Oligarcas russos perdem bilhões com guerra; saiba quem são e o que fazem

Em resposta à invasão da Rússia na Ucrânia, os Estados Unidos e a União Europeia aplicaram várias sanções para tentar pressionar os oligarcas russos. Com isso, os bilionários sentiram no bolso as consequências da guerra.

As sanções incluem o congelamento de bens e a proibição de viajar. Diante desse cenário, os oligarcas começaram a vender ativos e a transferir bens, como aviões e iates, para regiões onde não possam ser apreendidos.

Mas afinal, quem são os oligarcas russos e como eles conseguiram acumular tanta riqueza?

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Esse grupo de bilionários surgiu após o colapso da União Soviética, quando se iniciou um processo de privatização maciço no país. Isso permitiu que esses homens construíssem rapidamente grandes fortunas.

Além do acúmulo de riqueza, eles também adquiriram significativa influência política e, frequentemente, o controle dos meios de comunicação em algumas das antigas repúblicas soviéticas.

Ao longo dos anos, esses oligarcas também começaram a investir parte dos seus dinheiros em países europeus como Reino Unido, França, Espanha, Itália, entre outros. Além de comprar mansões, carros de luxo, superiates e até clubes de futebol.

Conheça quem são esses bilionários.

Alexei Mordashov

Homem mais rico da Rússia, o empresário Alexei Mordashov tem uma fortuna estimada em US$ 29,1 bilhões. Ele possui investimentos que vão desde a agência de viagens Tui, a maior operadora de turismo na Europa, ao Banco Rossiya, que tem como clientes altos funcionários russos que se beneficiaram da anexação da Crimeia.

Aos 56 anos, Mordashov também é acionista majoritário da maior siderúrgica e mineradora da Rússia, a Severstal. Além de ser presidente da Severgroup, empresa de investimentos privados. Ele possui bens luxuosos que vão de avião privado a iate.

Mordashov foi adicionado pela União Europeia à lista de bilionários russos alvo de sanções no dia 28 de fevereiro. Existe a suspeita de que negócios de comunicação social, que possuem investimentos do empresário, ajudaram a desestabilizar a Ucrânia.

Em comunicado oficial, o oligarca disse que apesar das sanções impostas pela União Europeia, ela não tem "absolutamente nada a ver com o surgimento da atual situação geopolítica". Ele também afirmou que está afastado da vida política e pediu pelo fim da guerra.

Gennady Timchenko

Gennady Timchenko, 69 anos, é um dos bilionários russos que viram suas fortunas desabarem com o início do conflito, perdendo quase um terço de sua riqueza desde 1º de janeiro, de acordo com o Bloomberg Billionaires Index. Segundo a Forbes, a fortuna de Timchenko caiu de US$ 22 bilhões para US$ 12,8 bilhões após o início da guerra (valor estimado em tempo real pela Forbes em 19/03/22).

O empresário tem controle sobre o Volga Group, que investe em energia, transporte e construção. Suas participações incluem 23,5% da produtora de gás de capital aberto Novatek e 14,5% da fabricante de produtos químicos Sibur. Além disso, ele preside a liga nacional russa de hóquei no gelo e é presidente do SKA Saint-Petersburg Hockey Club.

Ele é uma das personalidades mais influentes do país e sempre foi um grande apoiador de Putin. Também encarou sanções dos Estados Unidos em 2014, quando a Rússia anexou a Crimeia após disputa com a Ucrânia.

Alisher Usmanov

Alisher Usmanov iniciou sua fortuna quando abriu uma fábrica de sacolas plásticas, item que era escasso na antiga União Soviética. Após o colapso do estado socialista, ele ampliou suas atividades em minério de ferro e de aço no gigante Metalloinvest, na operadora de telefonia móvel MegaFon, e na editora Kommersant, um jornal econômico.

Foi um dos primeiros investidores do Facebook, mas vendeu suas ações em 2013. Também tem uma participação no grupo Alibaba, a maior empresa de comércio eletrônico do mundo por capitalização de mercado.

Usmov foi um dos magnatas que sofreram sanções pela União Europeia. O oligarca classificou a decisão de "injusta" e "difamatória". Segundo a Forbes, ele tinha uma fortuna de US$ 18,4 bilhões que caiu para US$ 12,8 bilhões desde o início do conflito (valor estimado em tempo real pela Forbes em 19/03/22).

Ele também era dono do maior superiate do mundo, que foi apreendido pelas autoridades alemãs em Hamburgo. Construído em 2016 e batizado com o nome da mãe de Usmanov, o iate está avaliado no valor de US$ 594 milhões, segundo o Bloomberg Billionaires Index.

Roman Abramovich

O bilionário Roman Abramovich ficou conhecido em 2003, com a compra do time inglês Chelsea. Mas ele começou a construir sua fortuna ainda na década de 1980 vendendo bonecas em uma banca de um mercado.

Ele investiu em diversos negócios, principalmente no mercado de petróleo. A fortuna de Abramovich se ampliou quando ele se associou a Boris Berezovsky. Próximo do então presidente Boris Yeltsin, Berezovsky deu a Abramovich acesso à ascensão social e proximidade com o governo.

Abramovich é bastante próximo de Putin, tendo sido inclusive consultado pelo presidente russo sobre quem deveria ser seu sucessor em 2007.

Ele indicou o nome de Dmitry Medvedev, que ficou no cargo entre 2008 e 2012, até o retorno de Putin.

O oligarca russo foi um dos principais bilionários que tiveram seus bens congelados e foi, inclusive, banido de ser diretor de um clube da Premier League. Com todas essas sanções, a fortuna de Abramovich saiu de US$ 14,5 bilhões para US$ 7,1 bilhões após o início da guerra, segundo dados da Forbes (valor estimado em tempo real pela Forbes em 19/03/22).

Com o congelamento dos ativos do bilionário, ele teve que colocar o clube à venda, muitos interessados surgiram no mercado mundial e 20 propostas oficiais foram feitas. Ele não vai ganhar um único centavo com a venda do time de Londres, o dinheiro deverá ser doado para as vítimas da guerra. Apesar das sanções, é Abramovich quem vai bater o martelo a respeito da negociação do Chelsea.

Oleg Deripaska

O bilionário Oleg Deripaska usou o Telegram para pedir que as negociações de paz comecem "o mais rápido possível".

O empresário é fundador da gigante russa de alumínio Rusal, na qual ele ainda detém participação por meio de ações na controladora En+ Group. Desde o início da guerra, a sua riqueza caiu de US$ 3,8 bilhões para US$ 2,2 bilhões (valor estimado em tempo real pela Forbes em 19/03/22).

Deripaska foi casado com a filha de Valentin Umashev, ex-chefe de gabinete e atual genro do primeiro presidente da Rússia, Boris Yeltsin. Em 2016, sofreu sanções dos Estado Unidos por suposta interferência russa nas eleições norte-americanas.

O oligarca também já demonstrou preocupação com um possível conflito nuclear na região que, para ele, poderia "condenar" a Rússia, a Ucrânia e toda a Europa pelos próximos 200 anos.

Arkady e Boris Rotenberg

Amigos íntimos de Putin, os irmãos Rotenberg são donos de uma empresa de construção de gasodutos que presta serviço para a estatal Gazprom. Eles também estão à frente do grupo SGM e do banco privado SMP.

Arkady Rotenberg é parceiro de judô do atual presidente russo. Ambos foram banidos da Federação Internacional de Judô (FIJ) por causa da guerra.

Arkady conheceu Putin aos 12 anos nas aulas de sambo, uma arte marcial russa. Quando Putin chegou ao poder, ajudou o amigo a abrir clubes de judô financiados pelo Estado. Em 2000, quando era já presidente, nomeou Arkady como o diretor da Rosspirtprom, empresa estatal que controlava 30% do mercado de vodka na Rússia.

Enquanto Boris Rotenberg tem uma fortuna estimada em US$ 1,1 bilhão, a fortuna de seu irmão teve uma queda de US$ 2,9 bilhões para US$ 1,8 bilhão com os efeitos da guerra (valor estimado em tempo real pela Forbes em 19/03/22).

Igor Sechin

CEO da empresa petrolífera russa, Rosneft, Igor Sechin foi adicionado pela União Europeia na lista de bilionários sancionados com congelamentos de bens e proibição de viajar.

O bilionário é próximo de Putin há décadas, tendo sido chefe de gabinete quando ele era vice-prefeito de São Petersburgo, em 1994. E seguiu com o líder russo quando foi eleito presidente em 2000. Foi escolhido por Putin para liderar a petrolífera Rosneft.

Discreto e implacável, o oligarca não possui a sua fortuna estimada. Um superiate avaliado em US$ 493 milhões foi apreendido na Espanha sob a suspeita de pertencer a Sechin. As autoridades francesas acreditam que Sechin também tenha um outro iate que foi confiscado na costa da França.