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Praticar ioga com gatos? Sim, é possível e relaxante

Gato anda entre os alunos em sala de aula do Meow Parlour, em Nova York - VINCENT TULLO/NYT
Gato anda entre os alunos em sala de aula do Meow Parlour, em Nova York Imagem: VINCENT TULLO/NYT

Jennifer A. Kingson

18/06/2017 04h00

Eles miam. Eles atacam rabos-de-cavalo. Eles saem correndo pela sala perseguindo coisas que só eles enxergam.

Mas, mesmo assim, os gatos são uma presença curiosamente relaxante durante aulas de ioga.

“Ioga tem tudo a ver com estar no presente”, e os gatos estão no presente “o tempo todo”, diz Amy Apgar, uma das duas instrutoras da Meow Parlour, um abrigo de felinos e café em Lower Manhattan que, assim como um número cada vez maior de lugares em todo o país, oferece aulas de ioga com gatos.

As sessões de ioga são em parte só por diversão, mas elas também atraem pessoas que podem querer adotar um bichinho. (Os gatos no local tendem a estar disponíveis.)

Outras aulas de ioga inspiradas em animais incluem a “doga” (ioga com cães), ioga com cabras e ioga com coelhos. Mas a ioga com gatos ganhou um pequeno número de adeptos fanáticos.

A Meow Parlour, que cobra US$6 (R$20) por meia hora de uso no café e de US$20 a US$22 (R$65 a R$72) por uma aula de ioga, costuma atender a pedidos de turistas que querem marcar uma aula durante suas visitas a Nova York.

No abrigo de gatos Good Mews, em Marietta, na Geórgia —uma instalação de 510 m2 com um número constante de mais ou menos 100 gatos—, visitantes assíduos são comuns nas aulas mensais de ioga. “Temos espaço para 15 pessoas, e só tiramos os móveis dos gatos e outras coisas do caminho”, diz Nancy Riley, a coordenadora de marketing que trabalha voluntariamente para o abrigo. “Na hora os gatos sobem nos tapetinhos”.

Amy Apgar, instrutora de ioga do Meow Parlour, brinca com gato antes da aula começar - VINCENT TULLO/NYT - VINCENT TULLO/NYT
Amy Apgar, instrutora de ioga do Meow Parlour, brinca com gato antes da aula começar
Imagem: VINCENT TULLO/NYT

Pelo menos 40 gatos passeiam pela aula de ioga, diz Riley, enquanto outros se sentam em postinhos e ficam observando. “Às vezes um deles escolhe uma determinada pessoa e fica com ela durante a aula inteira”, ela diz. “E alguns são os super-sociáveis que se entrosam com todos os alunos”.

Durante o savasana, a postura de relaxamento final de uma aula de ioga, “geralmente pelo menos metade das pessoas acaba com um gato adormecido sobre o peito. É encantador”, diz Riley.

Para Megan O’Boyle, uma assistente social de 30 anos que se mudou de sua Wisconsin natal para Nova York para uma pós-graduação, a ioga com gatos é só uma forma de passar tempo com animais, algo que ela tinha em casa e de que sente saudades. “Preciso de um tempo com animais”, diz ela, que vive na cidade com uma colega. “Às vezes vou ao espaço para cães no parque”. O’Boyle diz que cresceu com gatos e que às vezes pratica ioga.

Sua colega de casa, Anna Ginzburg, que tem 28 anos e trabalha no mercado financeiro, também fez a aula. Embora os cerca de dez gatos não estivessem especialmente carinhosos na noite em que ela foi (na ioga com gatos, não há nada garantido), um deles, um gato de 10 kg chamado Freddie Mercury, marcou sua presença ao miar mais alto que a voz da instrutora, que por vezes teve de conter o riso.

“É muito bom para aliviar o estresse”, diz Ginzburg. “Quero voltar outras vezes”.

Os participantes da aula de ioga são avisados para não trazerem seus próprios tapetinhos, que provavelmente serão arranhados.

“Nenhuma aula é igual à outra”, diz Emilie Legrand, coproprietária da Meow Parlour e de uma padaria afiliada, a Macaron Parlour, ambas no Lower East Side. “Depende do grupo de gatos e do momento do dia”. As aulas da tarde tendem a ser mais relaxadas, ela diz, porque os gatos estão sonolentos e só observam, ao passo que as aulas noturnas, quando os gatos estão na expectativa do jantar, tendem a ser mais animadas.

No KitTea Cat Café em San Francisco, a aula Cats on Mats (gatos nos tapetinhos, em tradução livre) acontece toda quarta-feira à noite e custa US$30 (R$98) por pessoa. Normalmente há pelo menos doze gatos, mas espaço para somente oito iogues.

“Nossos instrutores de ioga sempre incorporam a espontaneidade e a imprevisibilidade dos próprios gatos”, diz Courtney Hatt, 31, que largou um emprego no setor de tecnologia para abrir a KitTea, que serve chá, waffles belgas, sanduíches e outros.

“Tipo, às vezes um gato vai usar a caixa de areia”.

Amy Apgar interage com um dos gatos do Meow Parlour antes da aula de ioga - VINCENT TULLO/NYT - VINCENT TULLO/NYT
Amy Apgar interage com um dos gatos do Meow Parlour antes da aula de ioga
Imagem: VINCENT TULLO/NYT

Cafés com gatos similares brotaram em todo o país nos últimos dois anos, em geral separando o espaço de interação com os animais da área de alimentação, por motivos sanitários.

A ênfase tende a ser menor na comida do que na oferta de um tempo agradável para pessoas que necessitam de uma dose felina. A participação dos gatos nas aulas de ioga varia bastante.

“Chegamos a ter gatinhos que se alongaram junto com as pessoas”, conta Hatt. “Provavelmente sem querer. Mas eles fazem muito bem a postura do cachorro olhando para baixo”.

Legrand, da Meow Parlour, diz que o elenco rotativo de gatos renova a experiência. “É divertido quando temos alguns gatos novos, e você consegue ver que é a primeira aula de ioga deles, porque eles ficam muito curiosos”, ela diz. “Os tapetinhos de ioga são como ímãs de gatos”.

Ingrid King, uma blogueira que escreve sobre gatos, pratica o reiki, uma terapia de cura que envolve a transferência de energia de uma pessoa para outra ou, no caso de King, de uma pessoa para um gato. E, embora ela mesma goste mais de Pilates, ela diz que a ioga combina com os felinos.

“A energia dos gatos é algo maravilhoso e relaxante”, diz King. “Acho que faz uma combinação perfeita com a ioga”.