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Putin diz que fim da neutralidade da Finlândia com entrada na Otan é 'erro'

Do UOL, em São Paulo*

14/05/2022 10h09Atualizada em 14/05/2022 15h24

O fim da neutralidade militar da Finlândia com a entrada do país na Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) seria um "erro", afirmou hoje o presidente da Rússia Vladimir Putin. O comentário foi feito pelo líder russo em uma conversa por telefone com o seu homônimo finlandês, Sauli Niinisto, segundo comunicado divulgado pelo Kremlin.

"Vladimir Putin destacou que o fim da política tradicional de neutralidade militar seria um erro, pois não há nenhuma ameaça para a segurança da Finlândia", diz a nota do governo russo.

A candidatura de adesão da Finlândia à Otan, que desagrada Moscou sobretudo após a Ucrânia também ter tentado dar início à entrada no bloco em meio à guerra, deve ser oficializada no domingo.

"Tal mudança de orientação política do país pode ter um impacto negativo nas relações russo-finlandesas que se desenvolveram durante anos com um espírito de boa vizinhança e cooperação e eram vantajosas para ambos", acrescentou o Kremlin.

Niinisto, por sua vez, divulgou um comunicado em que afirma que a invasão russa à Ucrânia "alterou o ambiente de segurança da Finlândia" e que o país escandinavo vai apresentar seu pedido de ingresso na aliança militar ocidental "nos próximos dias".

"A conversa foi direta e franca e foi conduzida sem irritação. Evitar tensões foi considerado importante", declarou o líder finlandês, que teve a iniciativa de telefonar para o Kremlin.

Ainda de acordo com o comunicado, Niinisto ressaltou que, ao entrar para a Otan, a Finlândia vai "fortalecer sua própria segurança e assumir suas responsabilidades". "Também no futuro, a Finlândia quer cuidar das questões práticas decorrentes de ser vizinha da Rússia de uma maneira correta e profissional", completa a nota.

Finlândia quer adesão 'sem demora'

O presidente e a primeira-ministra da Finlândia, Sanna Marin, anunciaram na última quinta-feira (12) serem favoráveis a uma adesão "sem demora" do país ao bloco. Em reação a esse movimento, a Rússia afirmou que "será forçada a tomar medidas de retaliação".

A Finlândia, que tem 1,3 mil quilômetros de fronteiras terrestres com a Rússia, já vinha sinalizando a intenção de abrir mão da neutralidade adotada após a amarga derrota para a União Soviética durante a Segunda Guerra Mundial. Os 200 anos de neutralidade militar da vizinha Suécia também podem estar com os dias contados.

Chanceler russo reagiu com ameaças

Após o comunicado da Finlândia, o Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, reagiu com ameaças, através de seu canal oficial no Telegram.

"Helsinque deve estar ciente da responsabilidade e consequências de tal movimento. A adesão da Finlândia à Otan causará sérios danos às relações bilaterais russo-finlandesas, que mantêm a estabilidade e a segurança na região nórdica", disse o chanceler.

"A Rússia será forçada a tomar medidas de retaliação, tanto de natureza militar-técnica quanto de outra natureza, a fim de impedir as ameaças à sua segurança nacional que surgem a esse respeito", acrescentou.

Suécia também planeja adesão à Otan

Um dia após a Finlândia, a Suécia confirmou que também vai apresentar candidatura para integrar a aliança militar liderada pelos Estados Unidos.

A chanceler Ann Linde afirmou que o país está pronto para abandonar a neutralidade e que a entrada na Otan vai estabilizar conflitos no mar Báltico.

O Parlamento da Suécia vai debater a situação de segurança na segunda-feira e a primeira-ministra Magdalena Andersson convocará uma reunião especial do gabinete onde a decisão formal de candidatura será tomada, disse o jornal Expressen, citando fontes não identificadas.

Um pedido será enviado diretamente depois disso, supondo que nada inesperado ocorra, afirmaram fontes ao jornal.

* Com informações da AFP e Ansa