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Macacos são capazes de identificar membros da família pela fisionomia

Macaco rhesus: sistema para identificar parentes à primeira vista - Ed Jones/AP
Macaco rhesus: sistema para identificar parentes à primeira vista Imagem: Ed Jones/AP

Do UOL, em São Paulo

14/08/2014 06h00

Um macaco rhesus consegue saber se está ou não diante de um membro da família só de olhar para outro indivíduo da mesma espécie. Uma pesquisa liderada por Dana Pfefferle, da Universidade de Duke, sugere que esse reconhecimento acontece mesmo quando os macacos nunca se encontraram anteriormente.

O estudo, publicado no periódico Current Biology, foi feito com macacos que vivem soltos em Cayo Santiago, uma ilha não habitada, a cerca de um quilômetro ao sul da costa sudeste de Porto Rico. Os primatas desta região são estudados há mais de 70 anos pelo Centro de Pesquisas de Primatas Caribenhos e pela Universidade de Porto Rico.

A capacidade de reconhecimento é uma surpresa para os pesquisadores, já que os rhesus são conhecidos por sua poligamia. A fêmea costuma se relacionar com vários machos ao mesmo tempo, o que torna difícil a identificação dos pais dos seus filhotes. A prole é cuidada pela mãe e os familiares maternos, por isso não costumam ter contato com o lado paterno da família.

“Há algumas evidências que primatas não humanos podem reconhecer semelhanças faciais entre dois outros indivíduos, assim como nós. Descobrimos que eles poderiam detectar seus próprios parentes paternos, mesmo sem estar familiarizado com membros dessa parte da família”, diz Dana Pfefferle.

Para entender o que levava a esse reconhecimento, a equipe de pesquisadores realizou um experimento: cada macaco estudado foi exposto a duas fotos com dois macacos desconhecidos --um deles era um meio irmão, e o outro não tinha nenhuma relação de parentesco. Os pesquisadores detectaram que o macaco estudado passava mais tempo observando aquele que não era parente.

A explicação está no fato de que os machos se sentem ameaçados por membros desconhecidos da espécie, por isso passavam mais tempo encarando aquele que não tinha relação de parentesco. Para a pesquisadora, é incrível observar que os macacos não só conseguem reconhecer os membros da família, mas são capazes de identificá-los através das imagens mostradas.

Apesar de o estudo ter sido realizado no habitat natural dos macacos –eles geralmente são feitos em cativeiro--, os pesquisadores contam que não tiveram dificuldades em fazer as averiguações porque os animais se mostraram amigáveis à presença dos seres humanos. “Eles estavam curiosos para participar desses experimentos visuais”, afirma Dana Pfefferle.