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Guerra da Rússia-Ucrânia

Notícias do conflito entre Rússia e Ucrânia


Pró-expansão, Otan critica Rússia e lida com Turquia por Suécia e Finlândia

Do UOL*, em São Paulo

18/05/2022 04h50Atualizada em 18/05/2022 10h54

Suécia e Finlândia entregaram hoje suas candidaturas para ingressar na Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte). Secretário-geral da aliança militar, Jens Stoltenberg, disse que "este é um bom dia em um momento crítico para nossa segurança".

Para ele, as candidaturas "são um passo histórico", e a presença dos dois países na Otan pode aumentar "nossa segurança compartilhada". Stoltenberg também defendeu a ampliação da aliança militar. "Todos os aliados concordam com a importância da expansão da Otan."

Os dois países decidiram pedir para ingressar na Otan após a Rússia invadir o território ucraniano, em uma guerra que hoje chega a seu 84º dia. Segundo relatório de hoje do Ministério da Defesa da Ucrânia, os "invasores russos continuam a lançar ataques de mísseis contra alvos militares e civis" em todo o país.

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Entre os combatentes ucranianos que se renderam em Mariupol, alguns apresentavam ferimentos
Imagem: Ministério da Defesa da Rússia

Hoje, o Ministério da Defesa da Rússia disse que mais 694 combatentes ucranianos que estavam no complexo Azovstal, em Mariupol, renderam-se. "No total, desde 16 de maio, 959 militantes se renderam, incluindo 80 feridos." Azovstal era o último ponto de resistência à invasão russa na cidade portuária, que fica no sudeste ucraniano. A Defesa russa também indicou ter feito mais ataques em áreas do leste da Ucrânia.

Ontem, o ministro ucraniano da Defesa, Oleksii Reznikov, disse que "a Rússia está se preparando para uma operação militar de longo prazo". "A guerra está entrando em uma fase prolongada."

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Os embaixadores na Otan de Suécia, Axel Wernhoff (à esquerda), e Finlândia, Klaus Korhonen, chegam à sede da aliança militar, em Bruxelas, na Bélgica, para entregar as candidaturas de seus países
Imagem: Reprodução/FinMissionNATO

Fator Turquia

A entrada de suecos e finlandeses na Otan, porém, pode ter contestações. A Turquia já indicou que não seria favorável ao ingresso dos dois países na aliança militar. Para que um novo membro seja aceito, todos os participantes da Otan precisam concordar.

Stoltenberg disse que os "interesses de segurança de todos os aliados devem ser levados em consideração" na análise das candidaturas de Suécia e Finlândia. "E estamos determinados a trabalhar em todas as questões e chegar a conclusões rápidas."

A Turquia tem atuado na mediação de conversas entre Rússia e Ucrânia. Junto com a ONU (Organização das Nações Unidas), o governo turco indicou hoje que busca promover em breve uma nova rodada para o diálogo entre as partes.

"Estamos planejando uma reunião em nível técnico para os próximos dias", disse o ministro das Relações Exteriores da Turquia, Mevlut Cavusoglu. A Rússia tem acusado a Ucrânia "ausência total de vontade" para negociar o fim do conflito.

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Stoltenberg recebeu as candidaturas de Suécia e Finlândia
Imagem: Johanna Geron/Reuters

Crítica à Rússia

No pronunciamento após receber a candidatura de Suécia e Finlândia, o secretário-geral da Otan disse que "cada nação tem o direito de escolher seu próprio caminho". "Vocês dois fizeram sua escolha, após processos democráticos completos."

A Rússia fez críticas, ao longo dos últimos meses, a respeito das implicações que a entrada dos dois países na aliança militar traria para a região. Finlândia e Rússia compartilham uma fronteira de cerca de 1.300 quilômetros.

A possibilidade de a Ucrânia entrar na Otan —atualmente descartada— também foi usada como argumento pelo presidente russo, Vladimir Putin, para promover a guerra.

O passo dado por ambos países, que se mantiveram neutros durante a Guerra Fria, é uma das mais significativas transformações na arquitetura de segurança na Europa em décadas e reflete uma mudança radical da opinião pública desde a investida russa contra a Ucrânia.

A expectativa é que o processo de adesão leve apenas algumas semanas, mas diplomatas afirmaram que a ratificação da entrada de novos membros pode levar até um ano, já que os parlamentos de todos os 30 países que integram a aliança devem aprovar as candidaturas.

Mapa Rússia invade a Ucrânia - 26.02.2022 - Arte UOL - Arte UOL
Imagem: Arte UOL

Novo empréstimo

A Comissão Europeia propôs hoje um empréstimo de 9 bilhões de euros à Ucrânia para manter o país em atividade conforme luta para se defender da invasão russa, e quer criar uma ferramenta de reconstrução para depois da guerra. O dinheiro seria emprestado pela Comissão nos mercados sob o mecanismo de assistência macrofinanceira, apoiado por garantias dos governos da UE (União Europeia).

"Propomos uma plataforma de reconstrução como parte deste plano liderado conjuntamente pela Ucrânia e pela Comissão e reunindo Estados membros da UE, outros doadores bilaterais ou internacionais, instituições financeiras internacionais e outros parceiros com ideias semelhantes", disse a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.

julgamento - 13.mai.2022 - Viacheslav Ratynskyi/Reuters - 13.mai.2022 - Viacheslav Ratynskyi/Reuters
Vadim Shishimarin é julgado na Ucrânia
Imagem: 13.mai.2022 - Viacheslav Ratynskyi/Reuters

"Culpado"

O primeiro soldado russo julgado por crime de guerra na Ucrânia desde o início da invasão da Rússia declarou-se culpado hoje, reconhecendo todas as acusações contra ele. Interrogado se admitia "sem reservas" todo o ato, incluindo o crime de guerra e as acusações de assassinato premeditado, o suboficial de 21 anos Vadim Shishimarin disse que "sim". Ele é julgado pela morte de um idoso de 62 anos em 28 de fevereiro.

Japão cobra China

O ministro das Relações Exteriores do Japão, Yoshimasa Hayashi, pediu à China que desempenhe um "papel responsável" na crise na Ucrânia. Essa foi a primeira conversa dele com Wang Yi, seu colega chinês, desde novembro. Para Hayashi, a invasão da Rússia "é uma clara violação da Carta das Nações Unidas e de outras leis internacionais".

O ministro japonês fez um apelo para que a China atue para "manter a paz internacional e segurança". O Japão se uniu aos países ocidentais ao adotar sanções contra a Rússia, mas a China evitou condenar a invasão iniciada por Moscou.

(Com Reuters, AFP, RFI e DW)