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"Viúva Negra" surpreende tribunal e confessa morte de marido

Chisako Kaheni ao ser presa em 2014, em Kyoto - Kyodo News/AP
Chisako Kaheni ao ser presa em 2014, em Kyoto Imagem: Kyodo News/AP

Russell Goldman

12/07/2017 18h31

Um julgamento de assassinatos em série no Japão teve uma virada cinematográfica nesta semana depois que a acusada, chamada de "Viúva Negra" pela imprensa local, confessou no tribunal ter matado o marido por envenenamento.

O caso de Chisako Kakehi, 70, prendeu a atenção dos japoneses desde sua prisão em 2014, quando o último de seus quatro maridos, o aposentado isao Kakehi, 75, foi encontrado morto em casa em Muko, cidade próxima a Kyoto, o último de uma série de companheiros dela a morrer.

"Matei meu marido", Kakehi disse, do banco das testemunhas, na última segunda-feira (10). "Não tenho mais intenção de esconder minha culpa.

Segundo as autoridades, Isao Kakehi foi um de seis homens que morreram pouco depois de casar ou namorar com Chisako Kakehi, que já foi proprietária de um negócio de impressão de camisetas. Ela está em julgamento desde 26 de junho, acusada pela morte de Isao Kakehi e de dois outros namorados e de ter tentado matar outro homem com quem namorou.

Quando começou seu testemunho na segunda, Kakehi inicialmente disse que ficaria em silêncio, mas quando questionada pelo promotor sobre se havia envenenado Isao, ela confessou, acrescentando que "não havia erro" sobre seu papel em sua morte.

"Não ganhei nenhum dinheiro depois que me casei com ele", ela disse. "Também achei que Isao estava me discriminando em comparação com a última mulher com quem ele havia se relacionado, e fiquei com raiva", acrescentou.

Kakehi disse que usou cianeto _que acredita-se ter sido usado nas demais mortes_ com um sócio. 

Segundo seus advogados, ela tem demência e é incapaz de se lembrar com detalhes do período das mortes. 

O caso suscitou muita atenção no Japão, um país com uma das maiores expectativas de vida no mundo, onde o envelhecimento dos "baby boomers" distorceu os dados demográficos do país em relação aos mais velhos.

Todas as vítimas tinham entre 70 e 80 anos e haviam conhecido Kakehi entre 2007 e 2013. Seus outros três maridos também morreram, mas ela não foi formalmente acusada pelas mortes. 

De acordo com uma estimativa oficial, Kakehi herdou cerca de 1 bilhão de yen, ou R$ 28 milhões, dos homens.