

A OMS declarou no comunicado que a aglomeração nas unidades de saúde e nos campos de pessoas que se deslocam pelo território dificultará o cumprimento das medidas sanitárias de combate à disseminação da covid-19 no território. Isso pode colaborar para o aumento da taxa de transmissão do vírus e mesmo o surto de outras doenças.

Por ser um dos dois países endêmicos da pólio em todo o mundo, os atrasos e a paralisação da campanha de vacinação contra a poliomielite "colocarão em risco a saúde das crianças afegãs", ressaltou Tarik no comunicado.

O que é o Taleban?

A formação do Taleban remonta aos anos 90, quando mujahideens afegãos e guerrilheiros islâmicos se uniram para combater a ocupação soviética no Afeganistão. A própria CIA (Agência de Inteligência Central) dos Estados Unidos é apontada como uma das apoiadoras da formação do grupo na época.

Entre 1992 a 1996, os combatentes lutaram contra outros grupos mujahideens rivais, até a tomada de Cabul, do então presidente Burhanuddin Rabbani. A partir de então, o grupo controlou 90% do país até 2001.

A queda se deu na esteira dos atentados de 11 de setembro nos EUA. Na época, o governo americano enfrentava outro grupo extremista, a Al-Qaeda, do então líder Osama bin Laden.

Em 1999, o Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas) adotou uma resolução que vinculou Al-Qaeda ao Taleban como entidades terroristas e impôs diversas sanções contra os grupos.

Em 11 de setembro de 2001, membros da Al-Qaeda sequestram quatro aviões, jogando dois no World Trade Center em Nova York, um no Pentágono em Washington DC e o último em um campo em Shanksville, na Pensilvânia.

O então presidente americano, George W. Bush, declarou "guerra ao terror", prometendo caçar Osama bin Laden no Afeganistão. O republicano falou diretamente ao Taleban, ao pedir que o grupo "entregasse às autoridades dos Estados Unidos todos os líderes da Al-Qaeda que se escondem em sua terra", ameaçando com "o mesmo destino" a eles, caso não o fizessem.

Suspeitando que o Taleban estivesse abrigando Bin Laden, forças americanas e britânicas bombardearam o país em outubro do mesmo ano. Logo em seguida, em uma incursão terrestre, forçaram a retirada dos talebans das grandes cidades. Bin Laden, no entanto, conseguiu fugir. A ONU convidou depois as principais facções afegãs para formarem um governo provisório.

O grupo se refugiou nas fronteiras do país com o Paquistão e passou os últimos 20 anos buscando formas de retomar o poder.

*Com informações de Carolina Marins, do UOL, em São Paulo