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Eventual governo Hillary pode ter auxílio de mais um Clinton: sua filha

28.jul.2016 - Chelsea Clinton discursa no último dia da Convenção Democrata - J. Scott Applewhite/AP
28.jul.2016 - Chelsea Clinton discursa no último dia da Convenção Democrata Imagem: J. Scott Applewhite/AP

Matt Flegenheimer e Patrick Healy

Na Filadélfia

31/07/2016 06h00

Bill Clinton não sabe diferenciar estampas de porcelanas. Amigos seus dizem que ele provavelmente não se dedicará à poda da árvore de Natal da Casa Branca. E embora ele ainda seja bom em conversas triviais quando necessário, feliz de falar sobre esportes e ciência até o último convidado, as funções cerimoniais convencionais de um cônjuge presidencial não são muito atraentes.

Com isso em mente, antigos aliados da família gravitaram para uma típica solução clintoniana caso o ex-presidente se veja como marido da presidente em 2017: talvez a “primeira-filha” possa ajudar.

Assim como ela assumiu um papel importante na fundação de seu pai e se tornou a chefe substituta de campanha para sua mãe, Chelsea Clinton, 36, está disposta a assumir novas responsabilidades caso seus pais precisem dela se voltarem à Casa Branca, de acordo com amigos da ex-primeira-filha.

Como terceira sócia no negócio da família especializada em ser Clintons, a ligação de Chelsea Clinton com seus pais, tão familiar para os americanos desde sua adolescência nos anos 1990, esteve em evidência mais uma vez na quinta-feira.

Uma semana depois de Ivanka Trump servir de principal testemunha do caráter de seu pai na convenção republicana em Cleveland, Chelsea apresentou sua mãe na convenção dentro do Wells Fargo Center, elogiando a compaixão e o toque materno de Hillary Clinton.

“Aquele sentimento de ser valorizado e amado—é isso que minha mãe quer para cada criança”, ela disse à plateia. “É a vocação da vida dela.”

20.fev.2016 - A pré-candidata democrata à presidência dos EUA Hillary Clinton e sua filha Chelsea Clinton (à esq.) aplaudem o ex-presidente dos EUA Bill Clinton durante evento de campanha em Las Vegas. Na madrugada neste sábado será realizado no Estado de Nevada, onde fica a capital das apostas, o Caucus democrata - uma das formas de votação para eleger qual dos pré-candidatos irá disputar a Casa Branca - Mike Nelson/EPA/Efe - Mike Nelson/EPA/Efe
Chelsea, Hillary e Bill Clinton em evento de campanha da então pré-candidata democrata
Imagem: Mike Nelson/EPA/Efe

A histórica nomeação de Hillary Clinton já bagunçou a ordem política estabelecida da família, obrigando Bill Clinton a dar na noite de terça-feira sua própria versão de um tradicional discurso de primeiro-cônjuge—um ex-presidente deleitando-se na humanização do retrato, ainda que retocado, de uma parceira e mãe.

Conselheiros de Hillary dizem que a influência e o envolvimento de Chelsea em uma possível administração não foram muito considerados. Mas eles também dizem que é provável que ela dê alguma assistência em grandes datas e eventos, pelo menos por telefone e e-mail, e que ela ajude seu pai com parte das funções tradicionais de um cônjuge presidencial.

“Ela tem uma ligação profunda com eles e sabe que pode ser de grande ajuda caso eles voltem à Casa Branca”, disse Thomas F. (Mack) McLarty 3º, um amigo próximo dos Clintons e ex-chefe de gabinete de Bill Clinton.

“Chelsea é tão independente, além de ter dois filhos pequenos, que não a vejo bancando a secretária de eventos sociais da Casa Branca. Mas acredito que ela vá ter um papel ajudando seu pai e sua mãe na administração do dia a dia na Casa Branca.”

Considerando que o papel do cônjuge muitas vezes consiste no que a pessoa faz dele, Bill Clinton tem certa liberdade para repensar a função, e Hillary Clinton assinalou que gostaria que ele tivesse um papel político.

Mas os Clintons também se preocupam em não fazer pouco caso da influência que as primeiras-damas tiveram, e conselheiros do casal dizem que os três Clintons, como uma família, discutirão formas de executar esse papel.

Mas qualquer sugestão de que talvez se possa contar com Chelsea Clinton para executar tarefas tradicionais de primeiras-damas tem o potencial de causar irritações, provocando preocupações sobre uma visão excessivamente baseada em gênero dos papéis da família presidencial.

E tal papel pode parecer incongruente com seus diplomas de Oxford e de Columbia e com sua carreira em consultoria de negócios e gestão de associações sem fins lucrativos.

Mas amigos de Chelsea Clinton dizem que ela nunca ficaria ofendida se seus pais lhe pedissem por ajuda. Afinal, sua mãe foi destaque na Escola de Direito de Yale e uma bem-sucedida advogada quando assumiu o papel de primeira-dama nos anos 1990.

16.jun.1999 - Hillary, Bill e Chelsea Clinton e a ex-secretária de Estado dos EUA Madeleine Albright antes de ambarcar no avião Air Force One, quando Bill era presidente, em 1999 - Greg Gibson/AP - Greg Gibson/AP
Hillary, Bill e Chelsea Clinton com ex-secretária de Estado dos EUA Madeleine Albright em 1999
Imagem: Greg Gibson/AP

Na noite de terça-feira, sentada em um camarote ao lado de seu marido desde 2010, Marc Mezvinsky, e da senadora Elizabeth Warren, Chelsea Clinton demonstrou emoção durante todo o discurso de seu pai.

Ele relembrou a noite de seu nascimento, a vez em que assistiram a uma maratona de “Loucademia de Polícia” juntos, o dia em que ele a deixou na faculdade (Stanford) enquanto Hillary Clinton forrava uma gaveta com papel.

Na quarta-feira, a Clinton mais nova falou sobre direitos gays e da mobilização de eleitores em um almoço para a Human Rights Campaign, sendo aplaudida em pé por duas vezes e ‘dizendo à plateia que se esforçou a semana inteira para conter as lágrimas.

Um dos presentes, John Klenert, disse que viu Chelsea Clinton crescer. Ele disse que “sentia pena dela” quando ela era mais jovem, e agora estava maravilhado com sua evolução.

E se irritou, espontaneamente, com resmungos de pessoas sugerindo que Chelsea Clinton deveria ajudar sua mãe em assuntos sociais.

“É um insulto”, ele disse. “Se e quando Hillary estiver na Casa Branca, ela pode contratar alguém.”

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