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Receita da fumaça preta e branca do conclave é um mistério

Henry Fountain

12/03/2013 13h25

Durante o conclave papal na Capela Sistina, o progresso será medido em preto e branco --as cores da fumaça que sairá por uma chaminé de cobre no topo da capela após a votação. Mas como essas cores são criadas permanece um mistério. 

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As autoridades do Vaticano fecharam a capela na semana passada para os preparativos, incluindo a instalação da chaminé e dois fornos cinza ligados a ela pela entrada principal, cruzando a capela no lado oposto do altar. Um dos fornos, produzido em 1938 e em forma de bala, é usado para queimar as cédulas de papel. O segundo, produzido em 2005, é usado para criar a fumaça apropriada --branca se um novo papa for eleito pelos 115 cardeais, e preta se não chegarem a um consenso-- que se mistura com a fumaça das cédulas ao percorrer o cano da chaminé.

Tradicionalmente, após uma votação sem sucesso, as autoridades adicionavam palha úmida às cédulas para fazer a fumaça preta com fuligem. Mas uma confusão durante o conclave de 1958, quando ocorreram vários falsos alarmes --aparentemente porque a palha não queimava-- levou o Vaticano a encontrar um sistema mais à prova de falha usando produtos químicos. Em 2005, as autoridades começaram a usar cartuchos, incluindo um marcado como "fumo bianco" para a criação da fumaça branca anunciando a eleição de Bento 16. O cartucho produz fumaça por 6 minutos e meio.

Mesmo assim, ocorreu um pouco de confusão naquele ano sobre se era fumaça preta ou branca que estava saindo pela chaminé, e os sinos foram tocados na basílica de São Pedro para confirmar a eleição. O Vaticano tocará os sinos novamente neste ano, como reforço. Quanto aos produtos químicos contidos nos cartuchos, um porta-voz do Vaticano, o padre Thomas Rosica, disse apenas que o produto foi preparado por técnicos "a partir de vários elementos diferentes".

Ben Baxter, diretor da Pea Soup Limited, uma fornecedora de máquinas de fumaça em Ingleby Barwick, Inglaterra, disse que o principal produto químico mais provável é cloreto de potássio, que queima facilmente --basta uma pilha de 9 volts-- e produz partículas brancas enquanto queima. "Isso é o que nós vendemos em nossas pastilhas de fumaça e granadas de fumaça", ele disse. 

O cartucho preto provavelmente também usa cloreto de potássio, ele disse, juntamente com um corante para cobrir as partículas. "É mais limpo do que qualquer coisa que criaria fumaça preta antigamente", ele disse.

Baxter disse que o procedimento mais provável seria colocar um cartucho no forno mais novo, fechar a porta e então provocar sua ignição, por meio de uma corrente elétrica por um fio. Se o cano da chaminé estiver instalado de modo apropriado, nenhuma fumaça escaparia para dentro da capela para incomodar os cardeais --ou os preciosos afrescos de Michelangelo no teto.

Para as autoridades do Vaticano, será apenas uma questão de escolher o cartucho apropriado. "Vamos torcer para que alguém os tenha rotulado do modo certo", disse Baxter.

* Daniel J. Wakin, na Cidade do Vaticano, contribuiu com reportagem.