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Europa proibirá três pesticidas mortais para abelhas até 2014

Em Bruxelas

30/04/2013 11h07

Três inseticidas mortais para as abelhas serão proibidos na UE (União Europeia) durante dois anos a partir de julho, anunciou a Comissão Europeia após uma votação que evidenciou as fortes pressões da indústria e lobbies agrícolas.

Quinze países, entre eles a França e a Alemanha, votaram a favor da proposta de proibição apresentada pela Comissão Europeia. Oito países, entre eles Reino Unido, Itália e Hungria, votaram contra e outros quatro, entre eles a Irlanda, se abstiveram.

Concretamente a Comissão Europeia suspenderá durante dois anos a utilização de três neonicotinoides - clotianidina, imidacloprid e tiametoxam -, presentes em pesticidas fabricados em quatro tipos de cultivos: de milho, canola, girassol e algodão.

Para apresentar sua proposta, a Comissão Europeia se baseou em um relatório da Autoridade Europeia de Segurança Alimentar.

"As abelhas são vitais para o nosso ecossistema e devemos protegê-las, sobretudo porque dão uma contribuição anual de 22 bilhões de euros à agricultura europeia", declarou o comissário europeu encarregado, Tonio Borg.

As abelhas desempenham um importante papel na produção de alimentos para as pessoas, pois polinizam mais que dois terços das 100 mais importantes espécies de cultivos e executam gratuitamente um trabalho avaliado em dezenas de bilhões de euros.

Segundo agências agrícolas, elas são responsáveis por cerca de 80% da polinização feita por insetos. Sem as abelhas, muitas espécies de plantas e animais desapareceriam e os fazendeiros teriam que fertilizar seus cultivos manualmente.

De acordo com a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO, na sigla em inglês), um terço da comida que nós ingerimos depende da polinização das abelhas.

Apesar disso, o número das abelhas despencou nos últimos 15 anos devido a um preocupante fenômeno denominado Desordem do Colapso das Colônias.

A misteriosa praga, caracterizada pela perda rápida de abelhas operárias adultas, tem sido atribuída a causas diversas, como uso de pesticidas agrícolas, perda do habitat selvagem, vírus e fungos, ácaros, ou uma combinação de fatores. A desordem tem matado cerca de 30% das abelhas anualmente desde 2007.

Os grandes produtores agrícolas e as multinacionais químicas e agroalimentares tentaram bloquear esta decisão. A Copa-Cogeca, união dos grandes sindicatos agrícolas europeus, pediu o adiamento desta proibição para 2014 e insistiu nas grandes perdas financeiras e sociais que acarretará, de 2,8 bilhões de euros em perdas e o perigo de que acabem com 50 mil empregos.

As principais empresas que fabricam esses pesticidas, a alemã Bayer e a suíça Syngenta, - principalmente sob a marca Cruiser OSR -, multiplicaram as pressões para bloquear ou pelo menos limitar as consequências desta proibição. Os defensores da medida receberam positivamente a decisão feita nesta segunda-feira (29).

"A proibição de pesticidas suprime uma ameaça para as abelhas e responde a uma campanha apoiada por 2,6 milhões de pessoas", declarou Ian Keith, da organização Avaaz, que desfraldou um painel com uma abelha gigante em frente à sede da Comissão, em Bruxelas.

A rede PAN Europe (Pesticide Action Network) pediu à Comissão que vá além e proíba os pesticidas durante dez anos, e não apenas dois.