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EUA não convidam Cuba, Nicarágua e Venezuela para Cúpula das Américas

26/3/2022 - O presidente dos EUA, Joe Biden, em discurso concedido no Castelo Real de Varsóvia, na Polônia, ao tratar da guerra entre Rússia e Ucrânia - Brendan Smialowski/AFP
26/3/2022 - O presidente dos EUA, Joe Biden, em discurso concedido no Castelo Real de Varsóvia, na Polônia, ao tratar da guerra entre Rússia e Ucrânia Imagem: Brendan Smialowski/AFP

Do UOL, em São Paulo

06/06/2022 09h14Atualizada em 06/06/2022 10h12

Os Estados Unidos decidiram não convidar os governos de Cuba, Venezuela e Nicarágua para a Cúpula das Américas, apesar de ameaças do presidente mexicano de não participar da reunião a menos que todos os países do hemisfério ocidental sejam convidados.

As informações são da agência Reuters, citando fontes familiarizadas com o assunto. A Cúpula das Américas começa nesta semana em Los Angeles.

Como anfitrião, os Estados Unidos podem escolher quem convidar. A decisão de excluir Cuba, Venezuela e Nicarágua foi tomada após semanas de deliberação do governo, mas agora a cúpula corre risco de um embaraçoso boicote.

O presidente mexicano Andrés Manuel López Obrador deve anunciar nas próximas horas se estará na reunião. Ele participa de uma entrevista coletiva na manhã de hoje.

Há mais de duas semanas, o presidente da Guatemala, Alejandro Giammattei, anunciou que não participaria da Cúpula das Américas.

Já o presidente cubano, Miguel Díaz-Canel, afirmou que não iria ao evento mesmo se convidado, acusando os EUA de exercer uma "pressão brutal" para tornar a cúpula não inclusiva. O governo Joe Biden enviou um convite a ativistas da sociedade civil cubana.

No caso da Venezuela, os Estados Unidos pensam em convidar o líder da oposição Juan Guaidó, possivelmente virtualmente para um evento paralelo.

Washington reconhece Guaidó como presidente legítimo da Venezuela, tendo condenado a reeleição de Maduro em 2018 como uma farsa.

Segundo as fontes ouvidas pela Reuters, os Estados Unidos consideram que a falta de democracia em Cuba, Venezuela e Nicarágua, além de preocupações com os direitos humanos, pesavam demais.

EUA devem evoluir pouco com América Latina

Quando os Estados Unidos anunciaram no ano passado que sediariam a Cúpula das Américas de 2022, as autoridades tinham grandes esperanças de que o evento ajudasse a reparar danos da era Donald Trump, além de reafirmar a influência dos Estados Unidos.

Mas o presidente dos EUA, Joe Biden, enfrenta uma luta para fazer que a cúpula, atormentada por problemas antes mesmo de começar, seja um sucesso.

A discordância ideológica sobre quem convidar, o ceticismo sobre o compromisso dos EUA com a América Latina e as baixas expectativas de grandes acordos sobre questões como migração e cooperação econômica já mancharam o evento, dizem analistas.

A maioria dos líderes regionais sinalizou que comparecerá, mas a reação sugere que muitos países latino-americanos não estão mais dispostos a seguir a liderança de Washington tão inquestionavelmente quanto no passado.

Com Biden pressionado pelo número recorde de migrantes na fronteira sul, espera-se que ele busque compromissos para conter esses fluxos, especialmente do México e da América Central. Assessores de Biden dizem estar trabalhando em uma declaração de migração "ambiciosa". Mas um grande avanço parece improvável.

Marcos Caramuru, ex-embaixador do Brasil na China e na Malásia, disse não esperar que a cúpula produza grande melhora nas relações diplomáticas, argumentando que a América Latina simplesmente não importa tanto quanto a Ásia para Washington.