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Metas climáticas de EUA, China e UE seriam insuficientes contra aquecimento

Em Lima

08/12/2014 17h10

Os compromissos assumidos por Estados Unidos, China e União Europeia, de reduzir nas próximas décadas suas emissões de carbono, ajudariam a diminuir em 3º C a elevação das temperaturas globais até o fim do século, algo considerado "insuficiente" para evitar os efeitos catastróficos das mudanças climáticas, segundo relatório divulgado nesta segunda-feira.

Se as metas traçadas pelos três grandes emissores de carbono do mundo - responsáveis por mais da metade das emissões de gases de efeito estufa no planeta - forem alcançadas, o resultado seria uma redução de temperatura de 0,2º C a 0,4º C até 2100, afirma o Climate Action Tracker (CAT), conglomerado de organizações que faz o acompanhamento das políticas de mudanças climáticas.

"China, Estados Unidos e União Europeia propõem ações adicionais, que se forem implementadas, reduzirão o aquecimento global projetado a 3º C, em média", disse Bill Hare, diretor-executivo do Climate Analytics e co-autor do relatório.

"É melhor do que teria sido (sem a redução das emissões), mas ainda substancialmente superior à meta de manter o aquecimento até 2º C, acordada quase universalmente", destacou.

O relatório foi lançado enquanto a ONU negocia em Lima para fazer avançar um novo pacto contra o aquecimento global.

O Climate Action Track é um conglomerado criado por quatro entidades a fim de verificar se as promessas e as ações dos governos são suficientes para alcançar a meta da ONU de limitar o aumento do aquecimento global a 2º C em relação ao período pré-industrial.

Em novembro, em acordo com os Estados Unidos, a China se comprometeu pela primeira vez a limitar suas emissões de gases de efeito estufa, que devem atingir um pico em 2030 e começar a cair.

Por outro lado, os Estados Unidos se comprometeram a cortar até 2025 suas emissões de carbono em 26-28% comparado aos níveis de 2005.

Em outubro, as 28 nações da UE concordaram em cortar pelo menos 40% de suas emissões até 2030 em relação aos níveis de 1990.

Conjuntamente, todas estas medidas determinam "um avanço importante", disse a CAT, mas são consideradas "insuficientes", ressalvou.

As políticas que os três governos pretendem implementar para atingir suas metas não refletem o que prometeram e levaria a um aumento de 3,9º C no aquecimento global até o final do século.

A CAT diz que agora outros grandes emissores de carbono, como a Índia, deveriam anunciar seus planos de redução, e adverte que, de 22 países analisados, "muitas poucas promessas são consistentes para se limitar o aquecimento global abaixo dos 2º C".

"Claramente temos muitíssimo trabalho a fazer", disse Hare.

As negociações da COP20 em Lima, até o dia 12 de dezembro, tentam avançar para um acordo - a ser aprovado no ano que vem em Paris, com entrada em vigor a partir de 2020 - para reduzir as emissões de carbono e o aquecimento global.

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