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Boris Johnson renuncia, e Reino Unido terá um novo primeiro-ministro

Do UOL*, em São Paulo

07/07/2022 07h36Atualizada em 07/07/2022 10h17

O primeiro-ministro britânico Boris Johnson anunciou hoje sua renúncia à liderança do Partido Conservador, o que abre o caminho para que o partido faça uma eleição interna para escolher um novo líder e, consequentemente, um novo primeiro-ministro.

Johnson permanecerá no cargo até a escolha do novo premiê.

Está clara agora a vontade do partido conservador para que haja um novo líder desse partido e, portanto, um novo primeiro-ministro.
Boris Johnson, em discurso de renúncia

"Eu concordei com Sir Graham Brady, líder dos parlamentares, que o processo de escolha desse novo líder deveria começar agora, e o cronograma será anunciado na próxima semana", disse. "E hoje eu nomeei um Gabinete para servir, como farei, até que um novo líder esteja no lugar."

"Novo líder, eu te darei o maior apoio que conseguir. E ao Parlamento britânico, eu sei que haverá muitas pessoas aliviadas e outras desapontadas. Quero que vocês saibam o quanto estou triste de desistir do melhor trabalho do mundo.

Escalada da crise

A renúncia ocorre após uma intensa crise no governo que fez com que mais de 50 membros, entre ministros, secretários e auxiliares, deixassem seus postos alegando "falta de confiança" em sua gestão.

A crise foi desencadeada após Boris apresentar desculpas pela enésima vez, ao admitir que cometeu um "erro" por ter nomeado Chris Pincher para um cargo parlamentar importante, um conservador que renunciou na semana passada e reconheceu ter apalpado, quando estava embriagado, dois homens, incluindo um deputado, em um clube privado do centro de Londres.

Depois de afirmar o contrário em um primeiro momento, o governo britânico reconheceu na terça-feira que o primeiro-ministro havia sido informado em 2019 sobre acusações anteriores contra Pincher, mas havia "esquecido".

Perante o Parlamento, Boris disse ontem que não pretendia renunciar ao cargo. "É exatamente o momento em que se espera que um governo continue com seu trabalho, não que renuncie", afirmou ao citar momentos difíceis na economia e a guerra na Ucrânia.

Boris sobreviveu ao voto de desconfiança movido pelo partido no mês passado em decorrência do processo do "partygate", que avaliou festas em Downing Street, sede do poder britânico, durante o lockdown nacional pela Covid-19. Por isso, Boris Johnson estava imune a um novo voto de desconfiança por mais um ano. Mas essa garantia não foi o suficiente.

Os cotados para substituir Boris

Vários nomes, sem um claro favorito, circulam para suceder o primeiro-ministro britânico Boris Johnson como líder do Partido Conservador, após sua renúncia nesta quinta-feira.

  • Ben Wallace: o ministro da Defesa, de 52 anos, tem boa popularidade após a ajuda à Ucrânia devido à invasão russa;
  • Penny Mordaunt: a ex-ministra da Defesa e atual secretária de Estado do Comércio Exterior, de 49 anos, foi uma das figuras da campanha a favor do Brexit em 2016 e, desde então, trabalha nas negociações de acordos comerciais para o Reino Unido;
  • Rishi Sunak: o ex-ministro das Finanças Rishi Sunak, o primeiro hindu a ocupar o cargo, foi um dos dois ministros de grande destaque que pediu demissão na terça-feira e iniciou a crise política;
  • Jeremy Hunt: o ex-ministro de Relações Exteriores e Saúde Jeremy Hunt, de 55 anos, perdeu para Boris Johnson a liderança conservadora de 2019, quando se apresentou como a alternativa "séria";
  • Liz Truss: muito crítica aos movimentos de protesto "woke", a ministra das Relações Exteriores tornou-se muito popular nas bases do Partido Conservador;
  • Sajid Javid: o ex-ministro da Saúde foi um dos grandes nomes do governo e do Partido Conservador que renunciou na terça-feira em protesto contra o primeiro-ministro;
  • Priti Patel: a ministra do Interior, de 50 anos, é a mais conservadora dos ministras de Johnson. Firme defensora do Brexit, ela também votou contra o casamento entre pessoas do mesmo sexo.

*Em atualização; com AFP