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Espécie que inspirou Pica-Pau e mais 22 são declaradas extintas nos EUA

Mudanças climáticas podem levar a mais desaparecimento de espécies; desenho animado tornou pica-pau famoso - Reprodução/ Wikimedia Commons
Mudanças climáticas podem levar a mais desaparecimento de espécies; desenho animado tornou pica-pau famoso Imagem: Reprodução/ Wikimedia Commons

Colaboração para o UOL, em Santos

29/09/2021 12h57Atualizada em 30/09/2021 13h19

O governo dos EUA declarou oficialmente a extinção do pica-pau-bico-de-marfim e mais 22 espécies de animais. Cientistas alertam que as mudanças climáticas podem tornar esses desaparecimentos mais comuns, já que um planeta em aquecimento aumenta os riscos que enfrentam as plantas e a vida selvagem.

A espécie da ave em questão ficou famosa por inspirar o personagem do desenho "Pica-Pau".

O pica-pau-bico-de-marfim (Campephilus principalis) foi talvez a espécie mais conhecida que o Serviço de Pesca e Vida Selvagem dos EUA anunciou nesta quarta-feira como extinta.

pica-pau - Reprodução - Reprodução
Pica-pau é visto em livro com nome de espécie declarada extinta nos EUA
Imagem: Reprodução

A inspiração do desenho "Pica-Pau" costuma ser alvo de debate, com o pica-pau-bico-de-marfim e o pica-pau-de-topete-vermelho sendo citados. No entanto, um episódio de 1964 mostra o personagem olhando para um livro em que se vê a imagem de si mesmo com o nome científico Campephilus principalis.

Mais extinções

Outras espécies citadas, como o pigtoe (Pleurobema plenum), um mexilhão-de-água-doce do sudeste dos Estados Unidos, foram identificadas na natureza apenas algumas vezes e nunca mais foram vistas, o que significa que, quando receberam um nome, já estavam desaparecendo.

"Quando vejo uma dessas espécies realmente raras, sempre penso que posso ser o último a ver esse animal novamente", disse Anthony Ford, biólogo do Serviço de Pesca e Vida Selvagem dos EUA, no Tennessee, especialista em mexilhões-de-água-doce.

Os fatores por trás dos desaparecimentos variam. Desenvolvimento excessivo, poluição da água, extração de madeira, competição de espécies invasoras, pássaros caçados por suas penas e animais capturados por coletores particulares. Em todos os casos, os humanos foram a causa final.

Em todo o mundo, cerca de 902 espécies foram documentadas como extintas. Acredita-se que o número real seja muito maior, porque algumas não são identificados formalmente, e muitos cientistas alertam que a Terra está em uma "crise de extinção", com a flora e a fauna desaparecendo a uma taxa 1.000 vezes maior que a histórica.

É possível que uma ou mais das 23 espécies incluídas no anúncio de quarta-feira possam reaparecer, disseram vários cientistas. Uma figura importante na busca pelo pica-pau-bico-de-marfim disse que é prematuro cancelar o esforço, depois de milhões de dólares gastos em ações de procura e esforços de preservação do habitat.

"Pouco se ganha e muito se perde" com uma declaração de extinção, disse o biólogo de aves da Universidade Cornell John Fitzpatrick, principal autor de um estudo de 2005 que afirmava que o pica-pau havia sido redescoberto no leste do Arkansas.

"Um pássaro tão icônico e representativo das principais florestas primárias do sudeste, mantendo-o na lista de espécies ameaçadas de extinção, mantém a atenção nele, mantém os estados pensando em manejar o habitat na chance de ele ainda existir", disse.

Autoridades federais disseram que a declaração de extinção foi impulsionada pelo desejo de limpar um acúmulo de mudanças de status recomendadas para espécies que não tinham sido implementadas por anos. Eles disseram que isso iria liberar recursos para esforços de conservação no local para espécies que ainda têm chance de recuperação.

Desde 1975, 54 espécies deixaram a lista de espécies ameaçadas de extinção após a recuperação, incluindo a águia careca, o pelicano marrom e a maioria das baleias jubarte.

Mudança climática dificulta recuperação das espécies

A mudança climática está dificultando a recuperação das espécies, trazendo secas, inundações, incêndios florestais e mudanças de temperatura que agravam as ameaças que as espécies já enfrentam.

A forma como elas são salvas também está mudando. O foco não está mais nas espécies individuais ou nos pássaros individuais. As autoridades dizem que o objetivo mais amplo agora é preservar seu habitat, o que aumenta as espécies de todos os tipos que vivem nele.

"Espero que estejamos à altura do desafio", disse a bióloga Michelle Bogardus, do serviço de vida selvagem do Havaí. "Não temos recursos para prevenir extinções unilateralmente. Temos que pensar proativamente sobre a saúde do ecossistema e como a mantemos, dadas todas essas ameaças".

Errata: este conteúdo foi atualizado
A reportagem citou incorretamente a espécie Campephilus melanoleucos, quando deveria citar a Campephilus principalis. O conteúdo foi corrigido.