Para onde está indo o iceberg gigante que acaba de se separar da Antártida?
Já era anunciado há meses e acabou de acontecer: um iceberg gigante de quase 6 mil km² se descolou da Antártida.
Agora que o imenso bloco de gelo com uma área maior que a do Distrito Federal se separou da plataforma de gelo Larsen C, para onde ele deve ir?
O iceberg, que provavelmente será chamado de A-68, ficará à deriva no oceano, colocando os navios que passam por ali em perigo? Ou derreterá e aumentará o nível do mar?
De acordo com os pesquisadores do projeto Midas, da Universidade de Swansea (Reino Unido), que acompanha o iceberg de perto, o bloco de gelo não aumentará o nível do mar imediatamente.
No entanto, se a plataforma continuar perdendo sua área, isso pode resultar na separação de geleiras do continente rumo ao oceano, o que impactaria o nível do mar, ainda que em um índice moderado.
Enquanto o iceberg se mantiver como peça única, ou várias peças grandes, ele é menos perigoso, já que podemos vê-lo à distância. Quando se despedaçar, a situação piora, já que é difícil estimar, da superfície, quanto gelo está submerso na água.
Geórgia do Sul
Muitas vezes, pedaços grandes de gelo vão parar na plataforma de gelo superficial que cerca a ilha de Geórgia do Sul, a cerca de 1.390 km a leste-sudeste das ilhas Malvinas/Falklands.
Ao chegar ali, os icebergs liberam bilhões de toneladas de água doce no ambiente marinho local.
Segundo pesquisadores britânicos, esses pedaços gigantes de gelo têm um impacto dramático no local e podem até alterar os ciclos de alimentação dos animais que habitam a ilha.
A esta ilha, por exemplo, chegou o iceberg A-38 em 2004.
"A água doce tem um efeito mensurável na estrutura da coluna da água", disse Mark Brandon, oceanógrafo da Universidade Aberta, no Reino Unido.
"Muda as correntes na plataforma porque muda a densidade da água do mar. E também baixa a temperatura da água".
O pó e os fragmentos de pedra que o iceberg traz da Antártida atuam como nutrientes quando se derretem no oceano e aumentam a produtividade das algas e das diatomáceas na base da cadeia alimentar.
Mas, na Geórgia do Sul, esses pedaços de gelo podem ter um impacto negativo ao atuar como barreira contra o fluxo de krill, uma fonte vital de alimento para muitos animais da ilha, incluindo pinguins, focas e pássaros.
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