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Eleição na Alemanha: social-democratas buscam coalizão para suceder Merkel

Olaf Scholz faz uma declaração à imprensa na sede do partido em Berlim, um dia após as eleições gerais - Odd Andersen/AFP
Olaf Scholz faz uma declaração à imprensa na sede do partido em Berlim, um dia após as eleições gerais Imagem: Odd Andersen/AFP

Do UOL, em São Paulo

27/09/2021 09h29

O Partido Social-Democrata da Alemanha (SPD, na sigla em alemão) venceu por uma pequena margem o partido da chanceler Angela Merkel nas eleições realizadas ontem, de acordo com os resultados preliminares.

O SPD obteve 25,7% dos votos, mais do que os 24,1% do bloco conservador de Merkel formado pela União Democrata-Cristã (CDU) e União Social-Cristã (CSU). Os Verdes receberam 14,8% dos votos e o Partido Liberal Democrático (FDP) ficou com 11,5%

O candidato a chanceler do SPD, Olaf Scholz, disse que almeja montar uma coalizão com os Verdes e o FDP, dizendo que os alemães escolheram colocar os conservadores de Merkel na oposição depois de 16 anos no poder.

"O que vocês veem aqui é um SPD muito feliz", disse Scholz, 63 anos, a apoiadores entusiasmados na sede do partido em Berlim segurando rosas vermelhas e brancas.

"Os eleitores falaram muito claramente... eles fortaleceram três partidos: os Social-Democratas, os Verdes e o FDP, e portanto isto é uma autoridade clara que os cidadãos deste país deram: estes três deveriam formar o próximo governo."

A recuperação do SPD é um ensaio da volta de partidos de centro-esquerda em partes da Europa na esteira da eleição do democrata Joe Biden como presidente dos Estados Unidos em 2020. A sigla de centro-esquerda de oposição da Noruega também venceu uma eleição no começo deste mês.

O presidente do Parlamento Europeu, David Sassoli, deu os parabéns a Scholz em uma rede social. "Parabéns @OlafScholz e @spdde em sua vitória! Depois desta crise histórica, não há tempo a perder: a Europa precisa de um parceiro forte e confiável em Berlim para continuar nosso trabalho comum por uma recuperação social e verde."

Merkel segue no poder interinamente

Como nenhum partido conquistou maioria no Parlamento, as próximas semanas serão dominadas por debates entre os principais partidos alemães para formação de uma coalizão de governo.

Scholz, que foi ministro das Finanças da "grande coalizão" de Merkel, disse ontem que espera acertar uma nova coalizão antes do Natal — mas seu rival democrata cristão Armin Laschet, de 60 anos, disse que ainda pode tentar formar um governo, apesar de ter dados aos conservadores o pior resultado eleitoral de sua história.

Merkel, que não buscou um quinto mandato como chanceler, continuará no cargo interinamente durante as negociações de uma coalizão que determinará o caminho futuro da maior economia da Europa.

Quem é Scholz

Pragmático, tediante, austero. Esses são alguns dos adjetivos que a mídia alemã dá a Scholz. Aos 63 anos, o vice-chanceler e ministro das Finanças do último governo de Angela Merkel teve a capacidade de se apresentar como "herdeiro" da líder alemã - mesmo sendo de um partido concorrente, já que ela pertence a União Democrata-Cristã e tinha Armin Laschet como seu "sucessor natural".

Scholz se filiou ao SPD em 1975, com 17 anos, e já desempenhou diversos papéis de maior ou menor importância desde que foi eleito para a Bundestag, como é chamado o Parlamento alemão, em 1998.

Pouco tempo depois, em 2003, durante o governo do social-democrata Gerhardt Schröder, foi o encarregado de "vender" uma polêmica reforma no mercado de trabalho alemão. À época, ele era o secretário-geral da sigla e ganhou notoriedade no país (de maneira positiva e negativa).

No mesmo ano, o jornal "Die Zeit" lhe deu um apelido que o acompanha até hoje: "Scholzmat", uma mistura de seu nome com a palavra "automat", que significa uma "máquina automática".

Cumpridor das metas dadas a ele, isso pode ter influenciado muitos eleitores neste ano a apostar em alguém que lhes passa confiança ao invés de ter um líder carismático e inovador - especialmente após um governo de sucesso como o de Merkel.

Durante a pandemia de covid-19, a experiência em lidar com temas econômicos espinhosos foi um dos pontos que o fez ser bem avaliado como ministro das Finanças, pasta responsável na aplicação e uso de bilhões de euros para combater a crise sanitária e econômica provocada pelo coronavírus. Ele assumiu a função em 2018.

E sua gestão é elogiada, apesar de ter conseguido passar ileso por uma investigação sobre as ações do Ministério das Finanças: novamente, Scholz conseguiu ser pragmático a ponto de desvencilhar seu nome dos possíveis problemas.

* Com Reuters e Ansa