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Cientistas descobrem sinais de vida em rubi de 2,5 bilhões de anos: 'Único'

Grafite puro foi encontrado em rubi por pesquisadores da Universidade de Waterloo - Divulgação/ Universidade de Waterloo
Grafite puro foi encontrado em rubi por pesquisadores da Universidade de Waterloo Imagem: Divulgação/ Universidade de Waterloo

Colaboração para o UOL, em São Paulo

22/10/2021 14h46Atualizada em 24/10/2021 11h43

Pesquisadores da Universidade de Waterloo, no Canadá, descobriram que um rubi que se formou na crosta terrestre há 2,5 bilhões de anos contém evidências do início da vida no planeta. O feito foi publicado na revista científica Ore Geology Reviews deste mês.

Os geólogos envolvidos no estudo relataram que resíduos de grafite, uma forma de carbono puro de origem biológica, foram identificados na pedra. Eles seriam os restos de algum microrganismo unicelular que viveu antes de os seres multicelulares surgirem na Terra.

"O grafite dentro deste rubi é realmente único. É a primeira vez que vimos evidências de vida antiga em rochas com rubi. A presença dele também nos dá mais pistas para determinar como os rubis se formaram, algo que é impossível fazer diretamente com base na cor e na composição química dele", explicou o geólogo Chris Yakymchuk, principal autor do estudo.

Os rubis são uma das variedades do mineral coríndon, composto por óxido de alumínio cristalizado, que se formam sobre intenso calor e pressão nos limites das placas tectônicas da Terra. O vermelho característico dele é dado pelo raro elemento cromo - quanto mais cromo, mais vermelho será.

Como todos os minerais, os rubis variam em pureza e clareza. Isso porque, durante o seu processo de formação, outros elementos presentes no local podem ser incorporados à sua gema. Esse processo, muitas vezes, faz com que a pedra seja considerada inadequada para a fabricação de joias, mas a torna de grande importância para a ciência.

A atual descoberta aconteceu quando Yakymchuk e sua equipe buscavam entender melhor os processos de formação do coríndon estudando rubis na Groenlândia, onde é localizado um dos depósitos mais antigos de rubi.

Segundo os pesquisadores, essa forma de carbono puro encontrada pode se formar tanto pelo processo biológico quanto pelos químicos e físicos. Para saber exatamente onde ele se originou, é necessário analisar o isótopo de carbono presente nele — variações de um mesmo elemento com massas atômicas diferentes.

O carbono-14, que se forma naturalmente na atmosfera, é o mais comum usado para a datação precisa de artefatos físicos. Já o carbono-12 é o isótopo mais abundante ocorrendo em organismos vivos.

A equipe, então, descobriu que o grafite no rubi era carbono-12, em abundância consistente com uma origem orgânica.

"Com base na quantidade aumentada de carbono-12 neste grafite, concluímos que os átomos de carbono já foram vidas antigas, provavelmente microorganismos mortos, como as cianobactérias", acrescentou Yakymchuk.

Errata: este conteúdo foi atualizado
Ao contrário do que foi informado anteriormente, a Universidade de Waterloo fica no Canadá e não nos EUA. A matéria foi corrigida.