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Aquecimento global: 7 gráficos que mostram em que ponto estamos

As geleiras do mar Ártico diminuíram nos últimos anos - Getty Images
As geleiras do mar Ártico diminuíram nos últimos anos Imagem: Getty Images

17/01/2020 13h25

As mudanças climáticas devem causar grandes transformações em todo o mundo: o nível do mar vai subir, a produção de alimentos pode cair e algumas espécies talvez sejam extintas.

A Organização das Nações Unidas (ONU) alertou que o mundo precisa limitar o aumento da temperatura média global a menos de 1,5 °C em relação aos níveis pré-industriais.

Mas, de acordo com os cientistas, cumprir a meta de 1,5 °C exige "mudanças rápidas, de longo alcance e sem precedentes" em todos os aspectos da sociedade.

Afinal, o quão quente o mundo está e o que pode ser feito?

    1. O mundo está ficando mais quente

    O planeta está agora quase um grau mais quente do que estava antes do processo de industrialização, de acordo com a Organização Meteorológica Mundial (OMM).

    A temperatura média global nos primeiros 10 meses de 2018 ficou 0,98ºC acima dos níveis de 1850-1900, segundo cinco relatórios independentes de dados globais.

    Os 20 anos mais quentes foram registrados nos últimos 22 anos, sendo que 2015 a 2018 ocupam os quatro primeiros lugares do ranking, diz a OMM.

    Se essa tendência continuar, as temperaturas poderão subir entre 3ºC e 5ºC até 2100.

    Um grau pode não parecer muito, mas, segundo o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês), se os países não tomarem uma atitude, o mundo enfrentará mudanças catastróficas — o nível do mar vai subir, a temperatura e a acidez dos oceanos vão aumentar e a nossa capacidade de cultivar alimentos como arroz, milho e trigo estaria ameaçada.

    Os 20 anos mais quentes foram registrados nos últimos 22 anos, sendo que 2015 a 2018 ocupam os quatro primeiros lugares do ranking, diz a OMM.

    Se essa tendência continuar, as temperaturas poderão subir de 3 a 5 graus até 2100.

    Um grau pode não parecer muito, mas, segundo o IPCC, se os países não tomarem uma atitude, o mundo enfrentará mudanças catastróficas - o nível do mar vai subir, a temperatura e a acidez dos oceanos vão aumentar e a nossa capacidade de cultivar alimentos como arroz, milho e trigo estaria ameaçada.

    2. 2019 bateu todos os recordes

    Quase 400 temperaturas recordes foram registradas no Hemisfério Norte durante o verão de 2019.

    Os recordes foram alcançados em 29 países entre 1º de maio e 30 de agosto. Um terço das temperaturas mais altas de todos os tempos foi registrada na Alemanha, seguida por França e Holanda.

    Esses recordes europeus foram registrados em meio a ondas de calor em todo o continente que provocaram um aumento nas temperaturas médias em junho e julho.

    Durante o período indicado no mapa abaixo (de maio a agosto de 2019), os pontos amarelos mostram onde e quando um recorde de calor foi quebrado, o rosa indica os lugares mais quentes naquele mês, e o vermelho escuro representa os locais mais quentes desde o início dos registros.

    As temperaturas mais altas destas regiões

    Fonte: Robert A. Rohde/Berkeley Earth. Mapa criado em Carto

    3. Não estamos no caminho certo para atingir as metas de mudança climática

    Se somarmos todas as promessas para reduzir emissões de gases que provocam efeito estufa pelos países que assinaram o Acordo de Paris, o mundo ainda esquentaria em mais de 3°C até o fim deste século.

    Nos últimos três anos, climatologistas mudaram a definição do que acreditam ser o limite "seguro" da mudança climática.

    Por décadas, pesquisadores argumentaram que o aumento da temperatura global devia ser mantido abaixo de 2°C até o fim deste século para evitar consequências mais graves.

    Os países que assinaram o acordo de Paris se comprometeram a manter as temperaturas "bem abaixo dos 2°C em relação aos níveis pré-industriais e a buscar esforços para limitar o aumento da temperatura a 1,5°C".

    Mas a comunidade científica concorda agora que, na verdade, precisamos manter os aumentos de temperatura abaixo de 1,5°C.

    4. Os maiores emissores são a China e os EUA

    Os países que emitem mais gases de efeito estufa são, de longe, a China e os EUA. Juntos, eles são responsáveis por mais de 40% do total global de emissões, de acordo com dados de 2017 do Centro Comum de Pesquisa da Comissão Europeia e da Agência Holandesa de Avaliação Ambiental (PBL).

    A conduta ambiental dos EUA mudou sob o governo de Donald Trump, que adotou uma política pró-combustíveis fósseis.

    Depois de tomar posse, o presidente americano anunciou a retirada do país do Acordo de Paris.

    Na ocasião, Trump disse que queria negociar um novo acordo "justo" que não prejudicasse empresas e trabalhadores americanos.

    5. As áreas urbanas são particularmente ameaçadas

    Quase todas as cidades — 95% delas — que enfrentam riscos climáticos graves estão na África ou na Ásia, segundo um relatório da Verisk Maplecroft, consultoria de estratégia e risco.

    E o risco é maior para cidades com crescimento mais rápido, incluindo megacidades como Lagos, na Nigéria, e Kinshasa, na República Democrática do Congo.

    Cerca de 84 das 100 cidades que mais crescem no mundo enfrentam riscos "extremos" de aumento das temperaturas e de fenômenos climáticos extremos.

    6. O gelo do Ártico também está ameaçado

    A extensão do gelo do mar do Ártico diminuiu nos últimos anos. Em 2012, chegou ao nível mais baixo já registrado.

    As geleiras vêm diminuindo há décadas, com a aceleração do derretimento desde o início dos anos 2000, de acordo com o Comitê de Auditoria Ambiental do Parlamento do Reino Unido.

    O Oceano Ártico pode ficar sem gelo no verão antes de 2050, a menos que as emissões sejam reduzidas, acrescenta o comitê.

    A extensão do gelo do mar Ártico em 2019 foi a segunda menor já registrada por satélite, empatando com a de 2007 e 2016.

    7. Todo mundo pode fazer mais para ajudar

    Enquanto os governos precisam fomentar grandes mudanças, indivíduos também podem fazer sua parte.

    Os cientistas dizem que todos nós temos de adotar "mudanças rápidas, abrangentes e sem precedentes" no nosso estilo de vida, a fim de evitar danos mais severos ao clima.

    O IPCC recomenda uma redução no consumo de carne, leite, queijo e manteiga; comer mais alimentos sazonais de origem local — e desperdiçar menos; dirigir carros elétricos, mas caminhar ou pedalar distâncias curtas; pegar trens e ônibus em vez de aviões; substituir viagens de negócios por videoconferências; usar varal em vez de máquina de secar roupa; aprimorar o isolamento térmico das casas; exigir bens de consumo com baixo teor de carbono.

    Mas a maneira mais eficaz de se reduzir o próprio impacto ambiental no planeta é mudar a dieta, com menos menos carne — de acordo com estudos recentes.

    Cientistas dizem que devemos consumir menos carne por causa das emissões de carbono que essa indústria produz, entre outros impactos ambientais negativos.

    Um estudo recente publicado na revista científica Science destacou uma enorme variação no impacto ambiental na produção de um mesmo alimento.

    O gado de corte criado em terras desmatadas, por exemplo, produz 12 vezes mais emissões de gases de efeito estufa que o criado em pastagens naturais.

    Em resumo, o estudo mostra que mesmo a carne com o menor impacto ambiental ainda gera mais emissões de gases de efeito estufa do que o cultivo de hortaliças e cereais de maneira sustentável.

    Mas, além de alterar nossas dietas, a pesquisa indica ser preciso mudar radicalmente as práticas agrícolas para beneficiar o meio ambiente.

    Por Nassos Stylianou, Clara Guibourg, Daniel Dunford, Lucy Rodgers, David Brown e Paul Rincon.

    Esta reportagem foi publicada originalmente em outubro de 2019.