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Guerra da Rússia-Ucrânia

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Zelensky cita Holocausto e Muro de Berlim ao discursar no Parlamento alemão

Do UOL, em São Paulo

17/03/2022 06h25Atualizada em 17/03/2022 09h24

Em um discurso a legisladores alemães, o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, fez referência explícita ao Holocausto ao falar sobre a invasão da Rússia ao país, que completa 22 dias hoje, e pediu que a Alemanha derrube o novo "muro" que está sendo erguido na Europa contra a liberdade, em referência ao Muro de Berlim.

Ontem, ele discursou ao Congresso dos EUA e pediu que os americanos se lembrem dos atentados de 11 de setembro de 2001 e de Pear Harbor quando pensarem nos ataques promovidos pela Rússia ao seu país.

"Todos os anos os políticos dizem 'nunca mais'. Agora vejo que essas palavras são inúteis. Na Europa, um povo está sendo destruído", disse ele hoje ao falar com legisladores por meio de vídeo no Bundestag (Parlamento alemão).

A frase "nunca mais" ("never again", em inglês) está associada ao Holocausto e outros genocídios. Conhecido como um dos piores massacres da história da humanidade, o Holocausto - termo utilizado para descrever a tentativa de extermínio dos judeus na Europa nazista - teve seu fim anunciado no dia 27 de janeiro de 1945, quando as tropas soviéticas, aliadas ao Reino Unido, Estados Unidos e França na Segunda Guerra Mundial, invadiram o campo de concentração e extermínio de Auschwitz-Birkenau, no sul da Polônia.

No local, o mais conhecido campo de concentração mantido pela Alemanha nazista de Adolf Hitler, entre 1,1 e 1,5 milhão de pessoas (em sua maioria judeus) morreram nas câmaras de gás, de fome ou por doenças.

"Não é um muro de Berlim, é um muro na Europa Central entre a liberdade e a escravidão e este muro está ficando maior a cada bomba lançada sobre a Ucrânia", continuou Zelensky sobre o conflito.

Mapa Rússia invade a Ucrânia - 26.02.2022 - Arte UOL - Arte UOL
Imagem: Arte UOL

"Querido sr. chanceler [Olaf] Scholz, derrube este muro, dê à Alemanha o papel de liderança que merece", afirmou o líder ucraniano, ao evocar apelo feito durante a Guerra Fria pelo então presidente americano Ronald Reagan em Berlim. Scholz estava no Bundestag e acompanhou o discurso.

Símbolo maior da Guerra Fria, o Muro de Berlim foi construído em 1961 e dividiu por 28 anos a Alemanha em dois blocos: a República Democrática da Alemanha - que seguia o regime socialista liderado pela União Soviética - e a República Federal da Alemanha - conduzida sob o regime capitalista. Depois da derrocada dos regimes socialistas, ele foi derrubado em 9 de novembro de 1989.

  • Veja as últimas informações sobre guerra na Ucrânia e mais notícias do dia no UOL News com Fabíola Cidral:

'Tudo o que importava era a economia'

Zelensky fez críticas contundentes a outros líderes durante o discurso. Ele disse que, como as forças russas estavam se reunindo na fronteira ucraniana antes da invasão, os líderes ocidentais agiram muito devagar e não foram longe o suficiente para deter a Rússia.

"Tudo o que importava era a economia", disse ele.

Zelensky criticou a relutância em deixar a Ucrânia se juntar à aliança militar da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), dizendo que "não há lugar para nós nesta mesa". Na terça-feira (15), ele sugeriu que pode desistir do ingresso na aliança militar para encerrar a guerra. A desistência é uma das exigências impostas pela Rússia para cessar os ataques.

O mandatário tem feito discursos aos parlamentos de diversos países ocidentais para tentar aumentar a pressão por suporte militar. A Otan, no entanto, teme que um envolvimento maior de seus membros no conflito cause uma escalada militar potencialmente catastrófica para todo o mundo.