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No Rio, pesca predatória ameaça botos-cinza na Baía de Sepetiba

Ao menos 36 botos-cinza (Sotalia guianensis) foram encontrados mortos desde o início do ano na Baía de Sepetiba - Instituto Boto Cinza
Ao menos 36 botos-cinza (Sotalia guianensis) foram encontrados mortos desde o início do ano na Baía de Sepetiba Imagem: Instituto Boto Cinza

14/07/2015 20h04

Rio - Ao menos 36 botos-cinza (Sotalia guianensis) foram encontrados mortos desde o início do ano na Baía de Sepetiba, uma média mensal seis vezes maior do que a observada há dez anos, de acordo com dados da ONG Instituto Boto Cinza. Habitat de 650 a 800 animais, a baía é o local com maior concentração no mundo de botos-cinza, espécie incluída na Lista Nacional de Espécies da Fauna Ameaçadas de Extinção. Na Baía de Guanabara, por exemplo, há registros de apenas 36 exemplares.

Não tão poluída quanto a Guanabara, a Baía de Sepetiba banha trechos da zona oeste do Rio e dos municípios de Itaguaí e Mangaratiba. Segundo Leonardo Flach, coordenador científico do Instituto Boto Cinza, os animais vêm sendo fortemente ameaçados pela pesca predatória.

"O uso de traineiras diminui drasticamente a oferta de peixes e depreda o estoque de alimentação para os botos, que também acabam ficando presos nas redes ou se chocando acidentalmente nas embarcações", afirmou.

No último dia 7, o Ministério Público Federal (MPF) no Rio expediu recomendação ao Instituto Nacional do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e à Marinha para que intensifiquem a fiscalização contra a pesca predatória na Baía de Sepetiba, tendo como alvo as embarcações traineiras clandestinas com redes mecânicas e de arrasto duplo.

"O boto-cinza é um símbolo do Rio. Já estão quase extintos na Baía de Guanabara e há um número crescente de animais sendo encontrados mortos na Baía de Sepetiba", disse o procurador da República Sergio Suiama.

O MPF recomenda que o Ibama e a Marinha fiscalizem a baía com embarcações a cada 15 dias, além de manter diariamente agentes no cais, para conferir a carga das embarcações e exigir documento que comprove a origem do pescado. Os órgãos têm 20 dias para adotarem as providências necessárias. "Não basta fiscalizar apenas no período de defeso. Há barcos clandestinos e inapropriados atuando durante todo o ano", afirmou Suiama.

Em nota, a Marinha informou que realiza fiscalizações diárias na região. O Ibama divulgou que houve neste ano a apreensão de cinco embarcações e 15 pescadores, foram encaminhados à Polícia Civil, para a abertura de inquéritos que apure as responsabilidades pela pesca predatória. Em nota, o órgão informou que promove "ações regulares de fiscalização, que são intensificadas nas épocas do defeso".