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Após 24 anos, teste de DNA leva estuprador à prisão nos EUA

ROBERT PRATTA/REUTERS
Imagem: ROBERT PRATTA/REUTERS

James C. McKinley Jr.

Em Nova York (EUA)

05/05/2017 16h19

Era um daqueles crimes terríveis e não solucionados que parecem assombrar muitos bairros em Nova York: em fevereiro de 1993, um homem com uma faca abduziu uma menina de 11 anos em um corredor de um prédio de apartamentos, no setor Hamilton Heights de Manhattan, a levou à força à laje de cobertura e a violentou.

A menina foi levada ao Columbia Presbyterian Medical Center, onde enfermeiras coletaram evidência física em seu corpo, mas ninguém foi preso. O DNA de seu agressor só viria a ser testado em 2002, quando a cidade deu início a um projeto para reduzir o acúmulo de kits de evidência de estupro.

Quando a evidência foi processada, os investigadores não encontraram um resultado compatível no banco de dados de perfis genéticos mantido pelo FBI (Birô Federal de Investigação, a polícia federal americana). Em 2003, com o crime prestes a prescrever, os promotores de Manhattan indiciaram um "John Doe" (semelhante a 'Fulano de Tal') usando o perfil de DNA do homem não identificado.

Na última quinta-feira, os promotores do gabinete de Manhattan, do promotor público Cyrus R. Vance Jr., disseram que finalmente identificaram o homem que, com uma faca, atacou a menina 24 anos atrás.

O suspeito, William Dixon, um homem alto e barrigudo de 58 anos do Bronx, com cabelo e barba grisalhos, foi apresentado à ministra Melissa Jackson, da Suprema Corte estadual em Manhattan, e formalmente indiciado por sodomia em primeiro grau no ataque, que ocorreu às 11h45 da manhã de 17 de fevereiro de 1993, em uma laje de cobertura próxima da Rua 152 com a Avenida Saint Nicholas. Ele se declarou inocente.

O avanço no caso ocorreu em janeiro, quando Dixon se declarou culpado pelo estupro de uma menina de 12 anos no Bronx, segundo Martha Bashford, chefe da unidade de crimes sexuais do Gabinete da Promotoria do Distrito de Manhattan. O perfil genético de Dixon adicionado ao banco de dados do FBI apontou para o perfil do estuprador no caso não resolvido de 1993.

A prisão foi o mais recente esforço de Vance no uso de DNA para solução de casos arquivados, certos homicídios e crimes sexuais. A abordagem levou à condenação no ano passado de Joseph Giardala, pelo estupro em 1995 de uma mulher que estava voltando do cinema para casa em Manhattan.

"Em um caso após o outro, Nova York continua colhendo os frutos do esforço inovador da cidade em testar os kits de estupro acumulados no início dos anos 2000", disse Vance em uma declaração.

Vance pressionou por anos pela ampliação do banco de dados estadual de DNA de Nova York para forçar todos os condenados a submeterem amostras, uma exigência que o Legislativo aprovou como lei em 2012.

Mais recentemente, Vance usou US$ 38 milhões da receita de confiscos civis para o pagamento dos testes de 56 mil kits por todo o país, um projeto que ele previu na quinta-feira que "resultará em justiça para as vítimas e proporcionará um desfecho para os sobreviventes por várias décadas".

Os promotores não identificaram a vítima do caso de 1993, que atualmente está na faixa dos 30 anos.

O advogado de Dixon, Michael Mandel, disse no tribunal que pedirá que um especialista em DNA examine a validade da evidência contra seu cliente, já que a amostra esteve armazenada por muito tempo antes de ser testada. "É um puro caso de DNA", ele disse.

Dixon foi preso em novembro e acusado de ter feito sexo com uma menina de 12 anos no corredor de um prédio de apartamentos no bairro de Fordham. Ele se declarou culpado de estupro em segundo grau e concordou em cumprir uma pena de três anos de prisão em um acordo com os promotores, disseram agentes da lei.

Ele já foi condenado anteriormente por sodomia em um ataque a uma menina de 8 anos em 1984, disse Bashford. Documentos mostram que ele cumpriu quatro anos de prisão e obteve liberdade condicional em maio de 1989.