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Quem são os 'Capacetes Brancos', grupo oferecido pela Argentina para Bahia

Os Capacetes Brancos estão organizados dentro da estrutura do Ministério das Relações Exteriores da Argentina e são encarregados de planejar e executar ajuda humanitária - Divulgação/MRE Argentina
Os Capacetes Brancos estão organizados dentro da estrutura do Ministério das Relações Exteriores da Argentina e são encarregados de planejar e executar ajuda humanitária Imagem: Divulgação/MRE Argentina

Sara Baptista

Do UOL, em São Paulo

30/12/2021 20h42

Na última segunda-feira (27), a Argentina ofereceu ao Brasil ajuda humanitária para auxiliar no desastre provocado pelas chuvas na Bahia - que foi recusada pelo governo federal. O país vizinho sugeriu o envio de dez profissionais especializados nas áreas de saneamento, logística e apoio psicossocial que pertencem a um grupo conhecido como "Cascos Blancos" — "Capacetes Brancos", em português.

Os profissionais oferecidos ao Brasil poderiam atuar provendo água potável, montando e desmontando casas e abrigos do Acnur (Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados), que servem para atender quem ficou desalojado, recebendo, organizando e armazenando doações e no atendimento psicossocial dos afetados.

Os Capacetes Brancos estão organizados dentro da estrutura do Ministério das Relações Exteriores da Argentina e são encarregados de planejar e executar ajuda humanitária. A equipe foi criada em 1994 e ao longo deste tempo já atuou em 700 missões em 73 países, inclusive no Brasil.

Recentemente, em meados de dezembro, o grupo atuou doando vacinas contra a covid-19 à Bolívia. Em agosto de 2021, os Capacetes Brancos promoveram uma missão de ajuda humanitária ao Haiti, que havia sido atingido por um forte terremoto. Na ocasião, 24 voluntários foram enviados ao país.

Também em dezembro, 107 dos 193 Estados-Membros da ONU (Organização das Nações Unidas) aprovaram uma resolução de apoio ao trabalho dos "Cascos Blancos". O grupo passa periodicamente por avaliações de organizações internacionais como a ONU e a OEA (Organização dos Estados Americanos).

Os especialistas atuam de forma voluntária e devem ter formação nas capacitações específicas que as missões internacionais requerem. Além disso, para integrar a equipe é preciso estar disponível para se deslocar em até 72 horas.

"Procuramos colaborar com os governos locais e suas comunidades para que assumam um papel de liderança na prevenção de riscos, mitigação de impactos e reconstrução pós-desastre", explica o texto de apresentação do grupo no site do Ministério das Relações Exteriores da Argentina.

Também este texto explica que a atuação dos "Cascos Blancos" é pautada por princípios como os direitos humanos, o respeito à soberania dos povos, a luta pela inclusão e a equidade de gênero.

"Os desastres não são naturais, temos que redobrar a nossa aposta por um futuro no qual as crises humanitárias sejam excepcionais em todos os cantos do mundo", diz o editorial de um relatório dos Capacetes Brancos assinado pela ex-presidente do grupo, Marina Cardelli, publicado em março de 2021.

Mesmo com a expertise da equipe do país vizinho e da necessidade de ajuda reiterada pelos prefeitos das cidades afetadas e pelo governador da Bahia, Rui Costa (PT), o governo federal rejeitou o auxílio dos Capacetes Brancos. Segundo o presidente Jair Bolsonaro (PL), a Defesa Civil e as Forças Armadas já estão atuando nos locais afetados e a ajuda humanitária seria desnecessária.

Posteriormente, porém, Rui Costa afirmou em seu perfil no Twitter que aceitaria de forma direta a ajuda, sem passar pela diplomacia brasileira. O UOL entrou em contato com o Ministério das Relações Exteriores argentino, mas ainda não recebeu um posicionamento sobre esse assunto.