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Conheça o jornal russo do Nobel da Paz que teve 6 jornalistas assassinados

Do UOL, em São Paulo

08/10/2021 10h37

Os jornalistas Maria Ressa, das Filipinas, e Dmitry Muratov, da Rússia, foram os premiados pelo Prêmio Nobel da Paz por sua "luta corajosa" pela liberdade de expressão em seus países. A primeira, por seu trabalho no site de notícias Rappler, e o segundo por ser co-fundador do jornal independente Novaja Gazeta, e editor-chefe há 24 anos.

O periódico russo, inclusive, é marcado por forte resistência a ameaças, assédio e violência desde 1993, ano de sua fundação. Daquela data até hoje, seis jornalistas do veículo foram mortos, segundo informou a presidente do comitê do Prêmio Nobel da Paz, Berit Reiss-Anderson.

"Apesar dos assassinatos e ameaças, o editor-chefe Muratov recusou-se a abandonar a política independente do jornal. Ele tem defendido consistentemente o direito dos jornalistas de escrever o que quiserem sobre o que quiserem, desde que eles cumpram os padrões profissionais e éticos do jornalismo", explica o Nobel.

O jornal é conhecido por já ter publicado artigos críticos sobre corrupção, violência policial, prisões ilegais, fraude eleitoral e até o uso de forças militares russas dentro e fora da Rússia. De acordo com uma publicação do próprio periódico, seus jornalistas já ganharam mais de 60 prêmios, incluindo o Pulitzer.

Por isso, na avaliação dos organizadores do Nobel, os jornalistas estão colocando a própria segurança em risco para garantir informações sobre conflitos e regimes repressivos. De forma que valoriza a democracia e o jornalismo independente.

Pelo prêmio, o Comitê do Nobel destinará 10 milhões de coroas suecas aos vencedores, o equivalente a R$ 6,2 milhões.

Assassinatos de jornalistas

Seis jornalistas do periódico foram assassinados por suas atividades profissionais. Todos os casos aconteceram após a chegada de Vladmir Putin ao poder na Rússia, em 2000.

Um dos casos mais famosos de morte entre os repórteres do Novaja Gazeta é de Anna Politkovskaja. Em 2006 ela foi assassinada após escrever, de forma crítica, sobre o papel do governo russo e a guerra na Chechênia.

Antes dela, porém, houve outros dois casos. São eles Igor Domnikov, em 2000, e Yuri Shchekochikhin, em 2003, quando ele, que também era parlamentar, morreu de uma doença misteriosa na pele, antes de viajar para os Estados Unidos. O Novaya Gazeta concluiu que o caso se tratou de envenenamento.

Depois, em 2009, foram mais duas mortes de jornalistas. Anastasia Boburova foi assassinada com tiros na rua. Já Natalia Estemirova, uma ativista de direitos humanos, foi sequestrada e morta na Chechênia. O advogado Stanislav Markelov também perdeu a vida naquele ano.