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Guerra da Rússia-Ucrânia

Notícias do conflito entre Rússia e Ucrânia


Após recusar visita, Zelensky chama presidente da Alemanha para ir a Kiev

Do UOL*, em São Paulo

05/05/2022 05h15Atualizada em 05/05/2022 11h02

O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, conversou, por telefone, hoje com o presidente da Alemanha, Frank-Walter Steinmeier. Em abril, Zelensky recusou-se a receber o alemão. O governo ucraniano indicou que Zelensky e Steinmeier "concordaram em deixar o passado para trás e se concentrar na cooperação futura". O ucraniano convidou o presidente alemão e o chanceler Olaf Scholz para irem a Kiev.

"A Alemanha continua a ser um poderoso aliado da Ucrânia", disse o chefe de gabinete da Presidência da Ucrânia, Andriy Yermak, que confirmou o contato entre os presidentes. "Haverá um anúncio oficial sobre os detalhes [da conversa]. Só posso dizer que a esperança dos russos de dividir a unidade da Europa em apoio à Ucrânia é vã", completou.

O convite vem após uma crise política entre os dois lados, já que o mandatário ucraniano não teria aceitado uma visita do chefe de Estado alemão por sua "ligação" com os russos no passado, e ocorre após um telefonema entre ambos nesta quinta.

Em abril, Steinmeier pretendia visitar a capital ucraniana junto com o presidente da Polônia, Andrej Duda, segundo informações do jornal "Bild". A ideia havia partido do chefe de governo polonês, que queria reunir também os presidentes dos países bálticos". A viagem aconteceria em 12 de abril, depois da ida de Steinmeier à Varsóvia, na Polônia.

No entanto, de acordo com o "Bild", Zelensky não quis receber o presidente alemão, pelos vínculos que o político teve com a construção do gasoduto Nord Stream.

O presidente da Alemanha foi integrante do gabinete do chanceler social-democrata Gerhard Schröder, e, posteriormente, também integrou o governo de Angela Merkel, entre 2005 e 2009, e entre 2013 e 2017, como ministro das Relações Exteriores. Schröder e o presidente da Rússia, Vladmir Putin, assinaram acordo para a construção do primeiro gasoduto em parceria entre os dois países, que entrou em funcionamento em 2011.

Azovstal

O Ministério da Defesa da Ucrânia disse, em relatório publicado hoje, que "os ocupantes russos estão concentrando seus esforços em bloquear e tentar destruir" suas unidades na área do complexo Azovstal, na cidade portuária de Mariupol, sudeste do país. "Com o apoio de aeronaves, o inimigo retomou a ofensiva para assumir o controle da usina."

Com base em imagens de satélite, o Centro de Comunicações Estratégicas e Segurança da Informação, do governo ucraniano, disse que "a Rússia não para de invadir Azovstal". "Como o comandante do Regimento Azov, tenente-coronel Denis Prokopenko, relatou anteriormente, os ocupantes invadiram o território de Azovstal e os combates sangrentos continuam."

O relato de ataques acontece em meio ao anúncio da Rússia de um cessar-fogo no local de hoje a sábado (7) para a retirada de civis que estavam refugiados no complexo. Ontem, segundo o governo ucraniano, ao menos 344 pessoas, parte delas da cidade portuária, foram evacuadas por meio do corredor entre Mariupol e Zaporizhzhia.

Segundo a Ucrânia, "os russos, mais uma vez, violaram a promessa de uma trégua e não permitiram a evacuação de civis, que continuam se escondendo dos bombardeios nos porões".

Em conversa por telefone com o secretário-geral da ONU (Organização das Nações Unidas) ontem, Zelensky solicitou auxílio para retirar os feridos de Azovstal. "As vidas das pessoas que permanecem lá estão em perigo. Todos são importantes para nós. Pedimos sua ajuda para salvá-los."

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Fumaça é vista no complexo Azovstal, em Mariupol, a partir de imagens de satélite
Imagem: Reprodução/SPRAVDI

Neste 71º dia da guerra, o Ministério da Defesa da Rússia relatou novos ataques com mísseis ao território ucraniano. "Mais de 600 nacionalistas [militares] e 61 unidades de armas e equipamentos militares foram destruídos."

Um dos pontos de ataque foi a cidade de Kramatorsk, na região de Donetsk. "Quatro áreas de concentração de mão de obra e equipamentos militares, bem como dois armazéns de equipamentos militares em um aeródromo militar" foram atingidos na área, segundo a Defesa russa. As autoridades ucranianas, porém, indicam que 25 civis ficaram feridos.

"Seis dos feridos precisam de cuidados médicos no hospital", disse o governador de Donetsk, Pavlo Kyrylenko. "Os mísseis danificaram 9 casas, uma escola e várias infraestruturas civis. Incapaz de lutar contra o exército ucraniano, os russos continuam a 'lutar' contra nossos civis", completou o governador, dizendo que o ocorrido foi um "crime de guerra do exército russo".

kramatorsk - Reprodução/SPRAVDI - Reprodução/SPRAVDI
Ao menos 25 pessoas ficaram feridas no ataque a Kramatorsk, cidade no leste da Ucrânia
Imagem: Reprodução/SPRAVDI

"Não para"

Segundo a Defesa ucraniana, "o inimigo não para de realizar operações ofensivas na Zona Operacional Oriental para estabelecer o controle total sobre o território das regiões de Donetsk e Luhansk e manter o corredor terrestre com a Crimeia".

A Ucrânia também disse estar observando movimentações na Moldávia, identificando tensões na área pró-Rússia no país vizinho. "[O exército] realiza reagrupamento de tropas em determinadas áreas, toma medidas para reabastecer as reservas. Ele está tentando melhorar a posição tática de suas unidades."

Apesar da ofensiva russa, a Defesa ucraniana relatou ter atingido "nove alvos aéreos", entre mísseis e drones. A Ucrânia também disse ter lançado mísseis e bombardeado posições dos russos.

Mapa Rússia invade a Ucrânia - 26.02.2022 - Arte UOL - Arte UOL
Imagem: Arte UOL

Belarus

A inteligência do Ministério da Defesa do Reino Unido disse acreditar que a Rússia, junto com Belarus, tentará manter a atenção da Ucrânia também no norte de seu território no momento em que o leste ucraniano é o principal objetivo russo.

Segundo os britânicos, as forças de Belarus, país aliado dos russos e vizinho dos ucranianos, foram observadas em exercícios militares. "A Rússia provavelmente procurará inflar a ameaça que esses exercícios representam para a Ucrânia a fim de fixar as forças ucranianas no norte, impedindo-as de se comprometerem com a batalha pelo Donbass [área separatista]."

Na avaliação da Defesa do Reino Unido, "o desvio da atividade normal de exercício que poderia representar uma ameaça para aliados e parceiros não está previsto atualmente".

Armas e agradecimento

Comandante das Forças Armadas ucranianas, Valerii Zaluzhnyi reforçou hoje que "fornecer à Ucrânia sistemas de mísseis é muito importante". O relato foi feito após a Rússia ter realizado, na terça (3) ataques a ferrovias para atingir o transporte de armas. "O principal objetivo dessas ações é destruir as rotas logísticas de assistência técnica militar à Ucrânia."

Na mensagem que publicou hoje, Zaluzhnyi agradeceu aos aliados da Ucrânia pelo fornecimento de armas. "Estamos superando com sucesso todas as dificuldades associadas à aquisição de novas armas e equipamentos por meio de cooperação e apoio em todos os níveis", disse.

"Hoje, nossos militares não estão apenas aprendendo intensamente a usar e manter as armas da Otan [Organização do Tratado do Atlântico Norte], mas também compartilham sua experiência de combate com parceiros."

Para o governo russo, a ajuda militar e de informação que os países ocidentais proporcionam à Ucrânia impede que a Rússia conclua rapidamente sua ofensiva.

Doações

Zelensky anunciou hoje o lançamento de uma plataforma de arrecadação de fundos chamada United24, com o objetivo de "unir as pessoas em sua vontade de ajudar a Ucrânia".

A plataforma receberá doações que serão usadas em três áreas:

  • Defesa e Desminagem
  • Ajuda Humanitária e Médica
  • Reconstrução da Ucrânia

A Ucrânia promete fornecer relatórios do que foi arrecadado a cada 24 horas e a informar, uma vez por semana, a distribuição de fundos em cada área.

(Com Ansa e AFP)