"Gosto demais dele": o que há por trás do 'romance' entre Trump e Macron
Os dois pareciam felizes por estarem novamente juntos.
Quando o presidente Donald Trump recebeu o presidente Emmanuel Macron, da França, na Casa Branca na terça-feira (24) para a primeira visita oficial do governo Trump, sua linguagem corporal foi além dos apertos de mão respeitosos de dois líderes mundiais que se encontram para conversas de alto nível e beiraram o contato íntimo.
Houve um beijo no rosto mútuo na Sala Leste, onde Macron apertou a mão de Trump e o puxou para um abraço e um beijo rápido, enquanto Trump franziu ligeiramente os lábios e retribuiu.
"Eu gosto muito dele", explicou Trump aos repórteres e autoridades que observavam.
Mais cedo no Salão Oval, o presidente tinha delicadamente limpado o que, segundo ele, era caspa no ombro de Macron.
"Temos de deixá-lo perfeito", disse Trump, 71, sobre o presidente francês, de 40 anos. "Está perfeito."
Momentos depois, sentados lado a lado, Macron colocou a mão sobre o joelho de Trump.
Apesar de todos os desacordos e as diferenças de opinião que os presidentes expuseram em particular na terça-feira --nenhuma mais destacada que a de manter ou rasgar o acordo nuclear com o Irã--, Trump e Macron pareciam adorar a presença do outro, transbordando charme.
Estratégia diplomática?
Talvez seja uma estratégia diplomática por parte de Macron, que recebeu Trump no último verão no desfile do Dia da Bastilha em Paris. O presidente francês veio para os EUA com uma lista de desejos improvável para seu colega americano, incluindo continuar no acordo com o Irã, manter tropas americanas na Síria e isentar os países europeus das tarifas sobre aço e alumínio.
Ou talvez Trump estivesse simplesmente tentando agradar, ou dominar, seu convidado.
Seja como for, era impossível não notar o "flerte" entre os dois líderes, que se elogiaram efusivamente e enfatizaram o contato olho a olho, mesmo que não concordassem sobre todas as questões.
Trump pegou a mão de Macron quando eles foram para o Salão Oval, e não a soltou enquanto eles caminharam. Quando Trump sugeriu timidamente qual será sua decisão no mês que vem sobre o destino do acordo com o Irã --talvez só Macron tivesse uma ideia do que ele vai fazer, disse Trump, olhando para o outro--, o presidente francês piscou numa resposta silenciosa, como se compartilhasse um segredo com um confidente.
Foi um contraste marcante com a fria recepção que Trump pareceu receber de sua mulher, Melania, mais cedo no mesmo dia, enquanto esperavam a chegada dos Macrons no Gramado Sul. O presidente estendeu os dedos tentando segurar a mão de Melania, que de início não reagiu como esperado. Afinal eles ficaram de mãos dadas.
Aprofundando a amizade
Na noite de terça-feira, Trump e Macron usaram smokings e se cumprimentaram na Varanda Norte da Casa Branca com o tradicional beijo nas duas faces francês, antes de conduzirem suas mulheres para um elegante jantar oficial. Eles foram mutuamente efusivos durante os brindes no evento, em que os Trumps receberam Macron, sua mulher, Brigitte, e cerca de 120 convidados na Sala de Jantar de Estado, para uma refeição que incluiu costeletas de cordeiro e torta de nectarina.
"Que nossa amizade se torne ainda mais profunda, que nosso relacionamento seja ainda mais forte e que nossa sagrada liberdade nunca morra", disse Trump a Macron, apertando-lhe o braço depois que os dois tocaram as taças.
Macron se felicitou pela amizade improvável entre os dois, dizendo que ninguém poderia prever dois anos atrás que os dois estariam juntos na Casa Branca.
"Eu preciso conhecê-lo, você precisa me conhecer", disse o francês. "Ambos sabemos que nenhum de nós muda de ideia facilmente, mas vamos trabalhar juntos, e temos essa capacidade de nos escutar um ao outro."
O pessoal da Casa Branca tinha enchido a sala quase excessivamente, com 13 mesas, arranjo que assessores da Ala Leste descreveram como "íntimo". Talheres dourados, taças e porcelana com bordas douradas, mesas adornadas com grandes arranjos florais e velas finas.
A lista de convidados foi rigidamente controlada e submetida a deliberações internas durante semanas, a ponto de várias versões serem esboçadas, segundo uma autoridade da Casa Branca.
Alguns confidentes de Trump entraram no rol, como Rupert Murdoch, o magnata da mídia nascido na Austrália que transformou seu relacionamento com Trump da era dos tabloides em uma linha direta com o presidente; Murdoch compareceu com sua mulher, a ex-supermodelo Jerry Hall.
Membros do círculo íntimo de Trump também estavam lá: Stephen Miller, o assessor sênior para políticas que está com Trump desde o início do governo, não levou acompanhante. Mike Pompeo, o diretor da CIA e escolhido por Trump para secretário de Estado, acompanhado pela mulher, Susan, sentou-se à mesa do presidente, juntamente com Tim Cook, o executivo-chefe da Apple. E o secretário do Tesouro, Steven Munich, em quem o presidente confia desde os tempos da campanha, estava presente com sua mulher, Louise Linton.
Observadores tinham especulado sobre que membros da família teriam lugar no evento, mas, além de Melania, o casal Ivanka Trump e Jared Kushner, que são assessores na Ala Oeste, foram os únicos que participaram.
Nomes conhecidos fora da política de Washington eram poucos e distantes, mas havia dois medalhistas de ouro olímpicos: John Shuster, um praticante de curling, e Meghan Duggan, do time de hóquei feminino dos EUA. Legisladores democratas foram evitados, mas entre vários republicanos presentes estavam o presidente da Câmara, Paul Ryan, e o deputado Kevin McCarthy, da Califórnia, o líder da maioria na Câmara. Quando perguntado por repórteres se preferia se sentar mais perto de Donald ou de Melania Trump, McCarthy respondeu que esperava sentar-se ao lado de sua mulher. Nenhum ficou na mesa do presidente.
Melania Trump, que esteve junto de Brigitte Macron na maior parte do dia, passou grande parte da terça-feira meio escondida atrás de um chapéu branco de aba larga, feito sob encomenda pelo francês Hervé Pierre, um estilista que criou seu vestido da posse. Melania combinou o chapéu com um tailleur branco do estilista americano Michael Kors. Para a noite, ela escolheu um brilhante vestido de renda prateada Chanel, mas Pierre estava na lista de convidados.
Brigitte Macron usou um vestido creme e dourado Louis Vuitton. Bernard Arnault, o executivo-chefe da LVMH, a empresa matriz da marca, foi uma das 27 pessoas que o lado francês pôde convidar --14 delas membros da delegação oficial e outros 13 convidados.
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