Com foto inédita, oposição argentina se une para exigir votação eletrônica

Carlos E. Cué

Em Buenos Aires (Argentina)

  • David Fernández/EFE

    Da esquerda para a direita, os representantes da oposição na Argentina: Margarita Stolbizer, Mauricio Macri, José Cano (candidato ao governo da província de Tucumán), Sergio Massa e Ernesto Sanz, na quarta-feira (26), em união inédita para as eleições

    Da esquerda para a direita, os representantes da oposição na Argentina: Margarita Stolbizer, Mauricio Macri, José Cano (candidato ao governo da província de Tucumán), Sergio Massa e Ernesto Sanz, na quarta-feira (26), em união inédita para as eleições

Kirchner sobre o escândalo de Tucumán: "Quando os papéis são queimados, perdem os modos. Pedimos apenas que reconheçam nossas vitórias."

O escândalo de Tucumán, onde foram queimadas mais de 40 urnas e há denúncias de fraude generalizada, conseguiu algo que parecia impossível: a união de toda a oposição argentina em uma foto inédita.

Mauricio Macri e Sergio Massa, que apesar das pressões de todo tipo, sobretudo empresariais, não conseguiram um acordo para irem juntos às eleições, foram fotografados em uma mesa com Margarita Stolbizer, outra candidata presidencial à esquerda de ambos, para protestar contra o escândalo de Tucumán e exigir do governo e do candidato governista, Daniel Scioli, que as eleições presidenciais de outubro sejam limpas e não se repitam os problemas da província do norte pobre argentino.

A soma dos votos desses três candidatos seria suficiente para ganhar claramente as eleições, por isso a fotografia é simbolicamente muito importante, embora o pacto entre eles já seja impossível e os três venham a se apresentar em separado. Esta divisão dos votos pode permitir que Scioli ganhe no primeiro turno, se superar 45%.

"Devemos ir às eleições em um contexto de tranquilidade e paz. Isto chegou a um nível que não pode continuar", explicou Macri na inédita entrevista coletiva conjunta.

Massa pediu uma reforma acelerada para que em outubro se vote de forma eletrônica, como já foi feito em Buenos Aires e em várias províncias sem que houvesse queixas. O governo rejeita essa possibilidade.

O voto no papel é muito mais problemático e gera todo tipo de truques. Stolbizer foi mais longe e apontou a necessidade de unir a oposição argentina para muitos temas, não só o eleitoral.

Algumas horas depois, a presidente Cristina Kirchner lhes respondeu com dureza, em uma possível referência à queima das urnas em Tucumán. "Os pregadores do consenso e do diálogo", disse, apontando para Macri, "quando os papéis são queimados e as urnas não lhes dão os resultados, o consenso e o diálogo vão para o inferno. Eu tenho mais educação e modos que eles, nós reconhecemos quando perdemos."

"Pedimos apenas que reconheçam nossas vitórias. Porque essa é a verdadeira democracia", insistiu a presidente, em linha semelhante à de Daniel Scioli.

Tradução: Luiz Roberto Mendes Gonçalves

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