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Hillary enumerou alguns dados em seu discurso; veja se eles batem com a realidade

Aaron P. Bernstein/Getty Images/AFP
Imagem: Aaron P. Bernstein/Getty Images/AFP

Michael D. Shear e Thomas Kaplan

Na Filadélfia (EUA)

29/07/2016 12h44

Ao aceitar a nomeação a candidata presidencial de seu partido, Hillary Clinton descreveu seu amor pelas questões difíceis, dizendo simplesmente que "eu suo os detalhes das políticas".

Mas ela fez um discurso que foi notável pela ausência de fatos concretos.

Grande parte de seu pronunciamento foi uma mistura de descrições de sua criação, afirmações de suas opiniões e ataques generalizados a Donald Trump. Ela falou sobre marchar "na direção de uma união mais perfeita" e disse que Trump "não gosta de falar sobre seus planos".

Mesmo quando Hillary disse "eu adoro falar sobre os meus", deu poucos números ou afirmações concretas para se examinar. Em vez disso, ela falou em termos gerais sobre dar "matrículas grátis na universidade à classe média" e "um estímulo" às pequenas empresas.

Houve, entretanto, algumas declarações factuais que puderam ser checadas, e foi o que fizemos:

Hillary aceita nomeação e promete foco na geração de empregos

Band News

Afirmação: "Crianças como Ryan me fizeram seguir em frente quando nosso plano de atenção à saúde universal falhou, e me mantiveram trabalhando com líderes dos dois partidos para ajudar a criar o Programa de Seguro-Saúde Infantil, que cobre 8 milhões de crianças em nosso país".

Checagem: É verdade. Hillary algumas vezes reivindicou todo o crédito pelo programa. Mas ao dizer no discurso que "trabalhou com líderes de ambos os partidos para criar" o programa sua declaração se encaixa com os fatos. E o programa de seguro-saúde atualmente atende a 8,1 milhões de crianças, segundo a Medicaid.

Afirmação: "Nossa economia está muito mais forte do que quando eles chegaram ao governo. Quase 15 milhões de novos empregos no setor privado".

Checagem: É verdade. Desde o início de 2010, quando a economia parou de perder empregos todos os meses, 14,8 milhões de empregos foram oferecidos, no maior período de crescimento de empregos no setor privado da história. Os críticos dizem que o crescimento dos empregos teria sido maior se um conjunto diferente de políticas econômicas fosse implementado, mas isso é impossível de provar.

Afirmação: Hoje há "mais 20 milhões de americanos com seguro-saúde".

Checagem: É verdade de modo geral. Segundo um recente relatório do Departamento de Saúde e Serviços Humanos, cerca de 20 milhões de americanos ganharam cobertura de saúde pela Lei de Acesso à Saúde entre sua aprovação em 2010 e o início de 2016. No entanto, os críticos afirmam que a lei fez os prêmios aumentarem, às vezes drasticamente, para as pessoas que já tinham seguro-saúde.

Afirmação: Hoje há "uma indústria automobilística que acaba de ter seu melhor ano de todos os tempos".

Checagem: Isto é verdade em geral. As vendas de carros nos EUA alcançaram um novo pico em 2015, com cerca de 17,4 milhões de veículos vendidos. Isto representou um aumento de 5,8% em relação a 2014. Mas a indústria de automóveis mudou de maneira significativa. As "Três Grandes" fabricantes de Detroit tiveram uma participação de mercado muito menor que antes. A fabricação de carros também emprega menos pessoas que antes, apesar de ter havido ganhos no rastro da Grande Recessão.

Afirmação: "Mais de 90% dos ganhos foram para o 1% no topo".

Checagem: Isso depende do período analisado. De 2009 a 2012, o 1% de famílias mais ricas captaram 91% do crescimento da renda familiar real, segundo Emmanuel Saez, um economista na Universidade da Califórnia em Berkeley. Mas examinando um período mais longo a imagem parece menos enviesada: de 2009 a 2015, 52% dos ganhos em renda foram para o 1% no topo, segundo Saez.

Afirmação: "Em Atlantic City, a quase 100 km daqui, vocês encontram empreiteiras e pequenas empresas que perderam tudo porque Donald Trump se recusou a pagar suas contas".

Checagem: É verdade. Várias organizações de notícias documentaram muitos casos de empreiteiros que dizem que Trump ou sua organização se recusaram a lhes pagar por trabalho realizado, em Atlantic City e outros lugares. Trump e seus representantes dizem que se os pagamentos não foram feitos foi porque o trabalho feito não foi satisfatório.

Afirmação: "Ternos Trump no México, e não em Michigan. Móveis Trump na Turquia, e não em Ohio. Molduras Trump na Índia, e não em Wisconsin."

Checagem: Isto é em parte verdade, embora sem muito contexto. Os verificadores de fatos descobriram vários exemplos de roupas Trump como ternos, gravatas e camisas com etiquetas mostrando que foram feitas em lugares como México, Bangladesh e China.

Mas algumas têm etiquetas que dizem que foram fabricadas nos EUA, e em 2014 a associação de fabricantes de roupas e calçados relatou que 97% de todas as roupas e 98% de todos os calçados foram importados. Alguns móveis Trump são feitos na Turquia.