Topo

Mapa mostra que 30% da área de São Paulo é de Mata Atlântica

Imagem da avenida Ipiranga, ao lado da praça da República - Junior Lago/UOL
Imagem da avenida Ipiranga, ao lado da praça da República Imagem: Junior Lago/UOL

Em São Paulo

01/07/2016 12h19

Fragmentos de remanescentes da Mata Atlântica cobrem 30% da área da cidade de São Paulo. É o que mostra um mapeamento pioneiro, lançado na quinta-feira (30), pela Secretaria do Verde.

Além das já conhecidas grandes manchas de mata que existem nas porções sul e norte do município, ainda existem diversos pedacinhos de verde escondidos em meio ao visual cinza da cidade.

O mapa, publicado no Diário Oficial da Cidade, é o primeiro passo para a consolidação do Plano Municipal da Mata Atlântica e vai ajudar na definição de áreas prioritárias e estratégicas para conservação e recuperação. É uma exigência do Plano Diretor e atende à lei federal da Mata Atlântica. A expectativa é de que esse plano de ação esteja definido até novembro deste ano e pode levar à definição de novas unidades de conservação, criação de parques e projetos para criar conectividade entre as áreas, visto que os trechos urbanos estão, em geral, isolados.

"Com esse levantamento em mãos agora temos de fazer com que ele converse com outros planos do município, como o de habitação, que também está sendo lançado nesta quinta (30). Tem de casar com desenvolvimento urbano, com saneamento, com tratamento de resíduos. Está tudo interligado. Mas é esse mapa que vai dar o norte para podermos aliar tudo isso com a preservação", disse à reportagem o secretário do Verde, Rodrigo Ravena.

Ele afirma que se surpreendeu que os remanescentes respondam por 30% de São Paulo. "Todo mundo achava que seria menos. Mas, em geral, a gente pensa só em mata tradicional e o trabalho contabilizou outras fisionomias de Mata Atlântica." Ravena se refere aos campos de várzea, gerais e alto montanos, mais herbáceos que arbóreos, mas que também são importantes para a conservação.

Pequenos

O trabalho levantou a existência de 4.496 polígonos - o menor deles com apenas 85 metros quadrados - que, somados, têm uma área de 45.906,64 hectares. A maioria é bem pequena: 23,44% dos polígonos (1.054) têm até 0,5 hectare; 18,91% (850) têm entre 0,5 e 1 hectare e 19,04% (856) medem de 1 a 2 hectares. Somente 36 deles têm mais de cem hectares e apenas dois medem mais de 1 mil hectares - ambos estão localizados na Área de Proteção Ambiental (APA) Capivari-Monos.

É a primeira vez que fragmentos tão pequenos são contabilizados. Levantamento recente da SOS Mata Atlântica com imagens de satélite só tinha conseguido ver fragmentos com mais de 1 hectare, representando uma área de 25.797 hectares.

"São Paulo está em uma situação caótica de crescimento. O mapa vem para dar diretrizes de como crescer respeitando esses territórios. Ele vai ajudar a planejar onde pode crescer e onde tem de proteger", diz Márcia Hirota, diretora executiva da SOS Mata Atlântica. "É também um marco legal que vai servir para orientar os futuros prefeitos. Todos os candidatos têm de fazer seus planejamentos considerando esse mapeamento. É o que vai garantir que a população tenha água, mais qualidade de vida", diz.

Ela afirma que mesmo áreas tão pequenas como algumas das contabilizadas são importantes para a conservação e para o bem-estar da população. "Uma área com árvores é muito mais agradável, confortável, que uma área árida, sem verde." As informações são do jornal "O Estado de S. Paulo".